22 metros e 20 toneladas: conheça o foguete que o Brasil vai lançar em dezembro
O Brasil está a um passo de ingressar de vez no mercado global de lançamentos espaciais. E, como costuma acontecer em projetos desse porte, a estreia chega cercada de expectativa, avanços tecnológicos — e novos adiamentos. A Força Aérea Brasileira (FAB) e a sul-coreana Innospace remarcaram para 17 de dezembro a tentativa de lançamento do HANBIT-Nano, foguete que deve entrar para a história como o primeiro veículo espacial comercial lançado a partir de território nacional.
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A chamada Operação Spaceward, agora estendida até 22 de dezembro, representa um marco para o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, e, segundo integrantes do governo, um passo estratégico para transformar a base em um espaçoporto competitivo no cenário internacional.
Mas, afinal, que foguete é esse? O que ele leva? E por que essa missão importa? O Money Times destrincha os detalhes.
Um lançamento que muda o jogo para o Brasil
O HANBIT-Nano inaugura a primeira operação comercial coordenada pela FAB em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB). Pela primeira vez, satélites brasileiros e estrangeiros serão inseridos em órbita a partir de solo nacional em uma missão comercial.
O novo adiamento — o segundo desde novembro — foi motivado por ajustes técnicos, incluindo:
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análise do processamento de sinais coletados pelo veículo;
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testes adicionais no sistema de aviônica;
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avaliações de desempenho do motor e dos sistemas de controle.
Segundo a FAB, esse tipo de revisão é comum em lançamentos inaugurais, nos quais cada componente precisa atingir confiabilidade máxima antes do voo.
O foguete do Brasil
O HANBIT-Nano LiMER é um lançador de dois estágios voltado ao envio de nanossatélites para órbitas baixas.

Embora compacto, o veículo integra uma categoria de lançadores que cresce rapidamente: foguetes menores, de menor custo e focados no mercado de satélites leves, um dos segmentos que mais avançam na indústria espacial global.
O que vai a bordo: ciência brasileira e cooperação internacional
A missão levará cinco satélites e três experimentos tecnológicos, desenvolvidos por instituições e empresas do Brasil e da Índia.
Jussara-K — Maranhão no espaço
Criado pela UFMA em parceria com startups e instituições locais, o satélite reúne:
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sensores ambientais voltados a áreas remotas;
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comunicação com plataformas de coleta de dados instaladas em Alcântara.
O nome é inspirado no fruto juçara, típico do Maranhão.
FloripaSat-2A e 2B — tecnologia nacional em órbita
Desenvolvidos pelo SpaceLab da UFSC, os satélites vão testar:
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uma nova plataforma modular brasileira de nanossatélites;
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sistemas de comunicação baseados em LoRa, tecnologia de baixo consumo amplamente usada em IoT.
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Será a primeira vez que uma plataforma completa projetada inteiramente pelo laboratório é testada em voo.
Sistema Nacional de Navegação Inercial (SNI)
Um dos equipamentos-chave da missão, o SNI foi desenvolvido por empresas brasileiras (Concert Space, Cron e HORUSEYE Tech), em parceria com a AEB.
Ele será levado como carga útil para:
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validar seu comportamento em voo real;
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permitir certificação futura para uso em lançadores nacionais.
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Essa qualificação é considerada essencial para ampliar a autonomia tecnológica do país.
Por que Alcântara importa tanto
O CLA é reconhecido como um dos melhores pontos do mundo para lançamentos orbitais, graças à proximidade da linha do Equador — o que reduz gasto de combustível e aumenta eficiência.
Até poucos anos atrás, entretanto, o Brasil não podia realizar lançamentos comerciais com tecnologia estrangeira. Isso mudou em 2019, com a assinatura do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) com os Estados Unidos.
O acordo:
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protege tecnologias norte-americanas e brasileiras;
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autoriza operação de empresas privadas na base;
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mantém Alcântara sob jurisdicação exclusiva do Brasil.
Com o cenário regulatório destravado, a AEB abriu em 2020 um edital para selecionar operadores comerciais — e a Innospace foi uma das habilitadas.
O que esperar agora
Se o lançamento finalmente ocorrer em 17 de dezembro — e, até o momento, tudo indica que o calendário está mantido — o Brasil dará seu passo mais concreto rumo ao mercado espacial comercial, abrindo espaço para novas parcerias, investimentos e oportunidades tecnológicas.