Coluna da Roberta Scrivano

April Reppy Suydam: “Investimentos por meio de ETFs devem acelerar nos próximos anos”

20 dez 2022, 14:13 - atualizado em 20 dez 2022, 14:17

A gestora internacional First Trust estreou na bolsa brasileira (B3) em 2021 com o lançamento de 17 BDRs de ETFs. Agora, com o objetivo de oferecer mais soluções e educação em fundos de índice (ETFs, na sigla em inglês) para os investidores brasileiros, a gestora contratou a HMC ITJ, empresa de consultoria e colocação que será responsável pela ponte entre a First Trust e o mercado doméstico.

A líder da First Trust na América Latina, April Reppy Suydam, comenta a presença da gestora no mercado brasileiro e as expectativas para o próximo período. Confira:

Você pode comentar o porquê de a First Trust explorar o mercado brasileiro? O que você acha ser interessante em lançar ETFs como BDRs aqui no Brasil?

Há muitos anos, nós estudamos e acompanhamos o mercado brasileiro, o maior da região. Historicamente, os juros domésticos para produtos internacionais são baixos, dadas as altas taxas de juros da renda fixa local.

À medida que várias dinâmicas de mercado se tornam mais favoráveis, esperamos que o interesse em gestoras internacionais continue crescendo. Vemos um crescente apetite e oportunidade para soluções internacionais, especialmente ETFs.

Os BDRs lastreados em ETFs são interessantes e, desde outubro de 2020, ajudam a abrir o mercado e permitir que mais instituições brasileiras acessem empresas e gestoras, sem a necessidade de remeter recursos para o exterior. A First Trust foi a segunda empresa a listar BDRs lastreados em ETFs localmente no Brasil, com 17 BDRs lastreados em ETFs da First Trust na bolsa B3 atualmente disponíveis para investidores credenciados.

Os BDRs lastreados em ETFs são particularmente interessantes porque podem ser considerados veículos locais, de acordo com a legislação. Especialmente no segmento de previdência, por exemplo, isso pode permitir maior acesso e oportunidades de exposição internacional em suas carteiras.

Houve aumento de investidores em BDRs até abril de 2022, depois da estagnação. E começou a cair em agosto. O que você acha que aconteceu? O produto atingiu algum limite?

A economia e os mercados globais têm sido difíceis para todos os investidores este ano. Sem mencionar que foi um ano eleitoral no Brasil, e os ambientes de taxa local e câmbio foram dinâmicos.

Em vez de limites, os BDRs lastreados em ETFs têm uma oportunidade nascente ainda pela frente. A First Trust, juntamente com a HMC ITJ, está focada em fornecer educação em ETF para investidores institucionais no Brasil, especialmente fundos de pensão, gestoras, bancos privados, multi-family offices e empresas de seguros.

Segundo a B3, o número de investidores institucionais em BDRs é superior a 100, segmento promissor no mercado, na avaliação da empresa.

Nos últimos meses, vários gerentes internacionais entraram no negócio. Gostaria de entender o apelo do produto neste momento para a chegada de agentes como vocês. É um produto barato? É acessível para o gerente? Existe uma meta de estreitar o relacionamento com a B3? 

Como na maioria dos países, o ecossistema financeiro é fortalecido pela presença de múltiplas instituições que colaboram juntas. No Brasil, a B3 é uma das principais instituições do ecossistema local.

Com a mudança na regulamentação local no final de 2020, as barreiras de entrada são reduzidas para gestores internacionais disponibilizarem suas estratégias localmente e a B3 ajudou a facilitar este processo. Acreditamos que educação e informação financeira de qualidade são importantes para o mercado brasileiro.

Assim, a First Trust pretende se concentrar na educação de ETF para reforçar e contribuir para o crescimento do ecossistema do ETF local. Esperamos fazer isso em colaboração com a B3, HMC ITJ e outros membros do ecossistema crescente.

Seu foco é alcançar investidores institucionais ou pessoas físicas?

Neste momento estamos focados em investidores institucionais.

First Trust pretende lançar mais BDRs? Quais áreas você considera ser mais interessante no momento?

Sim, pretendemos lançar mais BDRs lastreados em ETFs no futuro, sujeito à aprovação da legislação local. À medida que a regulamentação local continua a evoluir e há mais educação e conscientização em todo o ecossistema, acreditamos que a dinâmica do mercado permitirá o crescente apetite e oportunidade para soluções internacionais.

Talvez o mais interessante seja entender a preferência do investidor local por BDRs lastreados em ETF, em comparação com ETFs locais e ETFs internacionais ao longo do tempo.