Ações da China despencam com novo ataque dos EUA na guerra comercial
As ações chinesas caíram acentuadamente em um pregão volátil nesta segunda-feira (13), à medida que uma retomada da guerra comercial entre Estados Unidos e China afetou o apetite por risco e incentivou a realização de lucros, puxando os papéis para baixo após máximas de uma década.
O índice de blue chips CSI300 recuou 1,8% e o índice Shanghai Composite caiu 1,3% até o intervalo do almoço. Em Hong Kong, o índice de referência Hang Seng despencou 3,5% e o índice Hang Seng Tech perdeu 4,5%.
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Contrariando a tendência de queda mais ampla, no entanto, o setor de terras raras da China, que está no centro das tensões comerciais renovadas, saltou mais de 4% para um recorde histórico na sessão da manhã, enquanto as ações de semicondutores também registraram ganhos.
Na sexta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou novas tarifas de 100% sobre as exportações chinesas destinadas aos Estados Unidos, juntamente com novos controles de exportação sobre softwares críticos a partir de 1º de novembro, em retaliação à decisão da China de restringir suas exportações de terras raras estratégicas.
“O presidente Trump lembrou a todos que há muitas incertezas para os mercados”, disse Ben Bennett, chefe de estratégia de investimentos para a Ásia na L&G Asset Management, com sede em Hong Kong.
Ele espera oscilações no curto prazo nas ações chinesas após a forte recuperação dos últimos meses.
A notícia afetou a confiança nos mercados globais, embora os movimentos tenham sido ampliados pela liquidez reduzida, já que Japão e EUA estavam com os mercados fechados por feriados públicos nesta segunda-feira.
“Acho que o mercado provavelmente está tentando digerir quanto tempo essa história vai durar. É esse tipo de incerteza que deixa o mercado em suspenso e muito frágil no momento”, disse Oriano Lizza, operador de vendas da CMC Markets, em Singapura.
Volatilidade dispara
Um índice que acompanha a volatilidade esperada em 30 dias do Hang Seng disparou 30%, atingindo o nível mais alto desde abril de 2025.
Os contratos futuros de títulos do governo chinês de 10 anos subiram nesta segunda-feira, indicando uma corrida por ativos de refúgio. O yuan recuperou parte das perdas sofridas após o anúncio de Trump na sexta-feira, ajudado por uma orientação mais firme do banco central.
Uma surpresa positiva nos dados de exportações e importações da China não foi suficiente para levantar o sentimento cauteloso dos investidores.
Ao mesmo tempo, analistas e investidores acreditam que a correção provavelmente será menos severa do que a venda em pânico vista em abril, quando Trump iniciou uma guerra comercial global com tarifas abrangentes.
Wang Yapei, gestor de fundos hedge baseado em Xangai, espera que a turbulência seja de curto prazo, apostando que China e EUA eventualmente retomarão as negociações, já que “o custo de um conflito em larga escala é alto demais para ambas as potências”.
Pequim classificou as novas tarifas de Trump como hipócritas no domingo, mas esclareceu que seu controle de exportações não equivale a uma proibição e evitou impor novas tarifas sobre produtos dos EUA.
“Essa é uma medida de desaceleração e vai amortecer o impacto negativo nos mercados chineses”, disse Hong Hao, diretor de investimentos da Lotus Asset Management.
Segundo ele, os investidores provavelmente farão uma rotação de ações de crescimento para ações de valor nas próximas semanas.
Trump tentou amenizar as tensões em uma postagem nas redes sociais durante a noite, dizendo: “Os EUA querem ajudar a China, não prejudicá-la”.
Charles Wang, presidente da Shenzhen Dragon Pacific Capital Management Co., disse que a crescente incerteza geopolítica significa que a China provavelmente flexibilizará ainda mais sua política monetária para apoiar o crescimento econômico, o que deve sustentar os mercados de ações.
TACO de novo?
A corretora China Merchants Securities afirmou que as tensões geopolíticas beneficiam setores chineses como inteligência artificial, robótica, defesa, medicamentos inovadores e fabricação de chips.
“Qualquer correção pode representar uma oportunidade para investidores de longo prazo comprarem ações a preços mais baixos”, disse a corretora.
Mas o aumento tarifário proposto por Trump, de 100%, prejudicaria setores voltados à exportação, como motores elétricos, equipamentos elétricos e reatores nucleares, de acordo com a Xiangcai Securities.
Muitos analistas, no entanto, acreditam que a chance de uma tarifa de três dígitos ser implementada é pequena.
“Essa declaração é mais uma tática de negociação típica de Trump, aplicar pressão máxima para aumentar seu poder de barganha e forçar concessões durante as negociações comerciais”, disse a Changjiang Securities em um relatório. “Provavelmente, será mais um caso de TACO (Trump Always Chickens Out — Trump Sempre Arrega).”
Lu Ting, economista-chefe para a China no Nomura, disse que os confrontos econômicos e comerciais entre as duas superpotências são inevitáveis.
“No entanto, no curto prazo, ambos ainda dependem um do outro… por isso acreditamos que essa última escalada é mais um gesto de posicionamento para as negociações e reuniões que se aproximam”, disse ele, avaliando como “bastante provável” um encontro presencial entre Xi e Trump durante a cúpula anual da APEC na Coreia do Sul ainda este mês.
