Ambipar (AMBP3): Ações despencam 29% após pedido de recuperação judicial

Após entrar com pedido de recuperação judicial no Brasil e nos Estados Unidos, as ações da Ambipar (AMBP3) ampliaram a queda. Por volta das 13h04, o papel despencava R$ 0,41.
No início da madrugada desta terça-feira (21), a companhia anunciou o mercado que entrou com o pedido na 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
No comunicado, o Grupo Ambipar afirma que a Ambipar Emergency Response, que tem sede nas Ilhas Cayman e atua em crises ambientais, também entrou com pedido de recuperação pelo Chapter 11 na justiça dos Estados Unidos.
O movimento era amplamente aguardado pelo mercado, tendo em vista a crise de caixa e o risco de pagamento acelerado de dívidas de bilhões de reais.
As ações da companhia foram ao pó e fecharam o pregão de segunda-feira a R$ 0,58, contra mais de R$ 10 no final de setembro, tendo deixado nove índices da B3 de que faziam parte.
Caso o pedido de RJ seja aceito, a companhia pode ganhar fôlego para organizar um plano de pagamento. No fim de setembro, a Ambipar já havia conseguido na Justiça medida cautelar que suspendeu execuções e cobranças por 30 dias, prorrogáveis por mais 30.
- CONFIRA: Veja os ativos mais recomendados por grandes bancos e descubra como diversificar sua carteira com as escolhas favoritas do mercado; acesse gratuitamente
A Ambipar apresentou à Justiça do Rio de Janeiro um relatório gerencial de seu fluxo de caixa, em envelope lacrado e sob sigilo, conforme consta no pedido de recuperação judicial.
O documento inclui projeções financeiras para os próximos dois anos, segundo informações do Broadcast.
A empresa, que possui uma das maiores dívidas do mercado — de quase R$ 11 bilhões —, detalha o destino do caixa de R$ 4,7 bilhões registrado no segundo trimestre, dos quais afirma ter R$ 2 bilhões disponíveis imediatamente.
De acordo com a agência de notícias, entre os maiores credores da Ambipar estão os bancos Santander e Banco do Brasil. Só com os bancos, a companhia soma dívidas no valor de R$ 2 bilhões; o Santander exige um pagamento de US$ 120 milhões em 24 horas.
O colapso da Ambipar
O colapso estourou no dia 22 de setembro, quando os bonds da Ambipar com vencimento em 2031 desabaram no mercado internacional, pouco antes de a empresa ter anunciado a sua sétima emissão de debêntures, no valor de R$ 3 bilhões.
Do outro lado do balcão, o Deutsche Bank, um dos credores, não assistiu a tudo isso parado. A instituição exigiu um aditivo de US$ 35 milhões, provocando um efeito em cadeia que poderia acelerar obrigações financeiras em até R$ 10 bilhões.
Segundo a revista Veja, o contrato com o banco alemão previa a cobrança do aditivo em caso de desvalorização dos bonds no mercado internacional.
Sem alternativas, a Ambipar recorreu à proteção judicial em setembro, alegando que o banco exigia garantias muito além dos termos contratuais. A ação da empresa gerou dúvidas no mercado com medidas contraditórias.
Ao mesmo tempo que reportou uma dívida de R$ 616 milhões, segundo a agência S&P Global, a companhia registrou uma posição de caixa de R$ 4,7 bilhões no fim do segundo trimestre, o que deveria ser mais que suficiente para cobrir as dívidas.