As ‘criptomoedas de Banco Central’ morreram? O que estudo da Nexa aponta sobre CBDCs
 
						O desenvolvimento do mercado de criptomoedas abriu espaço para a tokenização das mais variadas formas, inclusive do dólar. Daí nasceram as stablecoins, as moedas com lastro em ativos do mundo real. Mas a tecnologia blockchain também permitiu o surgimento de moedas virtuais emitidas por Bancos Centrais, as chamadas CBDCs.
Entre 2022 e 2024, diversos BCs mundo afora lançaram seus projetos-pilotos de Central Bank Digital Currencies, entre eles o BC da China (PBoC), o Federal Reserve, dos Estados Unidos, e o do Brasil.
Um estudo feito pela Nexa Finance em outubro deste ano mostrou que o número de países e uniões monetárias explorando CBDCs chegou a 137 em 2025. No entanto, apenas 5 jurisdições avançaram da fase de “Pesquisa” para a de “Desenvolvimento”.
O Drex — como ficou conhecido o projeto-piloto do real digital — era um dos mais promissores até então. Contudo, em setembro deste ano, o BC deixou de lado o uso da blockchain no desenvolvimento do projeto, alegando questões relacionadas à privacidade e segurança das informações on-chain.
Se, por um lado, os projetos de CBDCs desaceleraram nos últimos anos, por outro, as stablecoins tiveram um aumento significativo de adoção.
A pergunta que se faz agora é: chegou o fim da era das CBDCs e o começo da era das stablecoins?
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CBDCs X Stablecoins: Cripto contra cripto
Em linhas gerais, as CBDCs nada mais são do que a versão tokenizada de moedas emitidas por Bancos Centrais, enquanto as stablecoins são emitidas por entidades privadas. Nesta reportagem você conhece mais a fundo as diferenças entre uma e outra.
É importante notar que o próprio Banco Central brasileiro já declarou que 90% do fluxo cripto no Brasil é de stablecoins, o que mostra a relevância deste tipo de ativo.
Para Cauê Duarte, sócio da Nexa Finance, essa mudança se deve a uma preferência do mercado como um todo por stablecoins em detrimento das CBDCs.
“Nos Estados Unidos, o avanço regulatório foi acompanhado de uma inflexão política: enquanto o governo Trump aprovou o Anti-CBDC Act, proibindo explicitamente o Federal Reserve de lançar uma moeda digital soberana, o Congresso aprovou o Genius Act, criando um marco federal para stablecoins. A mensagem é clara: em vez de competir com o setor privado, o governo optou por regulá-lo e impulsioná-lo”, comenta.
Duarte entende que o Brasil segue uma trajetória semelhante. “O Banco Central sinalizou que a terceira fase do Drex pode não usar blockchain. A decisão surpreendeu, mas revela maturidade: o BC deve concentrar esforços em regulação e supervisão, enquanto abre espaço para que a iniciativa privada lidere a inovação”.
Stablecoins se moldam às necessidades do cliente
As stablecoins também contam com outra vantagem que é a capacidade de moldarem suas redes para casos de uso específicos. Vale mencionar que o projeto do Drex também pretendia ser um ecossistema mais abrangente e não apenas uma versão em blockchain do real, mas isto é história para outra reportagem.
Voltando alguns passos, as stablecoins originalmente foram pensadas como uma forma de preservar valor on-chain porque estão atreladas a um ativo estável e reconhecido internacionalmente: o dólar.
Entretanto, os casos de uso do varejo não ganharam tanta popularidade no Brasil, que já tem soluções como o Pix, por exemplo. Lá fora, onde as transações ainda não são completamente digitalizadas, as stablecoins acabaram se popularizando como meio de troca justamente pela falta de outras soluções.
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Mas, por aqui, as stablecoins se voltaram para os institucionais no formato de solução de liquidação de pagamentos e contratos (até mesmo smart contracts, em alguns casos). Moedas atreladas ao real, como o BBRL, do Braza Bank, o BRL1, do consórcio formado pelo Mercado Bitcoin, Foxbit, entre outras, e o BRLV, da Crown, são alguns exemplos.
John Delaney, CEO da empresa de tecnologia financeira Crown, afirmou que a stablecoin BRLV não veio para se somar ao rol de soluções do varejo — ainda que não descarte abrir a negociação para um público amplo —, mas que está focada em soluções para empresas e remessas internacionais.
Isso fez com que, ainda segundo o estudo da Nexa, o volume mensal negociado em stablecoins superasse os US$ 3,5 trilhões neste ano. Em 2024, o volume total foi de US$ 27 trilhões — enquanto o da Visa foi de US$ 16 trilhões e o da Mastercard, de US$ 9,8 trilhões.
“Por que a Visa quer começar a liquidar pagamentos em stablecoins agora? Não é porque eles acham mais bonito, é porque é mais barato e eficiente”, comenta.
Com isso, os BCs mundo afora vêm abandonando projetos do gênero e buscam focar na regulação desses entes junto a órgãos como a Receita Federal e a CVM de seus respectivos países.
 
							 
				 
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