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23 perspectivas para o mundo cripto em 2023, segundo analistas do MB

31 dez 2022, 11:51 - atualizado em 31 dez 2022, 11:51
Perspectivas criptomoedas ethereum 2023
Entre elas, as soluções de segunda camada, as finanças descentralizadas (DeFi) e as provas de conhecimento zero como as mais prováveis protagonistas do ano que vem (Imagem gerada pelo DALL-E/Reprodução)

O Mercado Bitcoin, plataforma de criptoativos, divulgou um relatório apontando as 23 perspectivas para o mundo cripto em 2023. O documento, produzido pelo time de analistas do MB, elenca as narrativas que devem dominar no ano que vem.

Entre elas, merecem destaque as soluções de segunda camada, as finanças descentralizadas (DeFi) e as provas de conhecimento zero como as mais prováveis protagonistas do ano que vem.  

“As expectativas para o próximo ano ainda são de um ano de lateralização de preço provocada pelas incertezas no cenário macroeconômico global. Entretanto, do ponto de vista de desenvolvimento, 2023 tem tudo para ser o ano em que as narrativas que impulsionarão o próximo bull market serão construídas. É importante encará-lo como um ano de construção de portfólio, identificando bons projetos e se familiarizando com novos conceitos que podem se tornar ‘the next big thing’”, reforça o time de Research do MB, liderado por André Franco.

Confira a lista:

1 .Binance é o grande alvo do regulador em 2023: O Mercado Bitcoin acredita que o próximo ano será ainda mais desafiador para a Binance.

“É bem provável que os reguladores ao redor do mundo vejam o modo como a Binance atua como um risco e ela seja banida parcialmente, ou totalmente, de algumas jurisdições.”

2. ETF de spot nos EUA não será aprovado ano que vem: Um fundo de índice de cripto em solo americano é o sonho de grande parte do ecossistema cripto. O motivo é a enorme liquidez que traria ao ecossistema apenas por fazer uma ponte entre cripto e instituições financeiras. 

“Já foram duas negativas, em 2017 e 2018, e a justificativa da SEC para aprovar um instrumento como um fundo de índice de futuros e negar todos os pedidos que teriam o ativo, reside principalmente na possibilidade de manipulação dos mercados. Isso não tenderá a mudar no próximo ano.”

3. Regulação brasileira não vai andar muito além do PL aprovado na Câmara: não acontecerão grandes inovações em 2023 do ponto de vista legislativo e regulatório, conforme diz o time de pesquisa do MB.

“Mesmo assim, essa não é uma notícia totalmente ruim, isso porque a legislação aprovada é apenas ‘principiológica’ e não detalha como serão os esforços da lei, deixando mais livre para as instituições como o Banco Central colocar a mão em regras que está acostumado a trabalhar.”

4. A volta do ‘not your keys, not your bitcoins’: Para a equipe de analistas, os colapsos evidenciados ao longo do ano de 2022, como de FTX, trouxeram medo ao investidor de deixar os seus ativos nas mãos de terceiros.

“Ao longo de 2023 mais provas de reservas serão demandadas das corretoras, o que é positivo, mas não garante a solvência das empresas, isso porque não é possível garantir que a corretora não possua uma dívida que comprometa os saldos dos clientes.”

5. Soluções de segunda camada ganharão destaque no ano e tokens ligados a elas devem subir: Uma das grandes notícias boas do ano foi a atualização mais aguardada da rede Ethereum, o The Merge.

No entanto, para os analistas do MB, a principal queixa dos usuários da rede não era o modelo econômico, mas sim as taxas cobradas nos picos de uso.

“Para endereçar essa questão um novo fork (atualização) está sendo discutido de maneira mais forte nos últimos meses. Nas estimativas otimistas, essa atualização pode entrar em vigor por volta de julho de 2023. Na realista, em outubro e, na pessimista, em dezembro do mesmo ano.”

6. Ethereum é um polo de atração de capital intelectual: o ecossistema da Ethereum tem conseguido atrair muitos desenvolvedores, que são os players que criam novos casos de uso para o blockchain.

“Isso pode ser um indicativo que o número de aplicações e desenvolvedores nessa rede vai crescer muito, o que tende a levar a valorização do ativo.”

7. Provas de conhecimento zero – o futuro da escalabilidade e privacidade: o cenário está em fase inicial para as aplicações de provas de conhecimento zero e é esperado que este mercado, principalmente o de layers 2, cresça muito nos próximos anos com novos casos de uso sendo gerados e novas aplicações sendo desenvolvidas utilizando suas principais características.

8. Futuro da Ethereum: novo roadmap e o que podemos esperar da rede: o roadmap da Ethereum está muito bem estruturado para endereçar todos os principais problemas da rede, bem como otimizá-la para que seu uso seja disseminado por todo o mundo de forma a ampliar o número de usuários da maior plataforma de contratos inteligentes da atualidade. 

