Acordo de 15% com Japão prejudica indústria automotiva dos EUA, afirmam GM, Ford e Stellantis

Um grupo que representa a General Motors, a Ford e a Stellantis (controladora da Chrysler) levantou preocupações nesta terça-feira sobre um acordo comercial que poderia reduzir tarifas dos Estados Unidos sobre importações de automóveis do Japão para 15%, enquanto manteria tarifas sobre importações do Canadá e do México em 25%.
Matt Blunt, que lidera o Conselho Americano de Política Automotiva (AAPC, na sigla em inglês), que representa as três montadoras de Detroit, disse que eles ainda estão analisando o acordo, mas que “qualquer acordo que cobre uma tarifa menor para importações japonesas com praticamente nenhum conteúdo dos EUA do que a tarifa imposta sobre veículos construídos na América do Norte com alto conteúdo dos EUA é um mau acordo para a indústria americana e para os trabalhadores automotivos dos EUA”.
Trump ameaçou aumentar as tarifas sobre o México para 30% e sobre o Canadá para 35% em 1º de agosto.
O porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, defendeu o acordo, chamando-o de “uma vitória histórica para os fabricantes de automóveis americanos, ao pôr fim às injustas barreiras comerciais do Japão contra carros fabricados nos Estados Unidos”.
Queda nos lucros e pessimismo
A GM disse nesta terça-feira que seus lucros do segundo trimestre sofreram um impacto de US$ 1,1 bilhão devido às tarifas, e espera que o impacto piora no terceiro trimestre.
A Stellantis disse na segunda-feira que espera mais impacto das tarifas dos EUA sobre veículos e importações de autopeças na segunda metade de 2025, relatando que as tarifas de Trump custaram até agora US$ 352 milhões, já que a empresa reduziu os embarques de veículos e cortou parte da produção para ajustar os níveis de fabricação.
Em maio, o AAPC criticou o acordo comercial anunciado por Trump com o Reino Unido, dizendo que prejudicaria o setor automotivo dos EUA.
Fabricantes britânicos de automóveis receberão uma cota de 100 mil carros por ano que poderão ser enviados para os Estados Unidos com uma tarifa de 10%, quase o total exportado pelo no ano passado.
“Isso prejudica os fabricantes americanos, os fornecedores e os trabalhadores”, disse o AAPC.
Em abril, Trump suavizou o impacto de suas tarifas automotivas, ao reduzir os efeitos das tarifas sobre peças e materiais, mas manteve tarifas de 25% sobre veículos importados.
Ele também estendeu uma isenção de tarifas para peças norte-americanas que estejam de acordo com as regras de origem do Acordo EUA-México-Canadá.