Zelenskiy recebe plano dos EUA para acabar com a guerra na Ucrânia e espera conversas com Trump
O presidente Volodymyr Zelenskiy recebeu esboço de um plano dos Estados Unidos para acabar com a guerra na Ucrânia e espera conversar com o presidente dos EUA, Donald Trump, nos próximos dias, disse o gabinete do líder ucraniano nesta quinta-feira.
Duas fontes disseram à Reuters na quarta-feira que Washington havia sinalizado a Zelenskiy que Kiev deve aceitar a estrutura elaborada pelos EUA para acabar com a guerra de quase quatro anos, que inclui concessões territoriais e restrições às Forças Armadas da Ucrânia.
Países europeus resistem ao plano, que, segundo fontes, exigiria que Kiev cedesse mais terras e se desarmasse parcialmente, condições vistas por aliados da Ucrânia como equivalentes à capitulação.
O gabinete de Zelenskiy não fez comentários diretos sobre o conteúdo do plano, que não foi publicado, mas disse que o líder ucraniano havia “delineado os princípios fundamentais que importam para nosso povo”.
“Estamos prontos agora, como antes, para trabalhar de forma construtiva com o lado americano, assim como com nossos parceiros na Europa e em todo o mundo, para que o resultado seja a paz”, declarou em um comunicado.
“Nos próximos dias, o presidente da Ucrânia espera discutir com o presidente Trump as oportunidades diplomáticas existentes e os pontos-chave necessários para alcançar a paz.”
Trump e Zelenskiy trocaram farpas diante das câmeras de televisão em uma reunião desastrosa para o líder ucraniano na Casa Branca em março, mas as conversas foram mais tranquilas quando ele visitou a Casa Branca neste verão.
Soldados em Pokrovsk
A aceleração da diplomacia dos EUA ocorre em um momento difícil para Kiev, com suas tropas em desvantagem no campo de batalha e o governo de Zelenskiy prejudicado por um escândalo de corrupção. O Parlamento demitiu dois ministros do gabinete na quarta-feira.
Moscou minimizou qualquer nova iniciativa dos EUA.
“As consultas não estão em andamento no momento. Há contatos, é claro, mas não há nenhum processo que possa ser chamado de consultas”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Segundo ele, a Rússia não tem nada a acrescentar além da posição já externada pelo presidente Vladimir Putin em uma cúpula em agosto com o presidente dos EUA, Donald Trump, acrescentando que qualquer acordo de paz deve abordar as “causas fundamentais do conflito”, frase que Moscou tem usado para se referir às suas demandas.
Com a aproximação de mais um inverno na guerra de quase quatro anos, tropas russas ocupam quase um quinto da Ucrânia e estão prontas para capturar sua primeira cidade importante em quase dois anos — o arruinado centro ferroviário de Pokrovsk, no leste do país.
Vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa da Rússia nesta quinta-feira mostra soldados movendo-se livremente pela parte sul de Pokrovsk, patrulhando ruas desertas repletas de blocos de apartamentos carbonizados.
Capitulação
Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia, reunidos em Bruxelas, não comentaram em detalhes o plano dos EUA, mas indicaram que não aceitariam exigências de concessões punitivas a Kiev.
“Os ucranianos querem paz — uma paz justa que respeite a soberania de todos, uma paz duradoura que não possa ser questionada por futuras agressões”, disse o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot. “Mas a paz não pode ser uma capitulação.”
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse no dia X que Washington “deve continuar a desenvolver uma lista de ideias potenciais para acabar com essa guerra com base na contribuição de ambos os lados do conflito”.
“A obtenção de uma paz duradoura exigirá que ambos os lados concordem com concessões difíceis, mas necessárias”, disse Rubio.
Uma delegação do Exército dos EUA, liderada pelo secretário do Exército, Dan Driscoll, e pelo chefe do Estado-Maior do Exército, Randy George, está em Kiev e esperava encontrar-se com Zelenskiy.