Mercados

‘Bolsa do Brasil é eternamente barata’: Ciclos extremos e imprevisibilidade impactam mercado, dizem gestores

07 maio 2025, 19:00 - atualizado em 07 maio 2025, 19:00
bolsa
André Gordon, da GTI Administração de Recursos, Hegler Horta, da Kapitalo Investimentos e Marcio Luis Pereira, da Icatu Vanguarda participaram do TAG Summit 2025 (Imagem: Divulgação)

A Bolsa brasileira está barata e sofre com os aspectos que o mercado vem apontando nos últimos meses: desconfianças relacionadas ao fiscal, ausência de previsibilidades, ciclo de alta de juros e, somado a isso, a ampliação do ambiente de certezas causado guerra comercial, na avaliação de gestores.

Durante o TAG Summit 2025, André Gordon, gestor da GTI Administração de Recursos, Hegler Horta, sócio da Kapitalo Investimentos, e Marcio Luis Pereira, co-gestor de renda variável e head de research da Icatu Vanguarda, falaram sobre o atual momento do mercado, que sofre com a ciclicidade que impacta o Brasil.

Gordon avalia que o ambiente estava “mais ou menos arrumado” quando o governo Lula deu um início a um governo que classifica como “sem compromisso fiscal”.

“O Brasil vai continuar barato. De forma geral, a gente tem essa tendência, já que não conseguimos estabelecer um arcabouço fiscal mínimo, ter uma moeda que seja relativamente estável em períodos mais longos, isso gera toda essa incerteza e juros altos”, pondera.

“Esperamos um dia poder vir falar que a Bolsa do Brasil finalmente andou e é um ativo de
classe internacional e precificado como a gente gostaria, mas de fato a Bolsa do Brasil é eternamente barata”, diz Gordon.

Hegler Horta, sócio da Kapitalo, destaca que o Brasil é um país marcado por ciclos econômicos acentuados. Segundo ele, isso fica evidente ao observar que, em aproximadamente cinco anos, a taxa Selic passou de 2% para 14%

O gestor recorda que momentos em que a negociação da Bolsa brasileira esteve em múltiplos maiores estão relacionados com momentos econômicos em que se buscava redução de dívidas — o que não tem se mostrado o caso agora.

“A única preocupação que eu tenho é o momento do ciclo econômico que a gente está. Estamos subindo os juros há um ano e pouco, provavelmente está no final dessa alta, mas sentimentos muito pouco o impacto na economia de todo esse ciclo”, coloca.

Na avaliação de Horta, o efeito dessa alta nos lucros de cada empresa vai se dar de diferentes maneiras, uma vez que alguns nomes irão sofrer mais e outros menos.

“O potencial da Bolsa não é uma massa uniforme. Terá muita oportunidade, porque em alguns casos vai cair muito o lucro quando a economia desacelerar, enquanto vai ter gente que vai até ter uma oportunidade de comprar um competidor que está pio. Tem várias Bolsas aí, alguns pedaços delas estão baratos, vão oferecer boas oportunidades e outros eu acho que vão ir muito mal”, avalia.

André Gordon, da GTI, acrescenta que o risco Brasil contempla questões de infraestrutura, tributação complexa, instabilidade política, com alguns períodos melhores e outros de retrocesso.

Como boa parte do mercado, os gestores apontam 2026 como um ano crucial, uma vez que há possibilidade de mudança no pêndulo político, que pode mudar o ciclo enfrentado pelo país.

Guerra comercial

Marcio Luis Pereira, da Icatu Vanguarda, pontua que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criou uma fricção no mundo com a imposição de tarifas.

Ele pondera que China e Estados Unidos ainda têm muito a conversar e considera que ainda é cedo para saber o desfecho. “De repente vamos ver que no final eles vão conseguir chegar em um acordo onde vai ficar bem longe do que é hoje”.

Olhando para o Brasil, o cenário global pode contribuir para um movimento mais pró-corte de juros, avalia, tendo em vista um processo de “importação da deflação”.

“Pode começar a ter uma enxurrada de produtos que não vão conseguir mais entrar no mercado americano e isso aí vai acabar trazendo uma deflação, isso pode ajudar.  Apesar de que não deveria ser o principal cenário, dado que a gente tem fatores internos aqui que acabam jogando contra essa queda um pouco mais rápida de juros”, avalia.

Segundo ele, por aqui é preciso ver o fiscal realmente caminhando para algum equilíbrio, para garantir uma sustentabilidade de um juro mais normalizado no médio e longo prazo.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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