Ações da Cyrela (CYRE3) caem forte mesmo após proposta bilionária de bonificação; o que está por trás da queda?
Negociadas dentro do Ibovespa, as ações da Cyrela (CYRE3) recuam forte nesta quarta-feira (10), mesmo após a companhia anunciar uma proposta bilionária de bonificação.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), os papéis da companhia caíam aproximadamente 7,74%, cotados a R$ 32,34, e figurando entre as maiores quedas da bolsa. Acompanhe o tempo real.
Bonificação
Pela manhã, o conselho de administração da Cyrela aprovou a convocação de uma assembleia geral extraordinária (AGE) para o dia 31 de dezembro.
Os acionistas irão deliberar sobre a criação de ações preferenciais especiais (PN Especiais) e uma bonificação de R$ 2,49 bilhões em reservas de lucros.
A proposta prevê a emissão de 72,8 milhões desses papéis preferenciais, distribuídos gratuitamente aos investidores atuais.
Segundo análise da XP Investimentos, a nova classe de ações, que seria temporária e poderia ser convertida em ordinárias até 2028, representaria um adicional de aproximadamente 19% de dividend yield, sem comprometer a alavancagem ou a posição de caixa da companhia.
A corretora ainda destacou o esforço da construtora em devolver capital aos acionistas e a criatividade da estrutura proposta.
O verdadeiro motivo da queda: dividendos
Apesar da bonificação, o movimento negativo do dia tem outra explicação: a Cyrela passou a negociar “ex-dividendos”.
Na semana passada, a construtora aprovou a distribuição de R$ 1 bilhão em dividendos intermediários — equivalente a R$ 2,7299 por ação.
O pagamento está marcado para ocorrer na próxima sexta-feira (12), com direito aos acionistas posicionados até ontem.
A partir de hoje (10), os papéis são negociados sem esse direito, o que justifica parte do recuo.
Corrida contra a tributação
Com os dois anúncios recentes, a Cyrela soma cerca de R$ 3,5 bilhões em retornos aos acionistas, algo próximo de 26% de yield, segundo cálculos da XP.
O movimento acompanha a “corrida” de diversas empresas para antecipar distribuições antes da entrada em vigor da nova tributação de 10% sobre dividendos a partir de 2026 para valores acima de R$ 50 mil mensais.
Desde o início de novembro, companhias brasileiras já anunciaram pelo menos R$ 68 bilhões em pagamentos, de acordo com o BTG Pactual.
Varejo de anúncios
Para se ter uma ideia, entre ontem e hoje, o fluxo de comunicados tomou conta do mercado, com ao menos cinco empresas listadas, além da Cyrela, anunciando novas distribuições aos acionistas:
- Telefônica Brasil (VIVT3): propôs redução de capital em R$ 4 bilhões para devolução aos investidores;
- Banrisul (BRSR6): informou pagamento de R$ 150 milhões em juros sobre capital próprio;
- Ambev (ABEV3): aprovou dividendos e JCP;
- Tenda (TEND3): autorizou novo programa de recompra de até 2 milhões de ações até 30 de junho de 2026;
- SYN Prop e Tech (SYNE3): aprovou R$ 64 milhões em dividendos intercalares e intermediários.