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Após romper os R$ 4,80, é possível sonhar com dólar a R$ 4,50?

17 jun 2023, 13:54 - atualizado em 17 jun 2023, 17:36
Dólar
Dólar opera nas mínimas em um ano digerindo fatores internos e externos; Analistas veem espaço para mais quedas (Imagem: REUTERS/Rick Wilking)

Demorou, mas finalmente o dólar à vista rompeu o nível de R$ 4,80 e ficou abaixo desse patamar tão esperado, após pouco mais de um ano.

Se a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ao manter a taxa de juros quase jogou um banho de água fria a quem esperava por esse momento, o otimismo da agência de classificação de risco S&P com o Brasil acelerou as perdas da moeda norte-americana.

Nesta semana, a taxa nos Estados Unidos seguiu no intervalo entre 5% e 5,25%, após a autoridade monetária promover dez altas seguidas dos juros, iniciada em março de 2022. Contudo, o Fed sinalizou que deverá voltar a elevar juros.

Porém, no mesmo dia, a  S&P  surpreendeu o mercado ao elevar a perspectiva do Brasil de “estável” para “positiva” reafirmando o rating “BB-“. No entanto, para o tão sonhado grau de investimento, o país precisa subir mais três degraus.

Dólar entre Fed e S&P

O analista da Empiricus Research, Enzo Pacheco, reforça que a notícia do rating do Brasil fez o dólar voltar a cair, após um estresse com as sinalizações de que o Fed deve subir juros nas próximas reuniões de política monetária.

Logo após a decisão do BC americano, o gráfico de pontos (dot plots) passou a sinalizar outras duas elevações de 0,25 ponto percentual (p.p.) até o fim deste ano. Sendo assim, a mediana das projeções da Fed Funds Rate saltou do intervalo de 5% a 5,25% para 5,50% a 5,75%. Até dezembro, o Fed terá mais quatro encontros.

Porém, mesmo digerindo os próximos passos do banco central americano, Pacheco diz que “não acha absurdo pensar” em um dólar nos níveis de R$ 4,60 e até de R$ 4,50 nas próximas semanas.

“Não acho que seja impossível. Mas também não acho que seja tão sustentável esse dólar para baixo”, pondera. Segundo o analista da Empiricus, vide a importância da taxa de câmbio para as exportadoras, a queda do dólar tira a atratividade das empresas exportarem seus produtos.

“Mas ainda vejo espaço para R$ 4,50, que é visto por economistas como um câmbio de equilíbrio. Mas isso, claro, sem crise. Lembrando que qualquer estresse lá fora, a moeda também tem espaço para voltar aos R$ 5,00”, destaca.

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Suporte para R$ 4,80

Se a combinação dos fatores decisão do Federal Reserve e perspectiva mais positiva com o Brasil ajudaram o dólar a renovar as mínimas em um ano, o investidor quer saber o que pode sustentar a moeda abaixo desse patamar, não alcançado desde o começo de junho de 2022.

Por enquanto, para o head da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o que deve dar suporte para a divisa estrangeira na casa dos R$ 4,70 é a balança comercial.

“Movida pelas vendas de commodities. Além da taxa de juros [taxa Selic] que ainda está em um patamar muito alto. Esses dois componentes dão suporte ao dólar abaixo dos R$ 4,80″, avalia.

Weigt ainda destaca outro fator doméstico que tem ajudado o dólar a ficar abaixo dos R$ 5,00 desde abril, a diluição do risco fiscal. “Os grandes riscos que tínhamos na parte fiscal estão menores. E se tivermos a aprovação da reforma tributária, ou uma parte dela pelo menos, será positivo para dar esse suporte”, observa.

É hora de comprar dólar?

Seja para investir ou para viajar, analistas veem na atual cotação do dólar uma oportunidade de investimentos. Porém, como Pacheco vê espaço para mais quedas no preço da divisa, ele orienta quem quer comprar dólar agora pode esperar mais um pouco.

“Porque a gente pode ver novas quedas nas próximas semanas”, diz. Contudo, caso o investidor queira montar uma posição na moeda, a cotação em R$ 4,80 pode ser um bom nível para começar. “E vai investindo uma fatia à medida que a moeda for caindo”, reforça o analista da Empiricus.

Por outro lado, Weigt, da Travelex, ressalta a máxima dos investimentos de sempre diversificar a carteira de moedas, entre real, dólar e euro. “Diria que, de toda a carteira de investimento, indico ter sempre entre 10% a 30% dela em dólar ou euro, para justamente ter uma diversificação”, ressalta.

Repórter
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
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