Ambipar (AMBP3) dispara até 26% em meio à vitória na Justiça; entenda
A Ambipar (AMBP3) dispara nesta segunda-feira (27) em meio a vitórias na justiça. Por volta das 10h55, o papel saltava 23%, a R$ 0,32.
Apesar disso, é importante lembrar que o movimento é típico de ações negociadas a preços muito baixos: qualquer variação mínima gera grandes saltos (ou quedas).
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Em termos práticos, uma oscilação de R$ 0,01 em uma ação cotada a R$ 0,10 representa variação de 10%. Já em uma ação de R$ 20, a mesma oscilação equivale a apenas 0,05%.
Vitória na justiça
Na noite da sexta, a Ambipar informou a decisão da 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro de prorrogar a cautelar que suspende pagamentos da companhia.
De acordo com o fato relevante, a extensão dos efeitos ocorre “até que sejam esclarecidos determinados fatos considerados necessários pelo Juízo para que possa ser proferida uma decisão em relação ao processamento do pedido de recuperação judicial da Ambipar e de suas afiliadas”.
Na semana passada, a companhia entrou com pedido de recuperação judicial no Brasil e nos Estados Unidos.
Caso o pedido de RJ seja aceito, a companhia pode ganhar fôlego para organizar um plano de pagamento.
No fim de setembro, a Ambipar conseguiu na Justiça a medida cautelar que suspendeu execuções e cobranças por 30 dias, prorrogáveis por mais 30.
Credores acusam Ambipar de “forum shopping”
Os principais credores da Ambipar questionam a decisão da companhia de protocolar o pedido de recuperação judicial no Rio.
Em petição, eles alegam que o site da companhia incluiu um endereço do Rio apenas em setembro, poucos dias antes da medida cautelar que a protegeu contra os credores, que foi liberada pela 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
“Houve manobra de forum shopping, pois o grupo simulou ter seu principal estabelecimento nesta Comarca do Rio de Janeiro, quando, na realidade, todo o centro decisório e operacional está localizado em São Paulo e Nova Odessa”, diz o documento.
Os credores — entre eles Banco ABC Brasil, Bradesco, Banco do Brasil, Santander, Sumitomo Mitsui e Itaú Unibanco — sustentam que a Ambipar simulou ter seu principal estabelecimento no Rio de Janeiro apenas para obter um foro considerado mais favorável à empresa.
“Relevância econômica”
Do outro lado, a Ambipar, no pedido de recuperação judicial, sustenta que o critério de competência não se limita ao local da sede da holding, mas sim ao local de maior relevância econômica e geração de receita do grupo.
“A definição do principal estabelecimento deve observar o local onde se desenvolve a principal atividade econômica da sociedade, e não simplesmente a sede formal constante do contrato social”, diz o documento.
A empresa argumenta que as subsidiárias mais ativas e lucrativas estão sediadas no Rio de Janeiro, especialmente as ligadas ao segmento ambiental e de resposta a emergências.
Além disso, a atividade-fim da companhia, de resposta a emergências ambientais, estaria no estado fluminense, principalmente no que tange à exploração de petróleo nas bacias de Campos e de Santos.
No segundo trimestre de 2025, o segmento Environment, que segundo a própria empresa atua com o “planejamento, gerenciamento e valorização de resíduos”, teve uma receita líquida de R$ 1,03 bilhão. Já o segmento Response, que atua na prevenção, gerenciamento e resposta a emergências de acidentes, teve uma receita líquida de R$ 738,7 milhões.
A situação da Ambipar
Informações do Brazil Journal dão conta de que a maior parte da dívida da Ambipar são de bonds, ou seja, título de dívidas no exterior.
Já as debêntures somam outros R$ 3 bi, enquanto as dívidas com bancos somam outros R$ 2 bilhões.
Ainda de acordo com o site, entre as instituições, o maior credor é o Santander (SANB11), com R$ 663 milhões, seguido pelo:
- Banco do Brasil (BBAS3) (R$ 352 milhões),
- Banco do Nordeste (R$ 207 milhões),
- Deutsche Bank (R$ 188 milhões),
- Bradesco (BBDC4) (R$ 165 milhões),
- Daycoval (R$ 109 milhões),
- Scania (R$ 77 milhões) e
- ABC Brasil (ABCB4) (R$ 56 milhões).
De acordo com um gestor que conversou com o Money Times, a recuperação judicial foi um grande erro.
“Deveriam ter ido para uma recuperação extrajudicial. Existe risco grande de perder contratos. A empresa hoje está em fragilidade de ativos. Ela vendeu todos os equipamentos e passou a alugar. Isso deixa ela em desvantagem ou facilmente substituível”, afirma.
Ainda segundo ele, as dívidas não devem afetar os bancos, já que há baixo impacto por ser “pulverizada”.
“Provisionamento já está suficiente para lidar com essa RJ”.