Alckmin critica nível dos juros no país e diz que já há condição para Selic cair
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta sexta-feira (12) que não há sentido no fato de o Brasil ter a segunda maior taxa real de juros do mundo em um cenário de inflação em queda. Ele defendeu que já há condições para a taxa Selic cair.
Em entrevista a jornalistas em São Paulo, Alckmin afirmou que causas relevantes da inflação nos últimos anos, como os preços de alimentos, o clima e o câmbio, estão em situação mais benigna.
“Não tem sentido você ter a segunda (maior) taxa de juro do mundo, com uma inflação em queda e as causas da inflação em queda”, afirmou.
O Banco Central manteve nesta semana a Selic em 15% ao ano e afastou expectativa de parte dos analistas de que poderia indicar a possibilidade de um corte de juros em janeiro, ampliando apostas em uma redução apenas em março.
“O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, disse o comunicado.
O Banco Central deu início ao atual aperto monetário na reunião de setembro de 2024, a fim de conter pressões inflacionárias e o avanço da atividade econômica acima do esperado. Na ocasião, os diretores elevaram a Selic de 10,50% para 10,75%.
A taxa subiu para 11,25% em novembro e encerrou o ano de 2024 em 12,25%, mas já com duas altas de 1 p.p. contratadas para as próximas reuniões.
Atualmente, os juros reais no Brasil — após desconto da inflação — estão atrás apenas do patamar da Turquia.