Após queda de imposto de exportação, chineses intensificam compra de soja da Argentina

Compradores chineses reservaram pelo menos 10 cargas de soja da Argentina, disseram três traders à Reuters nesta terça-feira (23), aproveitando os preços baixos para formar estoques para o quarto trimestre em meio às tensões comerciais entre China e Estados Unidos.
Os negócios ocorreram após a decisão da Argentina anunciada nesta segunda-feira (22), que removeu temporariamente os impostos de exportação sobre grãos e seus derivados, incluindo a soja, tornando suas exportações mais competitivas no mercado global.
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Os embarques, em navios Panamax com capacidade de 65 mil toneladas métricas cada, estão programados para novembro, com preços CNF (custo e frete) cotados a um prêmio de US$ 2,15 a US$ 2,30 por bushel sobre o contrato de soja para novembro da Bolsa de Chicago (CBOT), segundo dois traders com conhecimento direto do assunto.
Um dos traders afirmou que compradores chineses reservaram 15 cargas.
Agricultores dos Estados Unidos estão perdendo bilhões de dólares em vendas de soja para a China em plena temporada de comercialização, já que as prolongadas negociações comerciais paralisam as exportações e fornecedores rivais da América do Sul, liderados pelo Brasil, ocupam o espaço, disseram traders e analistas.
“Esses negócios foram fechados na noite passada, após a decisão da Argentina sobre o imposto de exportação”, disse um dos traders, que preferiu não se identificar por não estar autorizado a falar com a imprensa. “Isso mostra claramente que a China não precisa da soja dos EUA”.
A China ainda não comprou nenhuma carga da safra de outono dos Estados Unidos.
O governo argentino afirmou que a suspensão temporária do imposto sobre grãos durará até outubro ou até que as exportações declaradas alcancem US$ 7 bilhões, medida que levou à queda dos futuros da farelo de soja na China nesta terça-feira.
Às 02h07 GMT, os contratos futuros de farelo de soja mais negociados em Dalian caíam 3,5%, e os futuros de óleo de soja mais negociados recuavam 3,8%.
“A queda dos preços ocorreu principalmente devido à remoção do imposto de exportação sobre grãos pela Argentina ontem, o que tornou os preços mais atraentes para os compradores chineses, dado o cenário favorável de margens de esmagamento”, disse Johnny Xiang, fundador da consultoria AgRadar, com sede em Pequim.
“Mas o impacto dessa notícia provavelmente será de curto prazo, já que a política vai durar pouco mais de um mês e a oferta total da Argentina é limitada”, acrescentou.