Coluna do Daniel Abrahão

Análise: Vale a pena ter fundos multimercados na carteira?

08 nov 2023, 15:01 - atualizado em 08 nov 2023, 15:02
Gestores diminuem expectativas para o Ibovespa
No universo complexo e em mutação do mercado financeiro, a busca por investimentos seguros e rentáveis é um desafio constante (Imagem: Pexels)

Nos últimos 12 meses, mais de 70 bilhões de reais já foram resgatados de fundos multimercados, em comparação a máxima do tamanho do setor, o valor é equivalente a uma fatia de 30%. Isso exemplifica bem a crescente falta de confiança nessa classe de ativos.

A pressão sobre os gestores desses fundos e a incerteza dos investidores são palpáveis, lançando um desafio sem precedentes sobre a mesa e as perspectivas para os investidores.

No universo complexo e em mutação do mercado financeiro, a busca por investimentos seguros e rentáveis é um desafio constante.

No entanto, os ventos que sopram no mundo dos fundos multimercados, que historicamente foram dados como opções para investidores em busca de diversificação e rentabilidade, foram marcados por turbulências recentes.

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O cenário atual atraiu a atenção para uma análise dos desafios que assolam os fundos multimercados, questionando a previsão deste tipo de investimento em carteiras financeiras.

Estamos vivendo um período peculiar, onde uma parcela significativa dos fundos multimercados enfrentou uma janela de rentabilidade consideravelmente ruim, que deve ser entendida como abaixo ou muito abaixo do CDI.

Essa situação levanta questões cruciais sobre a atratividade desses ativos dentro de um portfólio de investimentos diversificados. É necessário analisar de perto o que levou a esse cenário e desmistificar algumas das associações que se formaram em face do desempenho, aquém das expectativas até o momento em 2023.

Para compreender a magnitude desse desafio, utilizo o Índice de Multimercados da ANBIMA (IHFA) como um indicador-chave para monitorar o desempenho do segmento.

Até o momento, 2023 tem se revelado como o pior ano de desempenho da IHFA em relação ao CDI dos últimos 10 anos. Apenas em 2008 testemunhamos um período de geração de retornos tão abaixo do esperado. Essa tendência preocupante faz com que muitos investidores questionem a lógica de manter esse tipo de investimento em seus portfólios.

Embora o momento possa parecer adverso, é fundamental lembrar que o mercado financeiro é cíclico, e a capacidade de adaptação é essencial para os investidores e gestores de fundos. Apenas o tempo dirá se os fundos multimercados conseguirão recuperar sua atratividade ou se for hora de reavaliar as estratégias de investimento.

Crise de Crédito e Volatilidade Global em 2023

O início de 2023 foi marcado por uma crise de crédito que abalou o mercado brasileiro, causada por uma das principais varejistas do país. A incerteza fiscal agravou ainda mais a situação, lançando sombras sobre o futuro da economia brasileira.

Enquanto isso, no exterior, o Federal Reserve (FED) sinalizava a continuidade de aumentos nas taxas de juros durante as reuniões de março e abril, liderando um cenário de aumento gradual.

No entanto, um evento inesperado no dia 10 de março desencadeou uma série de preocupações nos mercados globais. O colapso do Silicon Valley Bank, seguido por uma intervenção no First Republic Bank, abalou a confiança no sistema financeiro e resultou em uma queda significativa nas taxas de juros americanas, apesar das instruções anteriores do FED.

O mercado chegou a precificar cortes nas taxas de juros dos EUA, mas posteriormente reajustou suas expectativas para novas altas. A volatilidade crescente nas taxas de juros americanas têm impactos profundos na precificação de ativos globais e gera quebras nas correlações que historicamente eram relevantes.

Essa instabilidade se manifesta nos mercados domésticos, como na abertura de mais de 100 pontos-base na taxa das NTNbs, enquanto o câmbio permanece relativamente estável. Além disso, o ciclo de cortes de juros no Brasil e as 13 quedas consecutivas no Ibovespa exemplificam como a volatilidade global pode afetar os mercados locais de maneira imprevisível.

Em resumo, o mercado financeiro enfrenta um ambiente de alta volatilidade, em grande parte influenciado pela política de juros dos Estados Unidos. Essa volatilidade torna a precificação de ativos uma tarefa complexa e desafia correlações tradicionais.

Faz sentido investir em fundos multimercados?

Os fundos multimercados são uma ferramenta de diversificação por sua flexibilidade e capacidade de buscar oportunidades de investimento em diferentes classes de ativos, adaptando-se às condições de mercado. Essa opinião permite que eles sejam uma opção valiosa para investidores que desejam se proteger contra a volatilidade e as incertezas do mercado.

Ao adicionar uma parcela de multimercados a um portfólio, os investidores podem não apenas potencializar sua rentabilidade, mas também reduzir o risco geral da carteira. Essa estratégia permite equilibrar ativos de maior e menor volatilidade, criando um perfil de risco adequado ao investidor.

A diversificação inteligente é essencial. No entanto, é fundamental ressaltar que a escolha de investimentos deve ser personalizada de acordo com o perfil de cada investidor, levando em consideração seus objetivos financeiros, horizonte de investimento e tolerância ao risco.

Em resumo, embora o cenário financeiro atual possa ser volátil e desafiador, os fundos multimercados mantêm sua relevância como uma ferramenta valiosa na otimização de carteira.

Uma análise histórica e a competência dos investidores sugerem que essa classe de ativos ainda pode desempenhar um papel fundamental na busca por retornos sólidos e na mitigação de riscos em um ambiente de investimento complexo.

A chave é manter uma perspectiva de médio e longo prazo, considerando o potencial de retorno e a redução da volatilidade que os multimercados oferecem.

Assessor de investimentos e sócio sênior da IHUB Investimentos. Possui mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro; atuou nos maiores bancos privados do país. Atualmente, é assessor e sócio sênior na IHUB Investimentos, sendo responsável por uma carteira superior a R$ 140 milhões. Sempre traduzindo conhecimento técnico e "difícil" do mercado para facilitar a vida do investidor.
Assessor de investimentos e sócio sênior da IHUB Investimentos. Possui mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro; atuou nos maiores bancos privados do país. Atualmente, é assessor e sócio sênior na IHUB Investimentos, sendo responsável por uma carteira superior a R$ 140 milhões. Sempre traduzindo conhecimento técnico e "difícil" do mercado para facilitar a vida do investidor.
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