“Criptomoeda” é uma moeda digital e criptografada, que é única, não divisível e transferível.

Ou seja, é um meio de transferir valor pela internet, diferente de cédulas de papel e moedas, que existem no “mundo físico”.

O diferencial das criptomoedas é justamente a segurança fornecida pela criptografia, que gera confiança a quem está utilizando essa tecnologia e não quer correr o risco de ter seus dados expostos na internet.

Cada transação possui uma assinatura eletrônica que identifica quem enviou, para quem e quanto está sendo enviado de forma anônima.

As pessoas envolvidas em uma transação não utilizam seu próprio nome, e-mail e senha. Em vez disso, criam um endereço, que consiste em uma série de letras e números aleatórios, que identificam o remetente e o destinatário da transação.

(Imagem: Blockchain.com)

Para facilitar a transferência, muitos desses endereços de bitcoin possuem um código QR, que pode ser escaneado. Então é preciso ter fundos na carteira antes de enviá-los a alguém.

Essas transações são registradas em um blockchain, um sistema digital que não permite que os dados ali armazenados sejam alterados ou excluídos, garantindo segurança, transparência e imutabilidade.

O blockchain mostra todos os dados da transação: remetente, destinatário, valor da transferência, saldo (das carteiras) e a data e hora.

Qual a história das criptomoedas?

O criador (ou criadores) do sistema Bitcoin permanece anônimo até hoje (Imagem: Pixabay/Tumisu)

Em 2008, o conceito do bitcoin (BTC) surgiu quando alguém chamado Satoshi Nakamoto publicou um artigo chamado “Bitcoin: um Sistema de Dinheiro Eletrônico ‘Peer-to-Peer’” em uma lista de e-mails para interessados em criptografia.

Apesar de amplamente debatido, poucos acreditavam que esse sistema teria qualquer tipo de sucesso.

No dia 3 de janeiro de 2009, Nakamoto trouxe a rede Bitcoin à luz ao minerar o primeiro bloco do registro.

mineração de criptomoedas é o processo de resolver um quebra-cabeças matemático para ganhar uma recompensa (nesse caso, em bitcoins) ao garantir a segurança da rede e transmitir o bloco de transações ao blockchain.

No primeiro bloco, conhecido como Bloco Gênese, Nakamoto acrescentou a seguinte frase: “The Times, 03/jan/2009: Chanceler à beira da segunda recuperação financeira dos bancos”.

Essa é uma possível alusão aos problemas enfrentados pela crise econômica global da época:

“Bloco zero”, ou “Bloco Gênese”, o primeiro bloco transmitido à rede Bitcoin, um marco para a história cripto (Imagem: Bitcoin.com)

Assim, o bitcoin foi criado para ir contra o mercado tradicional, no sentido de o indivíduo poder ser seu próprio banco em vez de confiar seus fundos a uma instituição financeira, que aplica taxas altíssimas ou impede a inclusão financeira em certas regiões.

O setor cripto defende a ideia de “descentralização” pois, ao se tornar o seu próprio banco, você não utiliza serviços de grandes instituições (“centralização”).

A ideia também vai de encontro a governos que estão, a todo momento, aplicando políticas monetárias, como a impressão desenfreada de dinheiro, gerando inflação e encarecendo o preço de bens e serviços à sua população.

protocolo Bitcoin é revolucionário, pois seu código de programação original está disponível para qualquer um que deseje visualizá-lo ou, até mesmo, desenvolver seu próprio projeto a partir do código-base.

Uma curiosidade aos iniciantes nesse mercado: a identidade de Satoshi Nakamoto nunca foi descoberta e é um grande enigma até hoje.

O bitcoin foi a primeira criptomoeda do mundo a ganhar ampla adesão, mesmo 12 anos após sua criação. Sempre foi alvo de dúvidas, críticas e curiosidades, mas deu abertura para que outros projetos de redes e ativos surgissem em seguida.

