XP corta projeção do PIB de 2025 em meio ao tarifaço dos EUA e enfraquecimento do crédito

A XP Investimentos revisou para baixo sua projeção de crescimento da atividade econômica brasileira em 2025, de 2,5% para 2,2%. Trata-se da primeira revisão negativa feita pela casa para o Produto Interno Bruto (PIB) desde o início de 2022.
Segundo o economista Rodolfo Margato, os dados de atividade divulgados nas últimas semanas vieram abaixo do esperado. Com isso, a estimativa agora é de que o PIB avance 0,3% no segundo trimestre, ante os 0,5% previstos anteriormente.
As tarifas impostas pelos Estados Unidos (EUA) às exportações brasileiras também devem gerar algum impacto negativo sobre a atividade no curto prazo, ainda que de forma modesta.
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“Calculamos efeito líquido de até 0,15 ponto percentual, o que já considera a lista de exceções apresentada e o redirecionamento de parte das exportações para outros mercados”, diz Margato.
Além disso, o economista observa que os setores mais sensíveis ao ciclo econômico vêm desacelerando, em meio ao aperto das condições de crédito.
O enfraquecimento do crédito continuou em junho, com destaque para o segmento de empresas. Spreads, taxas de juros e inadimplência seguem em alta, refletindo os efeitos da política monetária contracionista. Da mesma forma, o nível de endividamento e o comprometimento de renda das famílias estão próximos das máximas históricas.
As atividades mais expostas ao ciclo econômico também vêm apresentando desempenho mais fraco desde o início do ano. A produção da indústria de transformação, as vendas no comércio varejista e o faturamento do setor de serviços mostram menor dinamismo em relação a 2024.
Apesar disso, Margato ressalta que o mercado de trabalho permanece aquecido: a taxa de desemprego renovou sua mínima histórica e os rendimentos reais aumentaram pelo nono mês consecutivo. “A massa de renda real do trabalho deve crescer aproximadamente 5,0% em 2025, acima da nossa expectativa inicial de 3,5%”, afirma.
As transferências fiscais também seguem elevadas, com destaque para os pagamentos de precatórios realizados no trimestre corrente.
“Esses fatores devem impedir uma reversão acentuada da atividade econômica geral”, afirma.
PIB de 2026
Para 2026, a XP manteve a projeção de crescimento do PIB em 1,7%. O efeito de carrego estatístico para o próximo ano deve ser próximo de zero — 0,3 ponto percentual.
Além disso, Margato projeta uma flexibilização gradual da política monetária, mas a taxa Selic terminal deve ainda permanecer em patamar restritivo.
Por outro lado, a renda disponível deve seguir em trajetória de alta, impulsionada, entre outros fatores, pela isenção de Imposto de Renda para trabalhadores com renda mensal de até R$ 5 mil.
Além disso, novas medidas de estímulo fiscal e parafiscal no contexto das eleições gerais de 2026 não estão descartadas.