Mercados

A lição dos 10 primeiros dias do ano para os mercados

10 jan 2022, 18:42 - atualizado em 10 jan 2022, 18:43
Ricardo Barros
Líder do governo na Câmara, Ricardo Barros falou em rever a regra do teto de gastos. (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Os 10 primeiros dias do ano mostraram como os próximos meses podem ser de ameaças ao equilíbrio fiscal e de incerteza sobre os mercados, o que tem sido falado desde meados de 2021, dizem analistas.

Eles elencam que, no intervalo, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, falou em rever a regra do teto de gastos, e servidores da Receita começaram entregaram os cargos e anunciaram paralisação como forma de pressionar o governo por reajuste salarial.

O movimento começou após a aprovação do Orçamento da União de 2022, que incluiu reajuste para Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Departamento Penitenciário Nacional, deixando de fora as demais categorias.

Segundo o analista da corretora Toro Investimentos Lucas Carvalho, apesar de tanto se falar em risco fiscal no ano passado, o ritmo de ameaças ao equilíbrio fiscal pegou o mercado de surpresa, evidenciada no estresse da curva de juros.

Carvalho destaca a incerteza sobre o assunto com a fala do presidente Jair Bolsonaro no sábado (8) de que nenhuma categoria de servidor tem reajuste garantido. “O receio, de toda forma, é de mais gastos por parte do governo”, diz.

Para o sócio-fundador da casa de análises SaraInvest, Marco Saravalle, o reajuste dos servidores é um dos principais assuntos para o mercado local no curto prazo, mas também indica como será o ano eleitoral e o período após o pleito.

Isso porque, avalia, medidas tomadas agora terão efeito inclusive sobre o governo seguinte, impactando nas expectativas dos agentes econômicos. “A gente começa a ter uma preocupação com um possível período maior com juros mais altos”, afirma.

Estrategista da corretora RB Investimentos, Gustavo Cruz destaca que os reajustes pesam para os governos seguintes dado o cenário de déficit primário desde 2014 e as projeções para o rombo fiscal até 2024 ao menos.

“[O ex-presidente] Lula fala em revogar medidas e Bolsonaro, com a pretensão de se reeleger, vai ser mais populista”, diz. “Senadores vão na mesma linha, votando as medidas”.

Cruz destaca que o reajuste salarial no serviço público tem um “efeito dominó”, com o funcionalismo de outras esferas pedindo reajuste, e um legado negativo para os governos seguintes.

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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