Coluna
Opinião

Análise: Brasil vai dar adeus aos juros altos?

06 ago 2019, 15:46 - atualizado em 06 ago 2019, 15:46
Brasil-juros
Ao reduzir os gastos do governo, elevar a poupança pública e incentivar a população a poupar mais, a reforma da Previdência ajuda na redução gradual da taxa de juros estrutural da economia, diz a ata do Copom (Imagem: Andre Coelho/Bloomberg)

A ata do Copom divulgada nesta terça-feira destaca o efeito da reforma da Previdência sobre a queda do juro estrutural no Brasil e endossa as apostas do mercado de que a Selic buscará novo pisos históricos até o fim do ano. Mais do que isso: fortalece a visão dos economistas de que a taxa permanecerá em nível baixo por mais tempo e, quando subir, não chegará aos picos já vistos no país.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ao reduzir os gastos do governo, elevar a poupança pública e incentivar a população a poupar mais, a reforma da Previdência ajuda na redução gradual da taxa de juros estrutural da economia, diz a ata do Copom, ao explicar o corte de meio ponto da Selic, para 6%. “A taxa de juros estrutural é um ponto de referência para a condução da política monetária”, segundo o BC.

O economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do BC, estimou, antes do último Copom, que a taxa neutra do país está em 3,5%. Em 2017, uma pesquisa do BC com o mercado mostrou que ess taxa estava em 5%. Para o economista Daniel Weeks, da Garde Asset Management, o número pode estar ainda menor, em 3%, e com tendência de baixa.

A queda da taxa estrutural, ou neutra, sinaliza que o recuo da Selic deve será mais duradouro, diz o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira. Se o BC cortar o juro para 5% até o fim do ano, a taxa poderá ficar neste nível ao longo de 2020.

Apesar de a Selic estar na mínima histórica, a inflação segue abaixo da meta e a economia não reage. “O fato é que a atual taxa de juros não tem sido estimulativa o suficiente para a economia ir a seu potencial e a inflação, à meta”, disse o ex-BC Luiz Fernando Figueiredo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Além mudança na Previdência, outros fatores vêm contribuindo para a redução da taxa neutra, como a reforma trabalhista, o teto de gastos e a redução do uso dos bancos públicos para injetar recursos na economia. “A mudança de regime fiscal reduz a taxa neutra”, diz Zeina Latif, da XP Investimentos.

O acirramento da guerra comercial entre EUA e China gera incertezas, mas não necessariamente impede o BC de cortar mais a Selic, pois o câmbio afeta menos a inflação que no passado. “Nos últimos anos já vimos o dólar acima de 4,00 por algumas vezes sem manifestação na inflação”, diz Mariana Guarino, da Truxt Investimentos.

O próprio cenário externo, apesar da volatilidade, pode ajudar o Brasil a reduzir juros, pois as taxas estão em queda em todo o mundo devido ao menor crescimento econômico, diz Nathan Blanche, sócio-fundador da Tendências. “É o fim de um ciclo de crescimento mundial, trazido pela globalização.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
bloomberg@moneytimes.com.br
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual – toda semana, com curadoria do Money Picks

OBS: Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar