Bancos estão subestimando riscos de default no agronegócio, vê Goldberg, CIO da Lumina Capital

O agronegócio representa um grande risco para o mercado de crédito do Brasil, segundo Daniel Goldberg, CIO da Lumina Capital. E, para ele, os bancos podem estar subestimando os riscos de default do setor.
Durante evento do Safra na semana passada, ele apontou que o setor enfrenta problemas devido ao alto nível de alavancagem após o crescimento do mercado de capitais, especialmente com o boom de produtos como Fiagros e instrumentos de crédito estruturado.
“A Faria Lima chegou no agro e deixou a turma tomar muito mais crédito”, disse, ressaltando que poucos produtores pensam em fazer hedge contra um cenário de valorização do real.
Mesmo que os preços internacionais da soja se mantenham estáveis no mercado internacional, a valorização da moeda brasileira pode se demonstrar como um problema para os agricultores impulsionando custos e diminuindo ganhos. “Os bancos estão subavaliando o risco de default no agronegócio”, completou.
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A visão do BTG Pactual sobre crédito no agronegócio
O comentário de Goldberg foi um tema destacado pelo BTG Pactual em relatório sobre crédito rural divulgado no fim da semana passada.
Há duas semanas, o banco falou sobre o apoio do governo ao setor por meio da Medida Provisória (MP) 1314/2025, que trabalha com a reestruturação das dívidas rurais juntamente com duas mudanças nas regras contábeis, que devem beneficiar o segmento de crédito rural.
Segundo o BTG, os resultados da Caixa no segundo trimestre de 2025 (2T25), divulgados no dia 17 de setembro, apontaram um forte aumento no índice de inadimplência de 90 dias dea sua carteira de agronegócio. O número subiu de 4,3% no 1T25 para 7% no 2T25. Em relação ao ano anterior, a alta foi de 4,9 pontos percentauis, sendo que o saldo total da carteira é de R$ 60,5 bilhões.
Os dados de julho do Banco Central já mostravam uma aceleração na deterioração dos índices de inadimplência rurais, com alta de 77 pontos-base no mês, atingindo 3,8% (em comparação com um aumento médio de cerca 20 pontos-base nos períodos anteriores de três e seis meses).
Além disso, outras informações apontam para uma queda dos desembolsos de crédito rural no Plano Safra 2025/2026. Nos dois primeiros meses da safra, o acesso ao crédito caiu 23% em comparação ao mesmo período do ciclo anterior.