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XP (XPBR31) em queda livre: Ação derrete 10% após resultados; o que o mercado não gostou?

04 maio 2022, 13:41 - atualizado em 08 maio 2022, 15:37
XP Investimentos
XP divulgou os resultados do primeiro trimestre com queda em algumas linhas que preocuparam os mercados (Imagem: Reprodução/ Facebook da XP)

As ações da XP (XP) viraram um foguete (invertido) na sessão desta quarta-feira (4) após divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2022.

Por volta das 13h14, os papéis da corretora negociados na Nasdaq caiam 9,92%, a US$ 21,25. Mais cedo, a ação chegou a tombar 17%, o pior patamar desde o pico da Covid. Os BDRs também derretiam 8,64%, a R$ 106.

Mas qual o motivo de tanto pessimismo se a empresa terminou o período com lucro 17% maior? O problema, segundo analistas, foram outras linhas do balanço que indicam tempos difíceis para a companhia.

Mesmo o lucro de R$ 987 milhões não foi tão forte, praticamente em linha com a estimativa e abaixo do consenso.

O BTG, em relatório enviado a clientes, lembra que o resultado foi fortemente ajudado por taxas de impostos baixas e receitas institucionais “anormalmente fortes”, que podem não se repetir nos próximos trimestres.

Agora, o que, de fato, deve demorar a ir embora é a situação macroeconômica ruim e a elevação dos juros, que espanta investidores de renda variável.

De acordo com o UBS, o principal motivo para a queda das ações foi a taxa de take (a porcentagem de quanto se ganha sobre cada transação), que se mostrou resiliente nos últimos trimestres mas agora teve uma contração sequencial significativa no primeiro trimestre.

Queda do varejo da XP

Outro aspecto que pegou o mercado de surpresa foi a receita com varejo, que caiu 11% no trimestre, mas teve alta de 16% no ano.

“A administração afirmou durante a teleconferência que o rendimento da receita de varejo deve melhorar no segundo trimestre, já que as rotações de março já foram 40% melhores que a média de janeiro/fevereiro. No entanto, é justo dizer que os resultados do primeiro trimestre representam riscos negativos para nós”, argumenta o BTG Pactual.

Já as receitas de serviços de emissores tombou 25% no trimestre e 26% no ano, pressionadas por uma indústria de mercado de capitais mais fraca, especialmente nos primeiros dois meses do ano, refletindo uma
conjuntura muito desafiadora com um novo pico da Covid no Brasil e o conflito russo-ucraniano.

Como resultado, o yield da receita de varejo ficou 20 pontos-base (bps) abaixo das estimativas do BTG, em 1,14%.

Na opinião do Credit Suisse, as receitas de serviços de varejo e emissor foram afetadas pela distribuição e originação muito menores de instrumentos de mercado de capitais no trimestre (especialmente instrumentos de renda fixa), conforme sugerido pelos dados de mercado de capitais da ANBIMA.

O UBS também destaca as despesas operacionais e com pessoal, que aumentaram 34% no ano principalmente devido ao maior número de funcionários (aumento de 60%).

Isso, segundo o banco, pressionou a margem Ebitda, que caiu para 38,2%.

Por outro lado, a receita com investidores institucionais cresceu positivamente, registrando altos volumes e receitas de R$ 548 milhões.

O que fazer com o papel agora?

O mercado continua cético em relação ao papel. Por outro lado, a ação acumule queda de 19% no ano, analistas alertam para o fato de que o pior não passou.

“Embora vejamos as ações sendo negociadas a um atraente 18x GAAP atrás de 2021, acreditamos que resultados do primeiro trimestre mais fracos do que o esperado e um balanço ainda muito grande devem manter as ações sob pressão”, colocam.

Para o UBS, as possíveis vendas da participação da XP pelo o Itaú (ITUB4) e a Itaúsa (ITSA4) devem continuar pressionando o preço das ações.

O Credit Suisse lembra que a contenção de custos ajudou a evitar uma falha maior no nível de Ebitda. “Mas questionamos até que ponto isso pode comprometer o crescimento futuro”, completa.

Apesar do destaque da administração durante o call de março ter sido substancialmente melhor do que a receita líquida média em janeiro/fevereiro, acreditamos que o cenário continua desafiador”, coloca.

Tanto o BTG quanto o Credit Suisse e o UBS tem recomendação neutra para a ação.

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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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