Yduqs (YDUQ3): Para vice-presidente, “ganhar escala em medicina é fundamental para aumentar margens”

Em meio a uma maior competição pelas cadeiras de medicina no Brasil, Dr. Silvio Pessanha Neto, vice-presidente da Yduqs (YDUQ3) e responsável pelo braço de medicina do grupo (IDOMED), afirma que o ganho de escala em medicina é algo “essencial” para as companhias do setor. No entanto, há mais fatores em jogo ao se falar em expansão.
“Isso se dá por ser um curso com alto custo de operação, que exige investimentos contínuos em infraestrutura de ponta, laboratórios, e na fase de internato, que é a mais custosa”, explica o diretor da companhia, que é dona da Estácio.
“Mas a sustentabilidade financeira de uma operação de medicina não é definida apenas pela escala, mas também por um conjunto de fatores que garantem a longevidade da receita. Para nós, é crucial ter um alto índice de renovação e uma baixa evasão, o que garante a previsibilidade da receita ao longo do ciclo de formação do aluno”, completa.
A Yduqs é hoje o terceiro maior player do Brasil quando o assunto é base de estudantes de medicina, ficando atrás apenas da Afya e da Ânima (ANIM3).
Nos últimos três anos, a empresa viu sua base no curso crescer 35,3%, chegando a 10.193 estudantes espalhados por 18 escolas de medicina.
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Yduqs em meio a aquisições e novos cursos de medicina
No fim do ano passado, a companhia anunciou a aquisição da Edufor, no Maranhão, com 118 vagas de medicina por um valor total de R$ 145 milhões. Na ocasião, cada cadeira saiu a R$ 1 milhão.
Já em agosto, a Yduqs anunciou a aquisição da Unifametro, do Ceará, por R$ 62 milhões. No preço estão cursos como odontologia e veterinária, mas há uma cláusula no contrato que leva em conta a possibilidade de o preço da aquisição sair mais caro se a Unifametro adicionar vagas de medicina no seu portfólio através do programa Mais Médicos III ou com um processo judicial. Cada cadeira, nesta negociação, acrescentaria R$ 1,5 milhão no valor final.
Desde o fim de 2023, o Ministério da Educação atrelou o padrão decisório da aprovação de novos cursos ao programa Mais Médicos. A liberação de novas faculdades passou a depender da carência de profissionais da saúde em uma região.
As companhias, para oferecerem cursos da área, precisam ter junto das instalações da faculdade hospitais com mais de 80 leitos, com potencial para se tornarem hospitais-escola, fora os atendimentos de urgência e emergência. Cada vaga, além disso, deve ter uma proporção mínima de cinco leitos do SUS.
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Gargalos
A falta de infraestrutura necessária é, atualmente, o maior gargalo que existe para a oferta de novos cursos — e também o que explica as demandas e os altos tickets.
“Embora o potencial teórico de expansão seja de aproximadamente 22.940 vagas em 439 regiões de saúde, baseado apenas na relação de leitos ativos por vagas anuais autorizadas de Medicina, na prática, o número de municípios que atendem a esses requisitos é muito menor”, comenta Pessanha.
No entanto, para ele, as barreiras regulatórias são vistas não como um impedimento, mas como um mecanismo de garantia de qualidade e de responsabilidade social.
“Com tudo isso, as margens de um curso de medicina podem não ser atrativas, principalmente no início, quando a operação está em fase de maturação e com poucas turmas. O retorno sobre o investimento e a rentabilidade se tornam exponenciais com o tempo”, explica o executivo.
Os altos investimentos necessários e os ganhos que vêm com escalas maiores são vistos por analistas como impulsos para uma consolidação no setor. A situação piora ainda mais em um período de juros mais altos.
E apesar do avanço do número de vagas ofertadas em medicina, por conta dos Mais Médicos, o vice-presidente da Yduqs enxerga que o ticket seguirá sendo alto, bem como as margens. A tradição e a reputação, segundo ele, vêm garantindo a demanda, já que candidatos e seus familiares são mais sensíveis à qualidade do que a escolha restrita à questão do valor da mensalidade.
“Na prática, mesmo em locais onde novas vagas foram autorizadas, aumentando a oferta, em casos em que os cursos existentes tenham grande reputação e tradição, a procura e relação de candidatos por vaga não apresentou alteração significativa”, diz, mencionando ainda fatores como . “A questão concorrencial se traduz em uma análise de risco e oportunidade. Não existe um preço ideal ou um padrão de mercado“, fecha.