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As melhores ações de saúde em meio a um cenário difícil (e os papéis para evitar), segundo o Santander

20 jan 2023, 14:49 - atualizado em 20 jan 2023, 14:49
Saúde
O setor privado de saúde não deve ter um forte desempenho este ano, segundo o Santander (Imagem: Pixabay)

Para 2023, o Santander tem preferência por subsegmentos que carregam menor correlação com o cenário macroeconômico, como farmacêutico, oncologia e odontologia.

A principal escolha do banco no setor farmacêutico é a Hypera (HYPE3), embora também tenha apostas nos setores oncológico e odontológico em Oncoclínicas (ONCO3) e OdontoPrev (ODPV3).

A preferência do Santander se dá por conta de uma perspectiva negativa para o setor privado de saúde. Para o banco, o ambiente econômico não deve favorecer um forte desempenho do setor, uma vez que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) permanece baixo e a taxa de desemprego pode se deteriorar no Brasil em 2023.

“O top-down não é bom para pagadores (seguradoras de saúde) e provedores (hospitais e diagnósticas), pois as empresas podem enfrentar dificuldades para adicionar beneficiários e aumentar os preços, levando a uma taxa de sinistralidade potencialmente consistente e acima da média e criando dificuldades para os fornecedores negociarem preços”, avaliam analistas da instituição, em relatório.

Top pick

Entre as recomendações, o Santander estima que Hypera seja capaz de sustentar um forte desempenho operacional este ano. O banco enxerga a empresa potencializando novas vias de crescimento, incluindo o mercado institucional, o que, na perspectiva do Santander, pode levar a um crescimento mais forte no médio prazo.

“Esperamos que a Hypera continue lançando seu extenso portfólio de produtos, levando a ganhos de participação de mercado no segmento de varejo. No mercado institucional, prevemos receitas estáveis, devido a uma base comparável difícil em 2022 (vendas de imunoglobulinas)”.

O Santander evidencia que a empresa teve potencialmente um de seus melhores desempenhos operacionais em 2022, com vários lançamentos de produtos importantes, grandes ganhos de participação de mercado e expansão de margem durante 2022.

O banco alerta que a empresa está carregando uma alavancagem maior, mas não se preocupa com isso neste momento, por conta do alto perfil de geração de caixa da Hypera.

Para o Santander, “a avaliação ainda parece barata em 14x P/L em 2023 contra a média histórica de negociação de 16x”.

O Santander projeta para 2023 uma receita de R$ 8,62 bilhões, com crescimento de 16% na base anual (15% orgânico). Para o banco, a margem EBITDA ajustada deve ficar estável em 35,8% devido ao mix de produtos.

“Com isso, projetamos lucro líquido de R$ 1,94 bilhão. Por fim, esperamos que a Hypera reduza organicamente para 2,2x a dívida líquida sobre o EBITDA ajustado de 2,5x em 2022”.

A recomendação de “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado) foi reiterada, ao preço-alvo de R$ 55.

Ações que valem uma chance

Em relação à Oncoclínicas, a reestruturação societária deve ser o principal catalisador para as estimativas de ganhos da empresa, segundo o Santander.

A Oncoclínicas iniciou a primeira fase do projeto de normalização tributária, o que impactou positivamente na alíquota efetiva já no terceiro trimestre de 2022.

“Fora isso, esperamos um forte crescimento orgânico e maior escala, após importantes fusões e aquisições (M&A), para gerar melhores margens”, comenta o Santander.

Na visão dos analistas, a alavancagem permanece em um nível administrável, mas provavelmente impedirá que mais M&As e que o lucro por ação (EPS) expanda todo o seu potencial.

“Projetamos receita de R$ 5,32 bilhões em 2023, implicando em uma alta de 30% na base anual, com EBITDA ajustado de R$ 1 milhão e lucro líquido ajustado de R$ 260 milhões”.

Para este ano, o Santander estima melhores preços médios líquidos de procedimentos. Na outra ponta, o banco prevê volumes ligeiramente menores, um grande aumento nas despesas financeiras líquidas e uma dinâmica de capital de giro ligeiramente pior.

A classificação de “outperform” foi reiterada, mas o preço-alvo foi reduzido, caindo de R$ 12,50 para R$ 10,75 em 2023.

Rendimento de dividendos

O Santander avalia OdontoPrev como um dos nomes de saúde mais resilientes, sendo uma boa empresa para navegar em um ambiente econômico potencialmente volátil em 2023.

O banco enxerga um rendimento de dividendos positivo de aproximadamente 8%, o que pode ser um suporte para os preços das ações. A recomendação foi atualizada para “outperform” e o preço-alvo foi reiterado a R$ 12.

As principais mudanças nas estimativas do Santander foram relacionadas a um número menor de beneficiários, devido ao cenário macro ainda difícil e margens mais altas no curto prazo.

“Em suma, nossas estimativas de receita mais baixas foram compensadas por margens mais altas, o que levou nossas expectativas de resultado a aumentar 1% em 2023”, explica.

O Santander espera que a empresa sustente margens acima da média histórica. Contudo, o banco diz que as margens provavelmente cairão 140 bps (pontos-base) este ano, para 28,7%, devido a uma base comparável difícil.

Ao todo, na visão do Santander, o lucro líquido ajustado deve atingir R$ 447 milhões em 2023 e pode surpreender positivamente o mercado.

O Santander espera que OdontoPrev cresça mais rapidamente nos segmentos de maior margem, que são pequenas e média empresas e pessoas físicas. Segundo o banco, isso poderia sustentar maior crescimento e melhores margens no médio prazo.

O banco estima que a receita líquida possa saltar para 8% em 2023, após registrar um crescimento médio de receita anual (CAGR) lento de 2,4% em 2019-2022.

“Projetamos receita líquida de R$ 2.09 bilhões com um EBITDA ajustado de R$ 599 milhões em 2023”, completa.

O banco estima que a margem EBITDA ficará sob pressão e destaca que o capex (investimentos) pode continuar acima do nível histórico devido aos investimentos em tecnologia.

O Santander tem ainda recomendação de “outperform” para Rede D’Or e Hapvida (HPAV3).

Para Qualicorp (QUAL3) e Dasa, a avaliação não é das melhores. Na avaliação do Santander, a Qualicorp pode enfrentar mais um ano de cancelamentos de membros.

Repórter
Graduanda em jornalismo pela Universidade Estácio de Sá. Tem experiência cobrindo mercados, ações, investimentos, finanças, negócios, empreendedorismo, franquias, cultura e entretenimento. Ingressou no Money Times em 2021.
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Graduanda em jornalismo pela Universidade Estácio de Sá. Tem experiência cobrindo mercados, ações, investimentos, finanças, negócios, empreendedorismo, franquias, cultura e entretenimento. Ingressou no Money Times em 2021.
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