Quais são as principais criptomoedas do mercado?

Existem mais de 8,8 mil criptoativos no mercado. O desafio é descobrir quais são legítimos e fornecem atrativos a seus investidores (Imagem: Unsplash/executium)

O bitcoin é a maior criptomoeda do mundo; sua participação de mercado é de 51% em relação ao restante dos criptoativos.

Participação de mercado dos principais criptoativos (Imagem: CoinMarketCap)

Porém, o bitcoin não é o único ativo do mercado pois, segundo o site CoinMarketCap, existem mais de nove mil ativos criados.

Aqui, falaremos dos dez ativos de maior capitalização de mercado (“market cap”), ou seja, seu valor total em circulação.

1) Bitcoin (BTC)

Pelo bitcoin (BTC) ter sido pré-programado — todos os seus aspectos já foram definidos e não podem ser alterados —, só poderão existir 21 milhões de moedas.

Atualmente, 18,6 milhões de BTC já foram emitidos e sua capitalização de mercado é de US$ 1 trilhão.

BTC é a maior criptomoeda do mercado, mas “assusta” alguns investidores por seu preço relativamente alto (atualmente acima de US$ 55 mil), mas o que muitos não sabem é que é possível comprar frações da moeda, ou seja, 0,00032 BTC = R$ 100.

2) Ethereum (ETH)

Ether é a criptomoeda nativa do ecossistema Ethereum (Imagem: Unsplash/executium)

Ether (ETH) é o segundo maior ativo do mercado cripto. Lançado em 2015, Ethereum foi desenvolvida por Vitalik ButerinAnthony Di IorioCharles HoskinsonMihai Alisie, Amir Chetrit, Joseph LubinGavin Wood e Jeffrey Wilcke.

A ideia era criar um supercomputador: uma plataforma de desenvolvimento para que qualquer pessoa pudesse criar seus próprios projetos relacionados a tecnologias financeiras.

Ether é o token nativo da rede Ethereum, utilizado como pagamento de taxas de processamento nesse sistema (as chamadas “taxas de gás”). Muitos afirmam que ether não pode ser usado como dinheiro justamente por essa grande usabilidade em sua própria rede.

3) Binance coin (BNB)

BNB é o token nativo do ecossistema Binance, que também quer fornecer suporte à criação em blockchain, assim como a Ethereum, com seu Binance Smart Chain (BSC).

BNB dá acesso a diversos recursos na corretora Binance, como descontos nas taxas de transações na rede para quem possuir o ativo, em uma tentativa de fomentar o uso da rede.

Em fevereiro, tornou-se o terceiro maior ativo por capitalização de mercado, antes classificado em décimo lugar.

4) Tether (USDT)

Tether é a maior stablecoin do mercado, seguida de U.S. Dollar Coin (USDC) e DAI (Imagem: Twitter/Tether)

Tether é uma criptomoeda de valor estável (ou “stablecoin”), pareada ao dólar americano, em que US$ 1 = 1 USDT.

Por ser emitida por uma grande empresa (a Tether), USDT gera desconfianças em alguns investidores pois, diversas vezes, falhou em comprovar suas reservas em dólar — algo essencial para garantir a transparência de sua paridade.

Em fevereiro, a capitalização de mercado da USDT ultrapassou US$ 30 bilhões e, atualmente, existem US$ 38,5 bilhões de moedas em circulação.

5) XRP (XRP)

Ripple é uma empresa privada responsável pela criação, pelo desenvolvimento e pela aplicação de ativos e serviços como XRP e RippleNet.

XRP é o criptoativo nativo do XRP Ledger. No mercado cripto, o chamam de “ripple” por conta da associação com sua empresa-mãe.

Atualmente, Ripple Labs Inc. está lutando contra diversos processos judiciais que alegam que a venda do token XRP foi promovida como um valor mobiliário.

