Agronegócio

Yakult e outros podem ganhar até R$ 17 mil por boi wagyu top

14 ago 2019, 15:54 - atualizado em 15 ago 2019, 7:19
(Imagem: Pixabay)

Sabe aquele boi japonês, que não tem nada de muito vistoso como algumas raças zebuínas, mas é o mais caro do mundo? Quem quiser um para chamar de seu e enfiá-lo numa criação pode desembolsar até R$ 20 mil. E se for boi criado para abate, por R$ 17 mil, no topo da tabela de classificação, se começa a conversar.

O wagyu – que não é mentira dizer que no Japão ele é até massageado e criado ouvindo música clássica nos estábulos – já compõe uma pequena franja do rebanho bovino brasileiro de carne gourmet, considerando seu alto padrão de marmoreio (gordura entremeada na carne, porém insaturada).

A Yakult, cuja marca virou sinônimo de leitinho fermentado, foi a pioneira nesse mercado, que deu o start para um rebanho PO (puro de origem) de 6 mil cabeças no Brasil.

“Estamos crescendo, mas a soma de tudo que é abatido não alcança a demanda só de São Paulo, daí que há importação de carne do Uruguai, Austrália e Japão”, informa Eliel Marcos Palamim, veterinário e diretor técnico responsável pelos protocolos de certificação da carne pela Associação Brasileira dos Criadores das Raças Wagyu (ABCRW).

Explicação: wagyu em tradução livre é “gado japonês”, portanto as raças wagyu são formadas por quatro bovinos nativos do arquipélego, entre os quais o mais nobre japanese black.

Mas considerando o wagyu como um todo, ou Kobe beef, como também é chamado, Palamim conta que os produtores trabalham diretamente com restaurantes e butiques de carne. Se um animal na classificação japonesa número 12 de marmoreio conseguiu R$ 17 mil, com 26 meses e média de 700 kg, na cotação de hoje, o varejo de nicho e os restaurantes conseguem até 40% a mais.

Traduzindo melhor, segundo os especialista que acompanha todo o processo dos associados da ABCRW, na escala inferior, a @ começa em R$ 180,00 (quase R$ 18,00 superior ao boi Europa mais cota Hilton), e na máxima (a 12) a R$ 430,00. A associação inspeciona o nível de marmoreio para emissão da certificação correspondente, além de outros parâmetros seguidos pela equipe de Eliel Palamim.

Barato não sai para deixar esse animal no ponto para depois ser apreciado com a carne bovina mais saborosa do mundo, segundo seus defensores. “Praticamente só confinado (somente pouca horas de pastos diariamente), com ração balanceada”, mais cuidadores treinados para um animal muito suscetível aos trópicos, de acordo com ele o custo de manejo é de R$ 7 mil por cabeça, variando segundo a localização do criatório e a disponibilidade de matéria-prima.

Além da criação puro sangue, com 50 produtores na ABCRW, com criadores atuando com gado para abate e na genética, o mercado se expande para o cruzamento industrial: é o cruzamento com doadoras nelore ou já cruzadas também com o angus. Parêntese: uma doadora wagyu pode valer até R$ 25 mil, acima dos touros.

Já seriam 30 mil cruzados com wagyu confinados atualmente.

De acordo com a associação dos criadores, os compradores e aqueles que começam a analisar o negócio seguem sendo quem já está no ramo da pecuária, segundo o veterinário. Ou seja, os entrantes do negócio são pecuaristas de quatro costados.

Esse mercado de nicho do nicho cresce e um dos termômetros são os leilões, em maior número, quando a média aferida por animal em 2019 está em R$ 16 mil, pouco abaixo dos negócios nas fazendas.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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