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Ambev (ABEV3): Por que ação cai mesmo com banco saindo de ‘venda’ para ‘compra’?

12 jan 2023, 14:54 - atualizado em 12 jan 2023, 14:54
Ambev
Ambev tem duplo upgrade do UBS BB (Imagem: Rafael Borges/Money Times)

O UBS BB alterou sua recomendação para Ambev (ABEV3), de venda para compra, com preço-alvo também atualizado, de R$ 14 para R$ 18. A recomendação se estende para o ADR (American Depositary Receipt), com novo preço-alvo de US$ 3,25, anteriormente de US$ 2,50.

Segundo o relatório divulgado nesta quinta-feira (12), a dupla atualização é apoiada por quatro principais fatores:

  1. sólido crescimento da receita de 8% CAGR (taxa de crescimento anual composta) 2023-25, impulsionado por uma estratégia comercial comprovada, decorrente de aumentos de preços anteriores e efeito positivo do mix de vendas;
  2. estimativa de ponto de inflexão do Ebtida (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no Brasil no terceiro trimestre de 2023, impulsionando a expansão da margem de 27,8% em 2022 para 31% em 2024;
  3. o mercado ignorar o impacto positivo do BEES (plataforma digital B2B da Ambev) no ROIC (retorno sobre o capital); e
  4. ponto de entrada oportunista dado o desconto de 17% para a controladora ABI.

Dessa maneira, o banco destaca que, nos novos preços-alvo, de R$ 18 para a ação negociada na B3 e US$ 3,25 para o ADR, o potencial de valorização seria de 30%, incluindo dividendos.

Apesar disso, por volta das 14h30, ABEV3 caía 1,89% no Ibovespa, enquanto os ADRs (American Depositary Receipts), subiam 0,37% na Bolsa de Nova York.

Respingos da ‘inconsistência’ da Americanas

Nesta quinta-feira (12), os holofotes estão voltados para a Americanas (AMER3), que, em fato relevante divulgado na noite de ontem, notificou inconsistências contábeis de aproximadamente R$ 20 bilhões que culminaram na renúncia de Sergio Rial.

Americanas (AMER3) encontra inconsistências contábeis de cerca de R$ 20 bi; Rial deixa presidência

Segundo Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, a reação negativa não deve ficar apenas na Americanas, e a cervejaria é um dos alvos.

“Pode respingar em outros papéis que os controladores tenham”, ressalta, citando a Ambev (ABEV3), que tem a 3G, cujos sócios são acionistas de referência da Americanas, como dona.

Em linha, analistas da Ajax apontam que o evento deve ainda contaminar as outras empresas do setor de varejo, especialmente Ambev, que possui os mesmos acionistas controladores e pode utilizar o mesmo método contábil em suas controladas.

Perspectivas para a Ambev

Os analistas Rodrigo Alcantara, Nik Oliver e Camila Azevedo, que assinam relatório do UBS BB, apontam que a desaceleração econômica não é um empecilho para a produtividade da Ambev.

No Brasil, uma estratégia comercial comprovada (conforme evidenciado por seus ganhos de participação de volume de 420 pontos-base desde 2018) e uma sólida posição competitiva devem permitir à Ambev aumentar o volume (2,2% CAGR até 2025) e a receita por litro (6,5%) acima do PIB real (1,6%) e da inflação (3,7%), pontuam.

Dessa forma, os analistas estimam que as vendas no Brasil devem crescer 10,3% em 2023. Eles também projetam 8,9% da taxa de crescimento anual composta até 2025.

Os analistas destacam ainda que o BEES deve ter um impacto positivo no ROIC a partir deste ano, com as vendas consolidadas crescendo 8,5% em 2023 e 7,9% CAGR até 2025.

O UBS BB avalia que a rentabilidade da Ambev está chegando a um ponto de inflexão e projeta que a margem Ebit (lucro antes de juros e imposto de renda) da compranhia crescerá de 21,1% em 2022 para 21,5% em 2023 e 23,9% em 2024.

“A volatilidade cambial é um risco negativo; no entanto, isso deve ser compensado pelas estratégias de hedge (proteção) da empresa e por uma perspectiva menos desafiadora para os preços das commodities“, diz a instituição.

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Foi redatora na área de marketing digital por 2 anos e ingressou no Money Times em 2022.
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