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Alerta de Carlos Kawall: esqueça a curva em “V”; Brasil pode ter recessão em 2021

16 out 2020, 18:04 - atualizado em 16 out 2020, 21:49
Emprego Desemprego Jovens
Sem vagas: desemprego continuará assombrando Brasil em 2021 (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli)

Esqueça a tão badalada curva em “V” da recuperação econômica, aquela que representa um processo em que toda a queda do PIB, em 2020, seria recuperada em 2021.

Embora esse cenário seja o ideal para o governo e para empresários e investidores, talvez o Brasil experimente algo totalmente diferente no ano que vem: uma recessão.

O alerta é do economista Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro e ex-diretor do BNDES. Agora como diretor da Asa Investments, Kawall e sua equipe enviaram aos clientes, nesta sexta-feira (16), um relatório bastante distinto do cenário róseo traçado pela grande maioria dos analistas de mercado.

Segundo Kawall, não se pode descartar que o alinhamento de alguns fatores culmine na queda do PIB no ano que vem. “Temos uma combinação negativa de forças atuando para frear o crescimento em 2021”, afirma.

Entre elas, o economista cita “o comportamento anêmico do mercado de trabalho” e o “abismo fiscal a ser enfrentado a partir do ano que vem, uma vez que não há mais espaço para aumento de gasto fiscal”.

O ex-secretário do Tesouro acrescenta que “há o risco de que o rápido aumento da poupança durante a crise não se converta integralmente em consumo após o fim do distanciamento social.”

Dívidas públicas e privadas

Primeiro, porque a expansão do consumo via crédito pode ser brecada pela piora na carteira de crédito de pessoas físicas, ou, em bom português, pelo aumento da inadimplência.

O segundo motivo é “o aumento da percepção de risco fiscal, em quadro de elevação da relação dívida/PIB, vem impulsionando o nível das condições financeiras para o terreno contracionista, movimento que, se persistir, pode nos levar a um crescimento nulo ou mesmo negativo em 2021”.

Carlos Kawall, diretor da Asa Investments
Alerta: para Kawall, previsão de alta de 3,5% do PIB é exagerada (Imagem: Reprodução/ Fecomercio SP)

Embora reconheça o mérito do auxílio emergencial para aliviar o impacto econômico da pandemia de coronavírus, Kawall observa que o programa custou caro e foi ineficiente.

Agora, as alternativas à disposição do governo não são positivas. Do ponto de vista fiscal, o recomendável é encerrar o auxílio emergencial o quanto antes, sob o risco de jogar o Brasil numa crise de dívida pública.

Cinto apertado

Mas a expansão do consumo, que pode puxar a economia, parece mais fraca do que se espera, seja por conta do elevado desemprego, seja pela pouca margem para elevar o endividamento das famílias pela concessão de crédito.

Kawall observa que, por enquanto, o cenário básico da Asa Investments é de que o PIB cresça 2,1% em 2021, já menor que os 3,5% apontados pelo Boletim Focus do Banco Central.

“A união destas forças, a nosso ver, traz riscos baixistas relevantes para nossa projeção de crescimento de 2,1% em 2021, podendo este se aproximar de zero ou mesmo se mostrar levemente negativo, caso mantidas as condições restritivas observadas aqui até meados do próximo ano”, diz.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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