6) Cardano (ADA)

Cardano é uma plataforma de contratos autônomos (ou “smart contracts”) com foco na avaliação em conjunto e no estudo científico, se promove como um “blockchain de terceira geração” (Imagem: Crypto Times)

Fundada por Charles Hoskinson — que ajudou no desenvolvimento da Ethereum — e Jeremy Wood em 2017, a rede Cardano (ADA) também visa fomentar a criação de novos projetos.

Porém, diferente da Ethereum, Cardano implementa a ferramenta de “staking”, que preza pela participação dos usuários na segurança do protocolo em vez de optar pela mineração de criptomoedas.

O roteiro de desenvolvimento (“roadmap”) da rede Cardano inclui cinco fases distintas: ByronShelleyGoguenBasho e Voltaire.

Também possui três eras: rede de testes, alavancagem e recompensas. Apesar de ainda estar na segunda era, o desenvolvimento ocorre simultaneamente em todas as cinco fases.

7) Dogecoin (DOGE)

Dogecoin (DOGE) possui um fornecimento disponível de 126,6 bilhões de moedas dentre os maiores fornecimento em circulação de todas as criptomoedas.

Com base nas moedas luckycoin (LKY) e litecoin (LTC), que usam função Scrypt no proof-of-work (PoW), DOGE tem uma recompensa por bloco fixa de 10 mil DOGE e intervalo entre blocos de um minuto, sem limite sobre o número total de moedas criadas.

A moeda foi criada como um experimento e uma piada acidental, mas passou pelo teste do tempo por conta de sua duradoura posição como um mascote da comunidade cripto.

8) Polkadot (DOT)

Outra possível concorrente da Ethereum é a rede Polkadot, criada por Gavin Wood — outro cofundador da Ethereum —, que facilita a comunicação e o funcionamento ao conectar múltiplos blockchains em uma só rede.

DOT é o token nativo da rede Polkadot e tem inúmeras funções. Para a governança — em que a equipe de desenvolvimento delega as decisões para sua comunidade —, detentores de DOT controlam os rumos da rede.

Funções de governança incluem a determinação de taxas na rede, dinâmicas em leilões e programação para o acréscimo de blockchains paralelos.

9) Uniswap (UNI)

Uniswap é um dos principais protocolos do setor cripto, fomentando a negociação de milhares de ativos (Imagem: Twitter/Uniswap)

Uniswap é um protocolo de corretora descentralizada (DEX, na sigla em inglês) fundado por Hayden Adams em 2018. Sua DEX permite a negociação de tokens transferíveis de forma não custodial — o usuário continua sendo responsável por seus fundos — por meio de uma carteira de software ou de hardware.

Uniswap lançou UNI, seu token de governança, por meio de uma distribuição (“airdrop”) em setembro de 2020.

Tokens de governança dão aos detentores o poder de influenciar decisões em relação ao protocolo, produto ou roteiro de desenvolvimento, bem como contratação e mudanças aos parâmetros de governança.

10) Litecoin (LTC)

Litecoin é uma bifurcação (“fork”) do bitcoin criada por Charlie Lee em 2011. A rede possui um intervalo entre blocos de dois minutos e 30 segundos, diferente dos dez minutos na rede Bitcoin.

Bifurcações são uma atualização do protocolo, que exige que usuários atualizem para a versão mais recente da plataforma para que blocos e transações antigos não estejam inválidos e tenham acesso a novos recursos e serviços.

Assim, litecoin se apresenta como uma versão mais leve e rápida do bitcoin, mas não obteve tanta adesão quanto o protocolo original.

Como montar uma carteira de criptomoedas segura?

Ao investir em criptomoedas, é importante lembrar que ativos de grande capitalização não são necessariamente os melhores. Sempre pesquise sobre os projetos antes de investir.

Entenda quem está envolvido no projeto, quais são os objetivos da equipe de desenvolvedores, se há utilidade para o ativo e a plataforma e se há pessoas falando sobre esse ativo constantemente.

