Internacional

Xi Jinping e Putin prometem união contra EUA: “amigos de aço”

08 maio 2025, 12:12 - atualizado em 08 maio 2025, 12:12
Putin
(Imagem: Sputnik/Mikhail Tereshchenko/Pool via REUTERS)

O presidente chinês, Xi Jinping, disse ao presidente russo, Vladimir Putin, que seus dois países devem ser “amigos de aço”, nesta quinta-feira (8), quando se comprometeram a elevar a cooperação a um novo patamar e a combater “decisivamente” a influência dos Estados Unidos.

Em conversa no Kremlin, os dois líderes se apresentaram como defensores de uma nova ordem mundial não mais dominada pelos EUA.

Em uma longa declaração conjunta, eles disseram que aprofundarão as relações em todas as áreas, incluindo os laços militares, e “fortalecerão a coordenação para combater de forma decisiva o movimento de Washington de ‘dupla contenção’ da Rússia e da China“.

Os dois países afirmaram que o conflito na Ucrânia só pode ser resolvido com a remoção de suas “causas fundamentais” uma frase que a Rússia tem usado com frequência ao argumentar que foi forçada a entrar em guerra para evitar a perspectiva de a Ucrânia ingressar na Otan. A Ucrânia e seus aliados ocidentais dizem que esse foi um falso pretexto para o que eles chamam de invasão de estilo imperial.

Xi é o mais poderoso de mais de duas dezenas de líderes estrangeiros que estão visitando Moscou esta semana para marcar o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial uma celebração de grande importância para Putin.

A participação de Xi e a declaração conjunta que alinha a China com a visão da Rússia sobre o conflito proporcionam a Putin um importante impulso, no momento em que a Rússia está sob pressão dos Estados Unidos para pôr fim à guerra.

A Rússia diz que quer reparar as relações com Washington, que caíram para o nível mais baixo pós-Guerra Fria por causa do conflito na Ucrânia, e que vê potencial para acordos comerciais lucrativos. Mas as negociações não conseguiram produzir um cessar-fogo e o presidente Donald Trump ameaçou se afastar a menos que haja um progresso claro.

Xi, cujo país está atualmente envolvido em uma guerra tarifária lançada por Trump, afirmou que a China e a Rússia devem solidificar as bases de sua cooperação e “eliminar a interferência externa”.

Os dois países devem “ser verdadeiros amigos de aço que passaram por cem provas de fogo”, disse ele a Putin.

Em outra referência implícita aos EUA, Xi declarou que a Rússia e a China vão trabalhar juntas para combater “unilateralismo e intimidação”.

Xi e Putin se reuniram dezenas de vezes e assinaram uma parceria estratégica “sem limites” em fevereiro de 2022, menos de três semanas antes de Putin enviar seus soldados para a Ucrânia. A China é o maior parceiro comercial da Rússia e deu a Moscou um auxílio econômico que a ajudou a contornar as sanções ocidentais.

Putin disse que os dois líderes supervisionariam pessoalmente todos os principais elementos do relacionamento, visando um aumento substancial do comércio e dos investimentos até 2030.

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Convidado poderoso

Internamente, o aniversário da Segunda Guerra Mundial oferece a Putin a chance de reunir os russos em memória de um feito histórico que é fundamental para a identidade nacional do país. A União Soviética perdeu 27 milhões de pessoas na guerra, incluindo muitos milhões na Ucrânia, que também foi devastada.

No discurso de abertura, após cumprimentar Xi em um dos salões mais opulentos do Kremlin, Putin agradeceu a ele por ter vindo a Moscou para marcar os 80 anos da vitória “sagrada” sobre Adolf Hitler.

“A vitória sobre o fascismo, alcançada à custa de enormes sacrifícios, tem um significado duradouro”, disse Putin.

“Juntamente com nossos amigos chineses, defendemos firmemente a verdade histórica, protegemos a memória dos eventos dos anos de guerra e combatemos as manifestações modernas de neonazismo e militarismo.”

Putin retrata sua guerra na Ucrânia como uma luta contra os nazistas modernos desde o início. A Ucrânia e seus aliados rejeitam essa caracterização como uma falsidade grotesca.

Em sua declaração conjunta, os dois países disseram que alguns países estavam tentando “revisar os resultados” da Segunda Guerra Mundial. Eles se descreveram como os “principais Estados vitoriosos” naquele conflito, deixando de mencionar o papel de Estados Unidos, Reino Unido e muitos outros países.

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reuters@moneytimes.com.br