“O preço do ether provavelmente acompanhará as etapas desse roadmap conforme forem sendo entregues e oferecerão novos benefícios aos usuários e holders da mesma.”

9. PBS & MEV-boost – o que são e o que fazer? No blockchain, quando se envia uma transação ela tem que ser minerada ou validada. Em alguns casos, principalmente em arbitragens e trades curtos, os validadores conseguem colocar uma transação anterior a do cliente, extraindo assim o lucro original do trader.

“Isso atrapalha muito a experiência do usuário e piora a eficiência do mercado. O PBS é uma das soluções, ainda em fase de teste, que está sendo desenvolvida para combater isso, que consiste basicamente em separar o mercado de criação de blocos entre dois players, os proposers e os builders, visando contornar esse problema.”

10. Shanghai fork, o que essa atualização representará para a Ethereum? O Shanghai Fork é o próximo grande pacote de atualizações da Ethereum, programada para março ou abril de 2023 e que contará com diversas atualizações relevantes para a rede.

“Esta mudança trará grandes benefícios para a Ethereum e seu ecossistema, reduzindo custos e agregando valor à rede, além de facilitar a manutenção do código e futuras evoluções do protocolo.”

11. Tese Omnichain e o problema da interoperabilidade: hoje em dia está mais evidente do que nunca a necessidade de fazer com que os blockchains se comuniquem entre si afim de compartilhar liquidez e informações.

“Os principais projetos Omnichain da atualidade são o ZetaChain, a LayerZero, o CCIP da Chainlink e a Polygon Avail. Cabe ao investidor ficar atento às novidades a respeito dos desenvolvimentos dessas soluções, bem como uma atenção especial para o lançamento de seus tokens, tanto para fins de investimento quanto para fomentar seu uso e potencialmente receber airdrops.”

12. DeFi: de degens a instituições: o crescimento de DeFi deu uma leve desacelerada nos últimos dois anos. Devido aos colapsos que aconteceram em 2022, como a de FTX, DeFi saiu muito fortalecido disso. Em DeFi, o próprio usuário é responsável pela custódia dos ativos que vai negociar. Outro ponto favorável é que todas as transações são transparentes, garantindo mais segurança aos traders.

13. Mobile é a nova fronteira cripto: geração atual está muito mais acostumada a acessar serviços financeiros utilizando o smartphone.

“Com isso, é muito relevante a preocupação de alguns protocolos cripto e aplicações em gerar uma experiência melhor no mobile, como a Solana está fazendo, por exemplo.”

14. Login with Ethereum – esqueça cadastros e vazamento de dados: cada vez é maior a integração de plataformas da Web 3.0 com a Web 2.0 por meio da disponibilização do uso de NFTs e micropagamentos utilizando criptomoedas, conforme coloca os analistas.

“A implementação de um sistema como o Login with Ethereum em plataformas como o Twitter ou Instagram não parecem fora da realidade. Dessa forma, o Login with Ethereum pode se tornar tão popular quanto às opções centralizadas oferecidas por Google, Apple e Facebook.”

15. Layer 2: o novo honeypot de hackers: a grande maioria das soluções de segunda camada implementadas não contam com os mecanismos chave de garantia responsáveis pela segurança dos rollup e são extremamente centralizadas.

A menor segurança (comparável a de uma sidechain) associada a grande quantidade de capital nestes contratos inteligentes tornam este tipo de solução um prato cheio para hackers. Por todas as razões citadas, existe uma chance não nula de que 2023 possa ser o ano em que se presencie o primeiro hack em uma layer 2.

16. A explosão cambriana das appchains: o tópico da escalabilidade é um dos mais discutidos entre os entusiastas do espaço. Appchains são blockchains construídas para o uso em apenas uma aplicação, portanto, permitem que os desenvolvedores realizem otimizações chave para aumentar o desempenho da aplicação desejada a nível de protocolo, algo que não é possível sem perder a generalidade em plataformas de contratos inteligentes generalistas como o Ethereum.

Considerando que a atual tecnologia de rollups não oferece o nível de escalabilidade exigido por algumas aplicações, a facilidade de desenvolvimento utilizando o Cosmos SDK, as vantagens envolvendo o IBC e o florescimento de um vibrante ecossistema de appchains parecem inevitáveis.  

17. Empréstimos sobrecolateralizados, eficiência de capital e o futuro do mercado de lending on-chain: um dos casos de uso mais populares de DeFi é o mercado de empréstimos.

A demanda por alavancagem durante o ciclo de alta fez com que produtos como Aave e Compound ganhassem espaço no mercado.

