Moedas

Aperto monetário mais rápido entre emergentes pode ajudar moedas

21 jun 2021, 7:20 - atualizado em 21 jun 2021, 7:20
Dólar
As condições financeiras dos EUA estão intimamente relacionadas à demanda por ativos de risco, que incluem ações e moedas de mercados emergentes (Imagem: REUTERS/Rick Wilking)

Moedas de mercados emergentes, atingidas pela sinalização de aperto da política monetária do Federal Reserve, podem em breve recuperar o desempenho recorde em relação ao dólar.

Isso devido às expectativas de que o ciclo de alta dos juros de bancos centrais de países em desenvolvimento poderia ser mais rápido do que nos Estados Unidos.

As moedas do BrasilRússia, República Tcheca, África do Sul e Hungria – países que implementaram vários aumentos dos juros ou que devem fazê-lo em breve – por enquanto mantêm os ganhos trimestrais e superam pares.

Outras moedas podem seguir a tendência, com crescentes expectativas de juros mais altos em países como Chile e África do Sul, já que a atividade econômica e a inflação voltam a ganhar força após a crise causada pela pandemia.

Já o Fed sinalizou que deve elevar as taxas de juros apenas em 2023. Embora os ganhos recentes do dólar tenham freado o avanço de moedas de mercados emergentes, esse quadro pode mudar assim que o suporte ao dólar com as mudanças de posicionamento diminuir, de acordo com o Bank of Singapore e JPMorgan Asset Management.

“Os bancos centrais de mercados emergentes devem começar a aumentar as taxas de juros muito antes que o Fed”, disse Mansoor Mohi-uddin, economista-chefe do Bank of Singapore. “Durante o verão, a menor volatilidade pode levar investidores a realizarem carry trades sazonais novamente, o que ajudará moedas de mercados emergentes de maior rendimento”, disse, em referência às operações de arbitragem de juros.

As condições financeiras dos EUA estão intimamente relacionadas à demanda por ativos de risco, que incluem ações e moedas de mercados emergentes.

Embora a expectativa de redução do estímulo tenha sido foco de preocupação dos investidores, o mercado vai ficar atento aos sinais de aperto das condições financeiras, o que pode desencadear uma onda vendedora, segundo Neels Heyneke, estrategista do Nedbank Group, em Joanesburgo.

Esse ainda não é o caso, pois os custos de financiamento nos EUA ainda estão perto de mínimas históricas, de acordo com o índice de condições financeiras do Goldman Sachs.

Indicadores que acompanham ações e moedas de mercados emergentes recuaram de máximas históricas, mas ainda acumulam ganhos neste trimestre.

Com a improbabilidade de o Fed subir os juros em 2021 ou 2022, “as condições monetárias e financeiras devem permanecer frouxas por algum tempo”, disse Didier Lambert, gestor-chefe de portfólio para renda fixa de mercados emergentes da JPMorgan Asset Management. “Os bancos centrais de mercados emergentes que conseguirem controlar as expectativas de inflação de maneira confiável – como Rússia, a República Tcheca ou Brasil – podem ver uma maior demanda por suas moedas.”

Enquanto algumas commodities sentiram o impacto da recente sinalização de aperto monetário do Fed, outras continuam apoiando moedas de mercados emergentes vinculadas aos preços das matérias-primas.

Commodities como cobre, carvão e minério de ferro atingiram máximas históricas no mês passado, pois a recuperação nas maiores economias do mundo puxa a demanda por metais e energia em meio à oferta ainda limitada.

Com isso, a Aberdeen Asset Management aproveita qualquer período de baixa para aumentar as apostas altistas em moedas atreladas às commodities, como o real e os pesos do Chile e da Colômbia.

“No mínimo, esta é a ratificação de que o crescimento global é forte, assim como a demanda por commodities”, disse Edwin Gutierrez, chefe de dívida soberana de mercados emergentes da Aberdeen, em Londres.

Ganhos do real

O real mostra o melhor desempenho entre moedas de mercados emergentes neste mês, seguido por moedas atreladas às commodities, como o rublo da Rússia e o peso da Colômbia. Forinte, zloty e a coroa tcheca tiveram desempenho mais fraco.

Na quarta-feira, o Banco Central elevou a Selic em 0,75 ponto percentual e sinalizou aumentos ainda maiores em meio a previsões de inflação mais alta.

“O Brasil é provavelmente o exemplo mais claro de uma combinação de melhores perspectivas de crescimento, redução do ruído político, um banco central mais ‘hawkish’ e moeda desvalorizada para justificar o recente desempenho superior”, escreveram estrategistas do BofA.

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