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A Apple é uma boa compra após a queda de 17% em suas ações?

02 mar 2020, 13:45 - atualizado em 02 mar 2020, 13:45
iPhone Apple Celulares Smartphones
A Apple atingiu a máxima histórica no dia 29 de janeiro, a US$ 327,85 por ação (Imagem: Unsplash/@drewcoffman)

As ações da fabricante do iPhone, Apple (AAPL), estão entre as mais afetadas no Dow Jones após a devastadora disseminação do coronavírus. Elas se desvalorizaram cerca de 17% em relação ao seu pico durante a semana passada, que foi a pior para as ações desde a crise financeira de 2008.

O coronavírus, que já matou mais de 2.800 pessoas e infectou mais de 85.000 em todo o mundo, castigou as empresas de tecnologia dos EUA com forte presença na Ásia em particular.

A Apple está especialmente vulnerável porque cerca de 20% da sua receita é proveniente da China, onde a empresa fabrica grande parte dos seus telefones.

A Apple atingiu a máxima histórica no dia 29 de janeiro, a US$ 327,85 por ação. Na sexta-feira, os papéis da empresa fecharam a US$ 273,36, recuperando-se um pouco depois de despencarem 21% em relação à cotação recorde, atingindo US$ 256,52 durante a sessão da manhã.

Apple Semanal

Após uma queda dessa magnitude, a tentação do chamado “caiu, comprou” é muito grande para alguns investidores, principalmente porque essa estratégia gerou muitos resultados na última década.

E a Apple, que vinha crescendo forte antes da disseminação do vírus, está no topo da lista de investidores que querem adivinhar o fundo desse movimento de baixa.

Antes de alertar os investidores, no dia 17 de fevereiro, que não iria satisfazer sua projeção de receita para o trimestre encerrado em março, devido a distúrbios de oferta na China, a empresa sediada em Cupertino, CA, estava a todo vapor.

Wall Street estava otimista com seu crescimento na China, enquanto a empresa se preparava para lançar um novo modelo de iPhone de baixo custo e um aparelho habilitado para a tecnologia 5G no final deste ano.

Os últimos resultados da Apple (AAPL), divulgados em janeiro, mostraram que a venda de unidades de iPhones foram robustas, superando as expectativas de muitos analistas que acreditavam que o ciclo de “supercrescimento” do produto havia acabado.

Crescimento zero

Embora a maioria desses catalisadores ainda esteja intacta no longo prazo, consideramos que os riscos estão aumentando para os negócios de iPhone da companhia neste momento, já que muitas economias estão enfrentando uma drástica desaceleração por causa do coronavírus.

A atividade no setor manufatureiro na China apresentou uma forte contração em fevereiro, quando os dados oficiais atingiram o menor nível já registrado.

Não há dúvidas de que as perspectivas para a segunda maior economia do planeta são péssimas. Também será difícil para os EUA saírem ilesos dessa crise de saúde mundial.

Apple
Segundo o colunista Haris Anwar, com o ambiente cada vez mais negativo, as ações da Apple devem sofrer revisões de preço-alvo pelos analistas, que estavam bastante otimistas até recentemente (Imagem: Unsplahs/@zhangkaiyv)

O crescimento das receitas das empresas norte-americanas ficará estagnado em 2020, de acordo com o Goldman Sachs, que revisou suas estimativas de resultados para o ano de US$ 174 para US$ 165 por ação, ou seja, um crescimento de 0%.

Com o ambiente cada vez mais negativo, as ações da Apple devem sofrer revisões de preço-alvo pelos analistas, que estavam bastante otimistas até recentemente.

Isso significa que podemos ver mais fraqueza na Apple mesmo considerando que a atual correção já deu no que tinha que dar. Para os investidores que estão de fora esperando para comprar ações de alta qualidade, este parece não ser momento certo para tomar a iniciativa.

“Embora a estratégia do ‘caiu, comprou’ tenha dado resultado desde a crise financeira mundial, quando as quedas nas ações geralmente se revertiam rapidamente, pode ser que desta vez seja mais arriscado”, afirmou Christian Mueller-Glissmann, analista de renda variável do Goldman Sachs, em uma nota aos clientes.

“Com o crescimento mundial ainda fraco, o choque persistente da disseminação do coronavírus e menos espaço para a flexibilização monetária e fiscal, o risco de uma queda mais prolongada permanece”.

Resumo

Os transtornos econômicos causados pelo coronavírus fazem com que a Apple(AAPL) seja uma das empresas de megacapitalização mais expostas na Ásia neste momento. Qualquer fraqueza prolongada deve ser encarada como uma oportunidade de compra, mas esse estágio no ciclo de baixa ainda não foi alcançado, principalmente em vista do rápido aumento de casos do coronavírus ao redor do mundo.

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