Internacional

Acompanhar reservas em queda é nova obsessão na Argentina

05 out 2020, 17:13 - atualizado em 05 out 2020, 17:13
Fachada do banco central da Argentina
Os cálculos para a quantidade exata de reservas líquidas variam de US$ 2 bilhões negativos a até US$ 1,3 bilhão, dependendo de como o dinheiro é contado, mas quase todos concordam que o valor é assustadoramente baixo (Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian)

Em corretoras e bancos argentinos, todos os dias os telefonemas têm a mesma pergunta: quantos dólares o banco central tem de fato?

Ficar de olho nas reservas internacionais se tornou um ritual para investidores argentinos enquanto tentam descobrir o que vem a seguir para o peso e US$ 65 bilhões em dívida externa recentemente reestruturada.

Os cálculos para a quantidade exata de reservas líquidas variam de US$ 2 bilhões negativos a até US$ 1,3 bilhão, dependendo de como o dinheiro é contado, mas quase todos concordam que o valor é assustadoramente baixo. À medida que o saldo cai cada vez mais, o governo toma medidas para estancar a sangria.

A medida mais recente ocorreu na semana passada, quando autoridades cortaram impostos para algumas exportações e disseram que permitiriam uma desvalorização mais rápida do peso e aumentariam a taxa de juros como forma segurar os dólares.

“Estou sendo martelado com perguntas e ligações”, disse Juan Manuel Pazos, economista-chefe da TPCG Valores, em Buenos Aires. “Querem saber nossa visão e como esperamos que os formuladores de políticas irão responder.”

Embora o banco central da Argentina publique as reservas totais em dólares cinco vezes por semana, investidores estão mais interessados nas reservas líquidas do país, basicamente o que está disponível em dinheiro. Esse número é apenas uma fração do valor bruto de US$ 41,3 bilhões, mas chegar a um número exato é complicado. O banco central não calcula o número sozinho e um assessor de imprensa não quis comentar as estimativas dos analistas.

“A tendência é a chave”, disse Emiliano Anselmi, economista da Portfolio Personal Inversiones, em Buenos Aires. “E a tendência mostra que as reservas continuam caindo.”

Em meados de setembro, a Argentina tentou limitar os saques com restrições das compras de dólares, tanto para pessoas físicas quanto para empresas, mas a demanda pela moeda americana não deu sinais de desaceleração.

A taxa de câmbio paralela usada para contornar os controles caiu para nível recorde, com o valor do peso equivalente a quase a metade da cotação no mercado oficial.

Enquanto isso, os preços dos títulos argentinos emitidos há apenas um mês entram cada vez mais em território distressed, e a maioria dos novos títulos em moeda americana são negociados a cerca de 40 centavos de dólar.

É voto gigante de desconfiança no governo do presidente Alberto Fernández, poucas semanas depois que o país conseguiu economizar cerca de US$ 38 bilhões com a reestruturação e promessas de estabilidade.

A inflação permanece teimosamente acima de 40%, o desemprego atingiu o maior nível em 16 anos e a economia da Argentina deve encolher 12% neste ano, a pior queda anual já registrada.

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