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As 4 dicas mais importantes para selecionar um consultor financeiro

13 jun 2020, 10:32 - atualizado em 12 jun 2020, 18:38
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Bons corretores também me ajudam a economizar tempo. Eles são meus olhos e ouvidos no mercado. Eles estão lá todo dia, assim eu não preciso estar. Prefiro estar jogando golfe (Imagem: B3/Linkedin)

Caro Leitor,

Dois homens saíram para jantar. Eram velhos amigos e queriam colocar a conversa em dia. Um deles era um bem-sucedido investidor do mercado imobiliário. O outro era um gerente em uma empresa. Ao longo do jantar, eles inevitavelmente começaram a falar sobre investimentos.

“Eu nunca poderia fazer o que você faz”, disse o gerente ao amigo. “É muito arriscado. Fico feliz por você ser bem-sucedido, mas eu jamais poderia fazer isso.”

“Claro que poderia”, disse o investidor do mercado imobiliário. “Tudo que é preciso é uma mudança de mentalidade e um pouquinho de ajuda. Eu passei vários anos estudando dinheiro e o mercado imobiliário e tenho um grande corretor de imóveis que me ajuda a encontrar e fechar ótimos negócios.”

“Eu não tenho tempo para fazer todo esse estudo”, o gerente disse ao amigo investidor. “Eu trabalho muito. E a ideia de trabalhar com um corretor me dá calafrios. Que bandidos! Por que deveria pagar a eles tanto dinheiro se não fazem praticamente nada?”

“Um bom corretor custa um bom dinheiro”, disse o investidor do mercado imobiliário. “Eu gosto de pagar bem meu corretor… se ele é bom no que faz. Considero isso parte do custo do investimento.”

A conversa se estendeu mais um pouco e no fim os amigos concordaram em discordar. Quando chegou a conta, ambos tiveram uma amigável discussão sobre quem iria pagar. O gerente ganhou a “briga” e foi quem pagou.

E enquanto assinava, disse, “que ótimo garçom o que nos serviu hoje, vou dar uma boa gorjeta”.

O amigo investidor viu que ele estava dando uma gorjeta generosa, de 22% sobre o total. Se despediram e cada um voltou para as suas vidas.

Essa história ilustra uma verdade genérica sobre um bom conselho: no que se refere a ativos, os pobres e a classe média são “mão fechada”, mas geralmente gastam muito com passivos.

Eu acho engraçado que os pobres e a classe média insistem em dar boas gorjetas — às vezes até mesmo quando o serviço é ruim —, mas reclamam de pagar a corretores comissões entre 3% e 7% pelos seus serviços. Os pobres e a classe média gostam de pagar gorjetas para pessoas que estão na coluna de despesas e são tacanhos com as pessoas na coluna de ativos. Isso não é financeiramente inteligente.

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No que se refere a ativos, os pobres e a classe média são “mão fechada”, mas geralmente gastam muito com passivos (Imagem: Pixabay/Audy0073)

O valor da boa informação

Nós vivemos na Era da Informação e informação não tem preço. Um bom corretor tem que ser capaz de te oferecer informação que possa te tornar rico, assim como de dedicar tempo para te educar.

Eu tenho vários corretores que me oferecem isso. Alguns me passaram informações valiosas mesmo quando eu tinha pouco dinheiro, ou não tinha dinheiro algum, e eu ainda estou com eles até hoje.

O que eu pago a eles é um pequeno valor em comparação com o que ganho graças às ótimas informações e aos grandes conselhos que me dão. Eu adoro quando os meus corretores ganham muito dinheiro porque geralmente isso quer dizer que eu estou ganhando muito dinheiro também.

O valor do tempo economizado

Bons corretores também me ajudam a economizar tempo. Eles são meus olhos e ouvidos no mercado. Eles estão lá todo dia, assim eu não preciso estar. Prefiro estar jogando golfe.

Os que gostam de fazer seus próprios investimentos sem ajuda profissional não devem valorizar o tempo deles. Por que eu economizaria alguns tostões quando poderia usar esse tempo para fazer o que sou bom de verdade para ganhar dinheiro ou fazer algo que amo?

É importante lembrar, porém, que nem todos os corretores são iguais. Infelizmente, alguns são apenas vendedores.  Eles vendem, mas não possuem nada. Há uma enorme diferença entre um corretor que vende casas e um corretor que vende imóveis para investimento e ele próprio é um investidor.

O mesmo é válido para os que vendem/sugerem ações, títulos, fundos mútuos e seguros — os que se definem como planejadores financeiros.

Quando procuro bons corretores, quero saber quantos imóveis ou ações eles próprios possuem e qual percentual pagam em impostos. Isso se aplica também para o meu advogado tributarista e contador. As respostas me dizem muito sobre a inteligência financeira deles e se eles podem mesmo me ajudar — não apenas me vender coisas.

E o mais importante é encontrar um corretor que realmente tenha as melhores intenções no seu coração. Muitos corretores vão gastar boa parte do tempo deles te ensinado. E, por causa disso, eles podem ser um dos seus ativos mais valiosos. Seja justo com eles e a maioria deles será justo com você.

