Ambipar (AMBP3) deve entrar com pedido de RJ na segunda-feira, diz jornal

A Ambipar (AMBP3) deve protocolar um pedido de recuperação judicial na próxima segunda-feira (20) na Justiça do Rio de Janeiro, segundo apuração da coluna de Lauro Jardim publicada neste sábado (18) no jornal O Globo.
De acordo com o colunista, a companhia de gestão ambiental tentou evitar o processo e chegou a obter o apoio de parte dos credores — entre eles, debenturistas brasileiros e investidores detentores de bonds no exterior. No entanto, o impasse com alguns bancos locais, em especial o Itaú, teria inviabilizado um acordo mais amplo.
A medida cautelar que atualmente protege a empresa de ações de cobrança expira no fim da próxima semana. Com isso, a Ambipar teria até o dia 27 para apresentar formalmente o pedido de recuperação judicial, conforme informou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Negociações frustradas e impasse sobre o foro
Antes de recorrer à Justiça, a Ambipar buscava uma solução via recuperação extrajudicial, que depende da adesão de pelo menos um terço dos credores. As tratativas, porém, não avançaram devido a divergências sobre o foro responsável pelo processo.
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Os principais bancos credores queriam transferir o caso para São Paulo, mas a companhia manteve a preferência pelo Rio de Janeiro. Além disso, boa parte da dívida — cerca de US$ 1 bilhão, ou mais de R$ 5 bilhões — está pulverizada entre investidores internacionais, dificultando a obtenção do quórum necessário para um acordo extrajudicial.
A Ambipar foi procurada pelo Broadcast e pelo Seu Dinheiro, mas ainda não se manifestou até a publicação desta matéria.
Exposição dos bancos e auditoria do caixa
De acordo com o Broadcast, Itaú, Bradesco e Santander figuram entre os principais credores da Ambipar, com exposições em linhas de capital de giro que somavam R$ 1,68 bilhão em junho. Banco do Brasil e Itaú também detêm debêntures da empresa por meio de suas gestoras.
Em seu último balanço, a Ambipar informou possuir R$ 2,8 bilhões em debêntures em circulação, remuneradas a CDI + 2,75% a 3,5%.
Na sexta-feira (17), as ações da companhia voltaram a despencar — queda de 17%, a R$ 0,37 — após o anúncio da contratação da consultoria FTI Consulting, que fará uma auditoria independente do caixa e das demonstrações financeiras. O objetivo é verificar se há inconsistências contábeis ou apenas falhas de registro.
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A FTI, vale lembrar, foi responsável pela análise das contas da Americanas após a revelação do rombo contábil de R$ 20 bilhões em 2023. Agora, também deve revisar o contrato de derivativos firmado entre a Ambipar e o Deutsche Bank, apontado como um dos gatilhos da crise de liquidez enfrentada pela companhia.
Entenda o colapso da Ambipar
A deterioração da situação financeira da Ambipar ganhou força depois da saída do diretor financeiro e da desvalorização dos bonds emitidos no exterior. O movimento levou o Deutsche Bank a exigir depósitos adicionais de US$ 35 milhões em garantias referentes a contratos de swap atrelados a esses papéis.
O pedido teria acionado uma cláusula de cross-default — que antecipa vencimentos e execuções de dívidas em cascata —, totalizando cerca de R$ 10 bilhões. Sem recursos para cumprir essas obrigações, a empresa buscou proteção judicial contra credores.
Desde então, a Ambipar viu o valor de suas ações despencar 97% e o preço de seus títulos de dívida entrar em colapso, marcando um dos episódios mais dramáticos da B3 em 2025.