A natureza sobrecolateralizada destes money markets era alvo de frequentes críticas devido a sua percebida baixa eficiência de mercado, isto até a onda de falências no mercado de lending, já que a sobrecolateralização foi um fator chave na continuação do funcionamento destes protocolos.

Com o avanço no entendimento de provas de conhecimento zero, 2023 deve ser um ano importante no que tange ao desenvolvimento da infraestrutura necessária para tornar viável a implementação de empréstimos subcolateralizados de maneira descentralizada.

18. Derivativos descentralizados: entre o sucesso e a lama: o potencial de crescimento deste setor é gigantesco e com certeza é uma das grandes oportunidades dentro da tese de finanças descentralizadas.

O mercado de derivativos é uma peça importante na construção de portfólios no mercado tradicional e não poderia ser diferente em DeFi.

A negociação de futuros e opções on-chain oferece um interessante money lego para protocolos que realizam estratégias automatizadas, como o Gelato por exemplo.

Money Lego é um termo utilizado em DeFi que refere-se a capacidade de encaixar serviços similares a um protocolo e no fim, formar um ecossistema robusto.

Estes poderiam implementar estratégias envolvendo derivativos para minimizar perdas e oferecer ainda mais rendimentos para seus usuários. De forma cautelosa, o potencial inexplorado deste setor poderá começar a ser explorado com o lançamento de produtos como a dYdX Chain e Rage Trade, ao longo do ano de 2023. 

19. Marketplace Wars: A guerra de incentivos: com o interesse de grandes empresas por tokens-não-fungíveis (NFTs) começando a aumentar, ficou bastante evidente que uma série de novos marketplaces e ferramentas de NFTs começaram a surgir junto com crescimento de interesse.

Essa nova geração de produtos de NFTs, principalmente os marketplaces e agregadores de mercado, estão começando a se preparar para o próximo “NFT Summer”, que será ocasionado pelo onboarding de novas pessoas através dessas grandes empresas que estão entrando no ecossistema.

Com essa ‘disputa’ pelo market share do mercado secundário prestes a se intensificar com a entrada de novas empresas no ecossistema e a criação de novos concorrentes, o investidor ou colecionador mais instruído poderá se beneficiar ao acompanhar a onda de incentivos e benefícios oferecidos pelos marketplaces emergentes. 

20. Afinal, como obter liquidez de NFTs em 2023? Uma tática muito usada por traders e colecionadores de NFTs mais experientes é a de obter liquidez.

Em 2023 a prática de usar plataformas de lending e borrow que utilizam NFTs como colateral para essa finalidade deve ser cada vez mais comum.

Alguns marketplaces como o X2Y2 já começaram a integração de protocolos de lending dentro do seu mercado, trazendo um novo feature para sua plataforma e uma nova forma de arrecadação de taxas para o protocolo. 

21. Royalties opcionais e outros modelos de negócio para coleções de NFT: Um debate que ficou em pauta em meados de 2022 foi sobre como seriam abordados os royalties de criadores com a ascensão de marketplaces que traziam o royalties de coleções opcionais.

Como alguns sabem, os royalties de mercado secundário eram um dos principais ethos que atraía artistas e criadores mais próximos do ecossistema de Web 3, com a promessa de receber eternamente uma porcentagem das negociações no mercado secundário de suas artes.

Para o bom desenvolvimento de um projeto é necessário obter modelo de receita que abranja além das vendas primárias e taxas de royalties do mercado secundário.

É bem provável que em 2023 vejamos mais projetos explorando novos meios de modelo de receita, como exploração e venda da propriedade intelectual (IP) de seus projetos ou NFTs reservados em tesouro para marcas maiores para o desenvolvimento de novos produtos ou pelo recebimento de investimento de Venture Capitals em troca de cotas futuras da coleção.

22. O que esperar dos Blockchain games em 2023? O ecossistema de games na Web 3 ainda está em seus estágios iniciais, por mais que em meados de 2020 tenhamos visto uma grande onda de games começar a surgir.

É sempre bom lembrar da complexidade que é a criação de um jogo e que alguma dessas versões serão apenas testes e não o produto final, entretanto, não podemos negar que 2023 será um ano bastante aquecido com muitas novidades para os jogos da Web 3 podendo chegar cada vez mais perto de termos um jogo capaz de furar a bolha social do blockchain gaming. 

23. Um novo onboarding de pessoas para a Web 3.0: Em 2023, é provável que testemunhemos mais dessas grandes marcas fazendo esse tipo de abordagem para Web 3 através de redes mais escaláveis, como a Polygon, e consequentemente, fazendo o onboarding desse novo público que poderá ser considerado como uma espécie de possível “nova classe de capital” entrante na Web 3.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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