Americanas (AMER3): O que explica os movimentos recentes e o salto de 12% no último mês?

As ações da Americanas (AMER3) chamaram atenção nos últimos dois dias, ao apresentarem movimentos expressivos na Bolsa. No mês, a varejista, que enfrenta recuperação judicial desde o início de 2023, acumula um salto de 12% — e um alívio nas dívidas está por trás disso.
Na terça-feira (24), em um dia negativo para o Ibovespa (IBOV), as ações da Americanas chegaram a valorizar 14% na B3, sem nenhum novo anúncio ao mercado que norteasse o movimento do papel.
Já nesta quarta (25), as ações AMER3 abriram o pregão com alta próxima a 7%, mas viraram para queda ao longo do dia e, por volta de 16h15, recuavam 2,97%, a R$ 5,88. Acompanhe o tempo real.
Para Caroline Sanchez, analista da Levante Inside Corp, a alta recente tem como principal gatilho o avanço na reestruturação com o acordo firmado com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para quitar a totalidade de seus débitos fiscais com o órgão, no valor de aproximadamente R$ 865 milhões.
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De acordo com fato relevante, divulgado em 13 de junho, o acordo prevê um desconto de 100% sobre juros e multas, limitado a 70% do valor total dos débitos, resultando em redução superior a R$ 500 milhões.
“Representa um alívio bem importante no caixa e na estrutura de capital da companhia, dado todo o processo de reestruturação que ela está passando. Além da economia direta, esse acordo evita custos judiciais, libera garantias, reduz risco de litígios, o que melhora a visibilidade sobre a saúde financeira da empresa”, pondera Sanchez.
Na visão da analista, apesar de o fato relevante ter saído já há duas semanas, ela vê como natural uma demora para a precificação, mas se trata de um movimento bem relevante dentro do processo de recuperação judicial, que tem sido lido pelo mercado com um passo um pouco mais concreto rumo a essa estabilização.
“Esse tipo de gatilho pode gerar movimentos abruptos, principalmente quando tem baixa liquidez no papel, então essa alta recente pode estar associada a essa percepção de que a Americanas está conseguindo renegociar com credores, limpar passivo, preservar caixa, então isso pode estar melhorando a perspectiva de acionistas, ainda que o cenário operacional siga bastante desafiador”, diz a analista.
É hora de ter Americanas?
Na avaliação de Felipe Sant’Anna especialista em investimentos do Grupo Axia Investing, a Americanas estão fazendo um trabalho para recuperar a imagem da empresa, desde que a fraude contábil foi descoberto e os investidores abandonaram o papel.
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“A notícia mais recente, que anima um pouco o fluxo comprador, foi a redução da dívida das Americanas com a PGFN, Essa vitória da empresa, reduz o endividamento e a alavancagem, melhorando os indicadores e abrindo espaço para futuros investimentos”, pondera Sant’Anna.
O especialista destaca que as ações estão sendo negociadas na casa dos R$ 6,00, preço baixo, portanto o percentual de volatilidade pode chamar a atenção. “Não gosto do papel, nem do setor, apenas para especulação“, afirma.