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Ações de construtoras tombam e a culpa não é só do Banco Central; Tenda (TEND3) derrete

23 mar 2023, 16:14 - atualizado em 23 mar 2023, 16:14
construção civil
Ações de construtoras derretem com juros altos por mais tempo e segmento de baixa renda digerindo resultado de leilão (Foto: Flávya Pereira/Money Times)

As ações das principais construtoras listadas na Bolsa brasileira despencam no pregão desta quinta-feira (23). Os ativos domésticos reagem negativamente aos sinais do Banco Central (BC) de que deverá manter a taxa Selic em alta, a 13,75% ao ano, por mais tempo.

A sinalização de que o início de corte de juros segue sem horizonte, após a segunda reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ontem, leva o índice Ibovespa a recuar mais de 3% e a perder a marca dos 100 mil pontos.

Construtoras sentem efeitos pós-Copom

Por volta das 16h05 (de Brasília), as ações da MRV (MRVE3) tinham um dos piores desempenhos do índice, com tombo de 9,8%. A Eztec (EZTC3) e a Cury (CURY3) recuavam mais de 7%, enquanto a Cyrela (CYRE3) tombava perto de 7%.

Os papéis da Direcional (DIRR3) tinham queda de 6% no horário acima. Porém, o destaque ficava com a Tenda (TEND3) que despencava mais de 17%. Em contrapartida, a Plano&Plano (PLPL3) subia 1,5%.

O analista de real estate da Empiricus Research, Caio Araujo, destaca que juros elevados por mais tempo “dificultam bastante” o financiamento das operações das construtoras e incorporadoras.

Tenda não ‘pode entrar’

A prefeitura de São Paulo divulgou o resultado do leilão do programa habitacional “Pode Entrar” e as coisas não foram tão bem quanto o esperado para a Tenda, o que contribui para a forte queda das ações.

Segundo o analista da Empiricus, a Tenda ficou com fatia relativamente pequena no leilão, o que provavelmente não tem efeito significativo em sua geração imediata de caixa. “Linha que hoje é a principal preocupação da gestão, em função do alto endividamento”, diz.

A equipe de real estate do Itaú BBA avalia os resultados do leilão podem ajudar na situação da empresa, mas não atender às altas expectativas que foram estabelecidas.

Em relatório recente, o BTG Pactual disse que o programa poderia ser “um divisor de águas para a empresa”. Até o pregão de ontem, as ações da empresa acumulavam alta de 23,5% em março.

No leilão, a Tenda garantiu 870 unidades, com valor total estimado de R$ 180 milhões. O BBA estima que isso terá impacto perto de 4% nos resultados da empresa.

A Plano&Plano foi a que levou a maior fatia do leilão, segundo o BBA. Com isso, é uma das únicas ações do setor que operam em alta. Os analistas do Itaú comentam que a construtora conseguiu licitar 7 mil unidades no leilão, com valor total estimado de R$ 1,3 bilhão.

“Projetamos um impacto no faturamento do Plano&Plano de aproximadamente 18% de capitalização no mercado ou 48% do valor contábil”, comentam.

Apesar do desempenho negativo no pregão, a MRV venceu todos os lances que fez no leilão, destaca o Itaú BBA. A construtora mineira arrematou 6,2 mil unidades no leilão, que representam um valor geral de vendas estimado em R$ 1,1 bilhão.

Repórter
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
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