Após queda de 10% desde janeiro, dólar deve voltar a ganhar força no curto prazo, diz diretor de investimentos globais do ASA

O enfraquecimento recente do dólar ante as moedas globais colocou o mercado em dúvida sobre o “excepcionalismo” norte-americano. Desde janeiro, a moeda já se desvalorizou cerca de 10% ante moedas fortes.
Mas, na avaliação do ASA, porém, a perda de força da divisa é “temporária” — na contramão da maioria do mercado.
“A nossa visão é de que o mercado exagerou nessa mão. Acho que tem uma chance maior do dólar se apreciar ou eventualmente ficar onde está”, afirmou o diretor de investimentos global, Charles Ferraz, durante painel na Expert XP nesta sexta-feira (25).
A visão, segundo Ferraz, é reforçada pelo cenário microeconômico dos Estados Unidos. “As empresas continuam entregando um resultado forte, não é o que a gente vê em outros países. Então a tendência desse capital sair dos Estados Unidos existe, mas ainda não tão forte.”
“O dólar deve ficar mais forte. A gente gosta de ter uma carteira mais diversificada, mas na ponta, a gente está com um pouco mais de dólar do que teria em outras ocasiões”, acrescentou.
Por que o dólar caiu?
Para o diretor de investimentos globais, parte da queda do dólar no primeiro semestre deste ano está relacionada com as “expectativas frustradas” sobre o início do governo Trump.
“O que tem acontecido na condução da política econômica do governo americano tem sido uma certa surpresa. A expectativa era muito otimista na linha de que o presidente [Donald Trump] teria uma postura mais de deixar o sistema econômico, os agentes econômicos alocar os recursos de forma eficiente”, afirmou Ferraz.
Contudo, “você teve um governo muito mais intervencionista, tentando implementar políticas econômicas discutíveis do ponto de vista da efetividade das tarifas para atingir alguns objetivos”, acrescentou.
Apesar da “frustração”, o ASA mantém a visão otimista para os mercados acionários dos Estados Unidos.
A política fiscal, por sua vez, é o principal fator de preocupação agora — e deve pressionar ainda mais os títulos do Tesouro, os Treasuries, no longo prazo.
“One Big Beautiful Bill vai ter impactos em algum momento. O mercado vai começar a olhar isso e, quando começar a colocar no preço, provavelmente a gente vai ver esse juro mais longo para cima”, disse o diretor de investimentos globais, Charles Ferraz.
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