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André Perfeito: Bolsonaro entrega amanhã “seu mandato” para Câmara

19 fev 2019, 21:02 - atualizado em 19 fev 2019, 21:02
(Marcos Corrêa/PR)

Por André Perfeito, economista-chefe da Necton Corretora

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O título deste Flash Econômico contém um exagero em parte, é claro que Bolsonaro não vai entregar seu mandato para a Câmara amanhã, mas sim a proposta de reforma da Previdência só que tal gesto do presidente no atual momento bem que pode ser lido desta forma. Ao fazer isso Bolsonaro fez o que se chama coloquialmente de all win, ou seja, apostou todas suas fichas num único lance.

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Não deveria ser assim, mas os últimos acontecimentos criaram um clima difícil para o Planalto onde a saída de Bebiano coloca em xeque a estratégia do clã Bolsonaro em como lidar com sua heterodoxa base política.

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Hoje de tarde foram vazados os áudios de Whatsapp entre o presidente e seu ex-ministro e vejo com extrema gravidade o trecho reportado onde o presidente chama a Globo de inimiga.

As rusgas entre o presidente e a emissora são conhecidas, mas a maneira explícita que foi divulgada torna o clima mais pesado na cena política. A situação é muito mais grave quando dias atrás o ministro da Educação acusou o colunista do Globo, Ancelmo Gois, de ter sido treinado pela KGB, agora se tem uma informação direta da mais alta autoridade.

O pior no fundo é que mostra que o clima de inimizade continua entre Bolsonaro e Bebiano e qualquer pessoa mais atenta percebeu que a mensagem de vídeo ontem feita pelo presidente ao exonerar o ministro era apenas uma estratégia mal disfarçada para tentar reverter o clima instalado no Planalto. A questão partidária ganha ares surrealistas quando, no início da semana, haviam boatos que a família Bolsonaro iria para a UDN. Algo no mínimo insólito.

A situação fica pior quando sabemos bem que o mercado “entregou na frente” a reforma da Previdência ao jogar os juros longos para baixo e forçando assim a bolsa para cima. O que se espera ver agora é capacidade de articulação política de Bolsonaro, mas não é o que estamos vendo.

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Ao colocar mais um general no primeiro escalão do seu governo Bolsonaro se isola mais da administração política do Congresso e por isso mesmo a reforma da Previdência ganha uma outra qualidade: a de um quase voto de confiança do parlamento em seu governo.

No meio disso temos ainda um pacote feito por Moro para a segurança que é em si polêmico e que já foi desidratado – retirando a questão do caixa 2 – para poder ser aprovado.

Soma-se à isto que parte da bancada ruralista tem se opondo diretamente aos movimentos ortodoxos/liberais de Paulo Guedes, enfraquecendo sua posição. Há também a questão dos estados em dificuldade financeira e as tensões derivadas da mudança de presídios de líderes de facções criminosas que geram naturalmente apreensão na sociedade.

Por isso tudo a reforma da Previdência é hoje mais que uma reforma, é o próprio governo em jogo. Vale notar o óbvio: não existe uma bancada militar no Congresso, logo a ida de militares para o Planalto não traz bônus político na administração do dia-a-dia do parlamento.

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O mercado está revisando o PIB para baixo (nós já éramos o piso das estimativas, não vamos mudar por ora) e a economia não irá auxiliar desta vez o Planalto como ajudou em 2005 Lula na crise do mensalão. Se precisa de muita habilidade política agora, esperamos que Bolsonaro consiga fazer o que se espera dele.

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