É importante que um projeto cripto tenha uma grande comunidade e uma equipe ativa que desejam evoluir conforme cada vez mais pessoas acreditam em sua tecnologia.

O segundo passo é decidir onde armazenar suas criptomoedas.

Há quem prefira comprar e deixar os ativos na corretora, mas é importante distribuí-los entre diferentes dispositivos e plataformas para não perder todos os seus fundos caso algo grave aconteça, como hacks ou golpes.

Carteiras de hardware são parecidas com pen drives, onde você pode armazenar e garantir a segurança de milhares de ativos (Imagem: Ledger)

Existem dois tipos de carteiras cripto: as “carteiras quentes” (ou “hot wallets”) são conectadas à internet, ou seja, são um tipo de obter acesso mais rápido a seus fundos, mas podem ser um vetor de ataque para hackers.

“Carteiras frias” (ou “cold wallets”) estão off-line, ou seja, é impossível roubar os fundos pela internet.

Possuem diversas formas, como carteiras de hardware, que parecem com pen drives, ou carteiras de papel, que são similares a recibos.

A sugestão é investir cerca de 5% de seu patrimônio líquido em criptomoedas, e não todo o dinheiro de sua reserva.

Dentre esses 5%, escolha diferentes porcentagens para distintos ativos (é comum investir a maior porcentagem em bitcoin) e balanceie seu portfólio pois, assim, se uma moeda oscilar bastante, você não perde o restante do seu investimento.

Lembre-se: criptomoedas foram criadas para dar mais autonomia ao indivíduo. Não forneça suas chaves privadas nem suas palavras-chave a ninguém, senão você poderá perder seus fundos e não será possível recuperá-los.

Quais as corretoras de criptomoedas confiáveis?

Escolher a corretora de criptomoedas mais adequada para você exige um certo cuidado e atenção (Imagem: Freepik/stories)

Há muitos casos de uso para as criptomoedas: você pode usá-las como uma reserva de valor (comprando e armazenando para utilizá-la no futuro, como um investimento a longo prazo) ou um sistema de pagamentos (enviando e recebendo fundos).

A melhor forma de manter suas criptomoedas em segurança é escolher qual tipo de carteira mais se adequa a você. Em seguida, pesquise quais são as opções de corretoras para que negocie criptomoedas de forma segura.

Para aqueles que são novatos nesse setor, uma corretora cripto é basicamente um mercado digital onde usuários compram e vendem diferentes criptoativos.

Uma corretora cripto é uma plataforma onde consumidores podem negociar criptoativos por outros ativos, como fiduciárias (moedas nacionais) ou outras criptomoedas.

Para cidadãos brasileiros, as opções são: RipioMercado BitcoinFoxbitBitPreço e BitcoinTrade (recém-comprada pela Ripio).

Já as plataformas internacionais incluem Binance, FTXKrakenBittrexHitBTCItBitBitfinexBitMEX… Aqui, o cuidado vai depender do suporte da plataforma em aceitar negociações a partir do Brasil.

Tudo vai depender do seu objetivo: se você for simplesmente comprar criptomoedas, você pode ver quais corretoras permitem depósitos, transferência bancária, PIX, boleto bancário, cartão de crédito etc.

Agora, se você for investir, você pode buscar por plataformas que forneçam opções atrativas (como as que permitem empréstimos em troca de taxas de juros pelo rendimento) ou corretoras que forneçam derivativos, ou seja, outros veículos de investimento relacionados a cripto.

Outro fator a considerar é a disponibilidade de ativos. Nem todas as corretoras negociam todos os criptoativos. Sempre pesquise antes de começar a negociar.

As criptomoedas geram desconfiança em muitas pessoas por ainda não serem regulamentadas em diversos países, mas podem fornecer certa autonomia a pessoas que não possuem acesso a serviços bancários ou sofrem com altas taxas cobradas por bancos.