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André Franco: Helium, um projeto de Internet das Coisas fora do radar

26 fev 2020, 11:30 - atualizado em 26 maio 2020, 11:05
Confira, na coluna de André Franco, o que é o roteador Helium (Imagem: Facebook/Helium Inc)

Minha formação é em Engenharia e por isso tenho uma veia nerd que sempre me faz prestar atenção em inovações. Ainda na faculdade, o assunto mais falado, sobre o que seria o futuro do mundo, no que diz respeito à tecnologia, era a Internet das Coisas.

A Internet das Coisas (Internet of Things – IoT) foi um conceito criado para definir dispositivos, como sensores, conectados à internet que colhem dados do mundo externo e passam essa informação para outras pessoas, também utilizando conexão de internet.

Por exemplo, inúmeros censores ao longo de uma praia medindo a temperatura em vários pontos, consolidando essa informação, auferindo a temperatura média local e disponibilizando esse dado por meio de um aplicativo seria uma aplicação de Internet das Coisas.

Extrapolando o exemplo, imagine dispositivos que meçam a umidade do ar, a velocidade do vento, a quantidade de pessoas circulando no local, o nível de ruído etc.

Essa quantidade massiva de dados em tempo real poderia ser útil para empresas entenderem fluxos nas cidades durante determinadas épocas do ano e traçar planos para maximizar vendas, por exemplo.

Empresas como padarias, sorveterias e varejistas em geral poderiam se valer desses dados para tomarem decisões em tempo real e, então, maximizarem seus lucros — isso apenas falando desse exemplo em particular.

O fato é que a Internet das Coisas tem inúmeras aplicações e a projeção para a quantidade de dispositivos conectados até 2025 é otimista:

(Imagem: Statista.com)

No entanto, as aplicações de IoT têm algumas limitações geográficas que impedem que ela cresça de forma exponencial sem que um mesmo dispositivo tenha que respeitar fronteiras entre países.

Vamos usar um exemplo bem simples: imagine que uma empresa nos Estados Unidos criou um dispositivo para a medição de temperatura, que é o mais barato e eficiente do mercado, além de já ser o mais usado em solo americano.

Por lá, essa empresa possui todas as licenças de funcionamento e os acordos com empresas de telefonia são os melhores.

Mesmo com todo esse poder de mercado, essa empresa não pode simplesmente trazer o dispositivo para o Brasil e tentar usá-lo na rede local, pois existe uma incompatibilidade que não permite que o mesmo dispositivo utilize duas redes de telefonia sem permissão prévia de ambas.

Dado esse cenário, caso a empresa decida expandir seu mercado para outras fronteiras, ela precisa de um esforço para se adaptar à nova jurisdição, principalmente no quesito “conectividade com a internet local”, pois, sem isso, o dispositivo é inútil.

Isso impede que o mercado alcance uma curva exponencial no curto prazo e um mesmo dispositivo seja utilizado, sem qualquer adaptação, no mundo todo.

A promessa da equipe por trás da Helium tem o intuito de resolver exatamente esse problema de conectividade mundial, utilizando seu próprio protocolo cripto.

Helium: a uberização da internet das coisas

Hotspots da Helium (Imagem: Helium)

Esse projeto foi criado em 2013 por Shawn Fanning, Amir Haleem e Sean Carey com a missão de tornar mais fácil a evolução de dispositivos conectados. O produto do time é basicamente um dispositivo, como um roteador de internet, que permite que outros dispositivos utilizem a rede local.

O fluxo funciona da seguinte forma: uma pessoa compra o dispositivo Helium e, por meio de uma configuração bem simples e rápida, pluga o dispositivo em seu roteador e passa a oferecer um ponto em que usuários da rede Helium possam se conectar.

Claro que pouquíssimas pessoas disponibilizariam sua internet para outras pessoas a utilizarem de graça, sem nenhuma contrapartida.

É exatamente nesse ponto que a equipe se vale da tecnologia de criptomoedas. Além de uma rede de internet privada, os roteadores da Helium possuem um blockchain próprio e também uma criptomoeda.

Dessa forma, todos aqueles que utilizarem o seu roteador para enviar dados, pensando na aplicação de Internet das Coisas, devem pagar em cripto por esse serviço. Então o ciclo se autocompleta.

O entusiasta que decidir colocar sua internet a serviço da rede recebe, proporcionalmente, por dados que transacionou. É como se você conseguisse emprestar parte da sua banda larga de internet para outra pessoa e ganhar por isso.

Imagem ilustrativa do roteador Helium

Reaproveitando o nosso exemplo anterior, a empresa de dispositivos medidores de temperatura não teria problema para funcionar em qualquer parte do mundo se, nesse local, tivesse uma conexão Helium. É essa utopia de Internet das Coisas que permitirá que não existam mais fronteiras para a expansão.

Por meio da tecnologia blockchain e do modelo de incentivo com criptomoedas, é possível utilizar a internet da casa de pessoas comuns para aumentar o alcance da Helium, da mesma forma em que os carros e os motoristas foram fundamentais no alcance global que Uber teve.

Desde 2013, o projeto se dedicou a construir um dispositivo físico, que era o roteador Helium. No ano passado, após uma rodada de investimento de US$ 15 milhões liderada pelo Multicoin Capital e Union Square Ventures, dois fundos de investimento em cripto, passaram a vender o dispositivo para o público em geral.

Atualmente, a grande maioria dos 3069 dispositivos se encontra nos Estados Unidos, espalhado por vários estados:

Dispositivos Helium espalhados nos Estados Unidos

Obviamente, ainda existem muitos detalhes em aberto no modelo de remuneração de quem decide ter um dispositivo desses em casa. Isso porque o preço de US$ 350 precisa ser pago inicialmente pelo usuário e ainda não se sabe em quanto tempo esse dinheiro retorna em forma de criptomoedas.

Por isso, acredito que boa parte de quem adquiriu o dispositivo o fez com a intenção de testar e, com certeza, deve ser um entusiasta cripto.

Ainda é muito cedo para falar de um modelo de negócio claro para quem decida “uberizar” sua internet, mas a promessa de resolver o gargalo da exponencialidade do mercado de IoT parece fazer muito sentido ao meu ver.

E para você? Acha que faz sentido o modelo que a Helium tenta emplacar? Tem algum outro projeto semelhante que você acha que possui maior potencial? Então entre em contato comigo pelo Instagram e me diga.

Um abraço e até a próxima.

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Analista de Criptomoedas
André é Engenheiro Mecatrônico (USP) por formação e Empreendedor por vocação. Ao longo de sua trajetória profissional, já ajudou mais de 80mil pessoas com seus investimentos por meio da startup digital Investeaê e já ganhou prêmios e reconhecimentos da GE Healthcare, da Open Startups Brasil 2017 e do IV Prêmio Brasil Alemanha de Inovação de 2016 por meio da startup de healthcare Oxiot. Atualmente, quer impactar o mercado de Criptomoedas na Empiricus Research.
andre.franco@moneytimes.com.br
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André é Engenheiro Mecatrônico (USP) por formação e Empreendedor por vocação. Ao longo de sua trajetória profissional, já ajudou mais de 80mil pessoas com seus investimentos por meio da startup digital Investeaê e já ganhou prêmios e reconhecimentos da GE Healthcare, da Open Startups Brasil 2017 e do IV Prêmio Brasil Alemanha de Inovação de 2016 por meio da startup de healthcare Oxiot. Atualmente, quer impactar o mercado de Criptomoedas na Empiricus Research.
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