Imprensa

Apple Daily, jornal pró-democracia de Hong Kong, publicará última edição na quinta-feira

23 jun 2021, 9:49 - atualizado em 23 jun 2021, 9:49
“Obrigado a todos os leitores, assinantes, anunciantes e honguecongueses por 26 anos de amor e apoio imensos. Aqui nos despedimos, cuidem-se”, disse o Apple Daily em um artigo (Imagem: REUTERS/Lam Yik)

O Apple Daily, tabloide pró-democracia de Hong Kong, publicará sua última edição no dia 24 de junho, informou o jornal, após um ano tempestuoso no qual foi alvo de operações da polícia e seu proprietário magnata e outros funcionários foram presos devido a uma nova lei de segurança nacional.

O fim do tabloide popular, que mistura um discurso pró-democracia com fofocas picantes de celebridades e investigações dos poderosos, provoca preocupações em relação à liberdade de imprensa e outros direitos da cidade controlada pela China.

“Obrigado a todos os leitores, assinantes, anunciantes e honguecongueses por 26 anos de amor e apoio imensos. Aqui nos despedimos, cuidem-se”, disse o Apple Daily em um artigo publicado na internet.

O apoio do jornal aos direitos e liberdades democráticos o tornou uma pedra no sapato de Pequim desde que seu dono, Jimmy Lai, um magnata que se fez sozinho na vida depois de ser levado da China continental a Hong Kong clandestinamente em um barco de pesca aos 12 anos, o fundou em 1995.

O tabloide chacoalhou o cenário da mídia em língua chinesa da região e se tornou um defensor da democracia às margens da China comunista.

Embora visto às vezes como apelativo por alguns de seus críticos, o tabloide serviu como um farol das liberdades midiáticas no mundo falante de chinês, sendo lido por dissidentes e uma diáspora chinesa mais liberal e desafiando constantemente o autoritarismo de Pequim.

Lai, cujos bens também estão congelados, está na prisão desde dezembro, tendo sido condenado por ter participado de assembleias ilegais resultantes de protestos pró-democracia.

Grupos de direitos humanos, organizações de mídia e governos ocidentais, como a União Europeia e o Reino Unido, criticam a ação contra o jornal.

A líder de Hong Kong, Carrie Lam, disse na terça-feira que as críticas à operação no jornal equivalem a tentativas de “embelezar” atos que ameaçaram a segurança nacional. Autoridades chinesas rejeitaram as críticas por vê-las como interferência.

Hong Kong e autoridades continentais repetem que as liberdades midiáticas são respeitadas, mas não são absolutas.

Um leitor disse que o fechamento da publicação pode anunciar o fim da liberdades de imprensa de Hong Kong. “Se uma organização tão forte pode perder sua voz, acho que outras organizações de mídia ficarão assustadas”, disse Johny Ku, de 55 anos.

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