Armínio Fraga volta a defender congelamento do salário mínimo por 6 anos: ‘seria espetacular para os pobres’

O economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC), diz acreditar que o Brasil precisa congelar o salário mínimo por seis anos. A proposta é não realizar o aumento real, apenas reajustar o valor pela inflação do ano anterior.
O sócio-fundador da Gávea Investimentos já havia defendido a ideia em abril, durante evento nos Estados Unidos. Na ocasião, o economista afirmou que o gasto com folha de pagamentos e previdência no país chegam a 80% do orçamento.
Em entrevista ao jornal O Globo, Fraga reafirmou sua posição, defendendo um forte ajuste fiscal para equilibrar as contas públicas. Em suas projeções, a economia com a medida seria de 1 ponto percentual (p.p) do Produto Interno Bruto (PIB) ao fim do período de seis anos.
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Nas regras atuais, o salário mínimo pode subir até 2,5% acima da inflação do ano anterior. O aumento real do salário mínimo foi uma das principais promessas do presidente Lula na campanha presidencial.
Situação fiscal insustentável
Para Fraga, é inevitável um ajuste fiscal que consiga promover uma economia de 3 p.p. do PIB nas contas públicas, diante de um cenário com o juro real básico em torno de 7%. O economista disse que falta prioridade orçamentária para o governo.
Ao Globo, o economista afirmou que o Brasil está pagando juros enormes, a perder de vista, há 30 anos. Com isso, o investimento no país, que já é baixo, fica prejudicado.
Segundo Fraga, o Brasil já deveria ter aprendido que “nas aventuras populistas, voluntaristas fiscais, deu tudo errado”, citando o exemplo da crise econômica que ocorreu no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
Após tornar sua proposta pública no mês passado, o ex-presidente do BC foi criticado por setores da sociedade. Em resposta, ele defende que a ideia seria “espetacular para os pobres”, já que no médio e longo prazo deve reduzir os juros e gerar mais investimentos no país.
O economista diz que o corte de gastos tributários poderia ser uma outra alternativa, mas que encontraria mais dificuldades políticas de aprovação, por mexer com setores poderosos da sociedade.
Como exemplo, Fraga cita regimes especiais do Imposto de Renda e subsídios do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que podem chegar a 7% do PIB. O economista apoia a implementação de ambas as medidas em busca do equilíbrio fiscal.
Para o especialista, mesmo com os ajustes, o país precisa discutir uma reforma mais profunda em relação à previdência. O ajuste promovido pelo presidente da Argentina, Javier Milei, foi citado como um exemplo, embora tenha sido feito “de forma meio tosca”, segundo Fraga.
Sobre o orçamento para saúde e educação, que podem ser comprometidos pelas atuais regras do arcabouço fiscal, o economista diz que é contra reduções. Fraga afirmou que mexeria na previdência, nos gastos tributários, que geram grande impacto fiscal.
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