André Esteves, do BTG, projeta um cenário econômico favorável em 2026; ‘quem investir aqui, vai ganhar dinheiro’

Apesar da volatilidade causada pelos juros altos, cenário internacional instável e polarização política, André Esteves, sócio-controlador do BTG Pactual, é otimista com a economia do Brasil em 2026.
“Do lado econômico, está mais fácil. O Banco Central fez um esforço correto no combate à inflação e acho que vamos começar a colher os frutos disso”, afirmou em evento realizado pelo Esfera Brasil nesta segunda-feira (25), em São Paulo.
Esteves destaca que os números sugerem que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve vir negativo em agosto, o que abre espaço para a redução e normalização da taxa de juros. Além disso, o executivo afirma que este é o quinto ano em que o Brasil deve surpreender com um crescimento econômico acima das projeções do mercado.
“Essa surpresa positiva tem uma explicação: é uma mudança do framework político e institucional do Brasil. Nós fizemos reformas e desestatizações importantes, e o pacote dessas medidas gera uma consequência de crescimento maior e desemprego menor, sem gerar pressão inflacionária”, afirma. “Isso significa que a gente está fazendo o dever de casa”.
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Segundo ele, o país tem grandes oportunidades de investimentos, principalmente com concessões de infraestrutura e maior participação do setor privado. “Quem investir aqui vai ganhar dinheiro”.
Do lado internacional, Esteves projeta cortes de juros por parte do Federal Reserve já em setembro, com uma visão mais otimista do que a do mercado. “A precificação é de 0,50 ponto percentual até o final do ano, mas eu acho que pode ser três de 0,25 pp. Dependendo dos números da economia, pode ser até mais”, afirma.
Ele reforça que o afrouxamento monetário não está relacionado à pressão vinda da Casa Branca, mas sim às condições econômicas. Segundo Esteves, o Fed errou durante a pandemia ao demorar para subir os juros, mas agora está fazendo um bom trabalho. O resultado disso é o desaquecimento da economia e os números de emprego se mostrando mais suaves.
Crise Brasil-EUA: o impacto no setor financeiro
Sobre a crise diplomática entre Brasil e EUA, Esteves relembra que os dois países têm relações históricas muito harmoniosas, com empresas brasileiras com investimentos significativos em solo norte-americano, como Gerdau, JBS e Embraer, além de todos os bancos.
Quanto à tarifa de 50%, ele afirma que impacta alguns setores e empresas, mas, no agregado, não traz relevância macroeconômica para o Brasil. Do lado do setor financeiro, não há muita preocupação, nem com as possíveis sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Essas sanções não são uma novidade para o setor financeiro. O Brasil já tem centenas de pessoas sancionadas. Existe a tecnologia de como lidar com isso e os bancos estão preparados. Eu não vejo nenhuma desarmonia e acho que a gente vai seguir o caminho dentro das regras nacionais e internacionais”, disse.