Se você não quer pagar por uma boa ajuda, então por que eles deveriam ajudar você? Você não trabalharia de graça. Nem eles deveriam.

Como encontrar conselhos financeiros de verdade

Se você publicar uma simples pergunta nas redes sociais (por exemplo: que tipo de carro devo comprar?), é inacreditável o número de pessoas que vão surgir do nada para dar sua opinião.

Algumas dessas opiniões são baseadas em experiência pessoal, outras em anúncios que viram ou na experiência de algum amigo e outras na suposição do que você deseja e no quanto pode pagar. Mas quantos desses conselhos se baseiam em fatos? Eu arrisco dizer que bem poucos ou mesmo nenhum.

O mesmo se aplica à maioria dos tópicos, incluindo assessoria financeira. Na mídia, com frequência vejo afirmações que me fazem parar e pensar: “Esse conselho é com base em fatos ou opinião?” É  o caso de afirmações como “homens são melhores investidores que mulheres” ou “homens não assumem riscos quando o tema é dinheiro”. Isso pode soar especialmente confuso quando você está começando na sua jornada para alcançar seus sonhos financeiros.

Se você já assistiu algum programa sobre finanças pessoais na TV, provavelmente já viu o apresentador se voltar para o convidado e perguntar algo do tipo: “Você acha que o mercado acionário vai enfrentar uma crise?” E o convidado apresenta com segurança a sua resposta — ou melhor, a sua opinião.

É uma opinião porque esse convidado não tem ideia do que vai acontecer. Ninguém pode afirmar com 100% de certeza o que vai acontecer com o mercado acionário. São várias opiniões baseadas em inúmeros fatores e tendências históricas.

Quando pipocam conselhos financeiros, como saber em quem confiar?

  1. Escolha seus assessores com inteligência. É fácil supor que, se alguém for bem-sucedido, seus conselhos valem mais. Mas só porque essas pessoas são bem-sucedidas em um aspecto da vida delas, isso não significa que elas sabem tudo sobre qualquer coisa. Elas podem estar oferecendo conselhos com base na sua experiência pessoal, que pode ser rara e incomum. Podem apenas ter tido sorte. Podem saber muito sobre X, mas nada sobre Y (e obviamente você está perguntando sobre Y). É preciso fazer muitas perguntas antes de colocar alguém em um pedestal para verificar se de fato a pessoa é especialista na área sobre a qual você está fazendo perguntas.
  2. Pratique o que você prega. Nós todos já vimos médicos e enfermeiros que fumam, ouvimos histórias de advogados que infringiram a lei e provavelmente já notamos um personal trainer na academia que não estava muito em forma — claro, essas pessoas são apenas seres humanos, mas não estão alinhadas com sua própria “marca”. É importante determinar se o especialista do qual você está buscando aconselhamento (como um consultor financeiro ou corretor de imóveis) está seguindo o que prega. Em outras palavras, está investindo no que recomenda que você invista? Está praticando os hábitos e estratégias que defende? Está vivendo no dia a dia conforme as mensagens que passa? Se a pessoa não segue o próprio conselho que dá aos outros, esse é um enorme sinal de alerta.
  3. Considere a fonte. Você já prestou atenção nos anúncios de produtos ou empresas financeiras em programas na TV sobre finanças? Eles geralmente apresentam empresas de fundos mútuos, corretoras de ações e bancos de investimento. Hmmmm, não é de se admirar que as informações desses programas favorecem fundos, ações, títulos e instrumentos financeiros relacionados. Se o principal anunciante deles é uma empresa de fundos mútuos e o dinheiro da publicidade está mantendo o veículo de comunicação (programa de TV, revista, jornal) de pé, você acha que eles falariam mal dos fundos mútuos? Provavelmente não. Sempre considere a fonte antes de acreditar na informação apresentada para você.
  4. Assessor ou vendedor? Sempre siga o dinheiro da pessoa que está te aconselhando determinado investimento. Essa pessoa tem um objetivo (ela se beneficia direta ou indiretamente do conselho que está dando)? Pergunte como ela está sendo paga para saber se há alguma comissão envolvida. Faça o que puder para separar os conselhos reais do discurso de vendas.

Abraço,

Robert Kiyosaki é autor do best seller Pai Rico, Pai Pobre, além de outros 25 livros sobre finanças. Ele passou sua carreira trabalhando como educador financeiro, empresário, investidor de sucesso, magnata do mercado imobiliário e palestrante motivacional. Robert também é o responsável pela Rich Dad Company, uma empresa que ele criou em 1997 para comercializar seus livros e jogos.
Robert Kiyosaki é autor do best seller Pai Rico, Pai Pobre, além de outros 25 livros sobre finanças. Ele passou sua carreira trabalhando como educador financeiro, empresário, investidor de sucesso, magnata do mercado imobiliário e palestrante motivacional. Robert também é o responsável pela Rich Dad Company, uma empresa que ele criou em 1997 para comercializar seus livros e jogos.
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