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Ao apurar suspeitas com CBios, que já vêm de abril, MME sacrifica o RenovaBio sem precisar

25 jul 2022, 13:31 - atualizado em 25 jul 2022, 13:51
Etanol
Emissões de CBios não precisarão ser compradas pelas distribuidoras para metas de 2022 (Imagem:REUTERS/Paulo Whitaker)

Desde abril o movimento com Créditos de Descarbonização (CBios) mostra estranheza e semana passada o governo resolve apurar, mas sacrificando a programação de metas a serem cumpridas do RenovaBio.

O Ministério de Minas e Energia (MME) acionou o Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade) para que verifique abuso de poder econômico na emissão dos títulos, que dispararam até o começo do mês, passando dos R$ 200.

Mas, “desnecessariamente” jogou para setembro de 2023 o volume que as distribuidoras deveriam comprar em 2022, “gerando prejuízos socioambientais, insegurança jurídica e ampliando o desgaste, já insistente, do RenovaBio por parte de muitos agentes distribuidores da cadeia”, diz Paulo Leal, presidente da Feplana, que representa 60 mil canavieiros.

Como Money Times publicou, com exclusividade, dia 11 de abril, houve um movimento atípico na B3, em um só dia (8), quando uma distribuidora comprou numa só tacada 825 mil CBios, fazendo disparar o papel. E os rumores apontavam que havia um acordo com alguns vendedores, ou seja, usinas.

Pelo sigilo compulsório, até hoje não se sabe qual foi, mas certamente está entre as três maiores do mercado, que possuem metas de compras acima de 1 milhão de títulos por ano. São eles, Raízen (RAIZ4), Vibra Energia (VBBR3) e Ipiranga.

Na média de negociações diárias para o período, com safra mal começada, havia a troca de mãos entre todos os operadores de no máximo 90 mil CBios, cujas colocações por parte das usinas e destilarias correspondem ao volume correspondente de venda de etanol às distribuidoras – ou de biodiesel.

Agora, por insistência das distribuidoras, o governo resolveu deixar que elas demonstrem seus compromissos de aquisição, a que são obrigadas pela lei do RenovaBio, para o segundo semestre do ao que vem.

O CBio caiu para em torno de R$ 95 a R$ 100 nos últimos dias, perdendo praticamente R$ 100 assim que as críticas começaram. O tamanho da perda também é desproporcional.

Segundo comentários, as usinas estariam represando a emissão de CBios para fazê-los disparar, embora também as vendas de etanol estejam muito fracas.

No meio desse cenário, a Feplana vê também a situação ficando ruim para os produtores rurais, especialmente para aqueles fornecedores de usinas que estão repassando os ganhos com a venda dos papéis.

Se as distribuidoras podem postergar a aquisição, a cadeia fica manca, pontua o presidente da Feplana, garantindo que é a favor da investigação.

No caso da usina cooperativista Coaf, de Pernambuco, presidida por Alexandre Lima, vice da Feplana, os produtores recebem 100% pelo CBio e na safra 22/23, que começa em setembro, poderão sofrer, já que não há obrigatoriedade de as distribuidoras os adquirirem.

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.