Pesquisa Eleitoral

As pesquisa eleitorais erraram? O que dizem os institutos e os especialistas sobre o resultado das urnas

07 out 2022, 20:10 - atualizado em 07 out 2022, 20:10
Lula e Bolsonaro
(Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

O Datafolha divulgou nesta sexta-feira (7) sua primeira pesquisa eleitoral para o segundo turno das eleições de 2022. O novo levantamento chega ao público em um ambiente marcado pela contestação aos institutos de pesquisa após divergências consideráveis entre o resultado apurado nas urnas no primeiro turno e o divulgado por essas instituições na véspera.

Três dos maiores institutos de pesquisa do país, Datafolha, Ipec, Ipespe, apontaram na véspera do primeiro turno que a diferença de votos entre os candidatos Luiz Inácio Lula da SIlva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) seria de 14 pontos percentuais (pp), com vantagem para o petista. O apurado nas urnas, porém, foi uma diferença de pouco mais de 5 pp.

Segundo o analista político da Levante Corp, Felipe Berenguer, é difícil explicar com previsão o motivo dos institutos de pesquisa terem se afastado tanto do resultado das urnas. Porém, ele trabalha com algumas hipóteses, como a falta de um censo atualizado, que faz com que os institutos utilizem proporções diferentes para a população evangélica e de baixa renda.

“As pesquisas eleitorais não estão conseguindo captar a real intenção de voto de um movimento como o bolsonarismo. Os institutos mais tradicionais subestimaram o Bolsonaro”, conta. “Outro motivo para essa dificuldade talvez seja uma resiliência desse grupo em responder as pesquisas. Com isso, acabamos entrando em uma espiral de desconfiança — quanto menos se confia, menos se responde”, completa.

Berenguer destaca também que, no geral, os institutos não erram tanto em relação aos votos de Lula e que as pesquisas feitas pela internet e por telefone aproximaram-se mais do resultado do primeiro turno.

O que dizem os institutos

Diante dos resultados apurados no primeiro turno, o Datafolha reafirmou o caráter de diagnóstico das pesquisas, e não de prognóstico, e a total imparcialidade e transparência do instituto.

Já o Ipec afirmou que as pesquisas eleitorais medem a intenção de voto no momento em que são feitas. “Quando feitas continuamente ao longo do processo eleitoral, são capazes de apontar tendências, mas não são prognósticos capazes de prever o número exato de votos que cada candidato terá”, disse.

Confira a posição dos institutos na íntegra

Nota Ipec

O Ipec é associado à ABEP, segue o código de ética da ESOMAR e os mais altos padrões adotados internacionalmente nos métodos utilizados em suas pesquisas. Além disso, está empenhado e comprometido em sempre analisar, identificar e aplicar melhorias técnicas e metodológicas que contribuam para o avanço e a acuracidade do resultado de suas pesquisas, pois sabe que este processo é contínuo.

As pesquisas eleitorais medem a intenção de voto no momento em que são feitas. Quando feitas continuamente ao longo do processo eleitoral, são capazes de apontar tendências, mas não são prognósticos capazes de prever o número exato de votos que cada candidato terá.

Especificamente com relação a estas eleições presidenciais, nossa última pesquisa mostrou que não era possível afirmar se a eleição acabaria ou não no primeiro turno. Assim se confirmou. A pesquisa Ipec apontava Lula como o candidato que ficaria melhor posicionado no 1º turno. Isto também se confirmou. Já o presidente Jair Bolsonaro obteve 6 pontos a mais do que a pesquisa mostrava. Em nossa avaliação, isto ocorreu por tendências também já apontadas pela pesquisa: 3% que ainda estavam indecisos; Ciro Gomes, que na pesquisa aparecia com 5% e obteve 3% dos votos na apuração; além do índice de Simone Tebet que também ficou um ponto abaixo do que a pesquisa mostrava (obteve 4% na apuração vs. 5% na pesquisa). Tais fatores já demonstravam uma provável migração de votos desses dois candidatos para Jair Bolsonaro. As estimativas de Branco, Nulos e outros candidatos ficaram em linha entre o TSE e a pesquisa.

Em relação às variações de resultados observadas nas pesquisas estaduais do 1º turno, o Ipec reforça seu compromisso de buscar soluções que eventualmente possam ser agregadas ou consideradas em conjunto com a sua metodologia e procedimentos operacionais. Contudo, este é um processo que requer tempo de estudo, análise e comprovação de hipóteses, para que possam ser implementados.

Por fim, o Ipec reafirma o firme compromisso de seguir realizando seu trabalho com a mesma correção, seriedade e dedicação, especialmente a partir dos dados de uma eleição onde a divisão do país representa uma maior dificuldade em se fazer estimativas.

Nota Datafolha

O Datafolha entende que as pesquisas não podem ser lidas como uma previsão do resultado da votação, mas sim retratar as preferências eleitorais no momento em que são feitas. Diferentes abordagens de diferentes institutos mostraram as mesmas tendências ao longo das semanas que antecederam a votação.

O Datafolha mostrou durante a disputa presidencial que Lula (PT) sempre esteve na frente, e que seu adversário mais próximo sempre foi Jair Bolsonaro (PL). Esses dois candidatos sempre tiveram, também, os votos mais cristalizados, enquanto Ciro Gomes (PDT), por exemplo, tinha 41% de eleitores que poderiam mudar de voto até o dia da eleição. Nas últimas três pesquisas antes do 1º turno, o Datafolha já vinha apontando a perde de votos de Ciro Gomes – o voto útil, neste caso, beneficiou mais o atual presidente do que seu adversário. A candidatura de Simone Tebet, também com menos votos consolidados, registrou percentual dois pontos abaixo do que o projetado pelo Datafolha na véspera. Esses movimentos ocorreram entre a véspera da eleição e o dia da votação, e não puderam ser captados por pesquisas realizadas entre sexta (30) e sábado (1). A votação final do candidato do PT (48,4% dos votos válidos) se mostrou alinhada ao resultado projetado na véspera (50%) devido ao fator já citado, a consolidação na preferência pela candidatura de Lula. As pesquisas do Datafolha também sempre apontaram, corretamente, a clivagem de gênero, religião e renda ao longo da disputa, e os resultados regionais oficiais refletiram essa divisão. Desde o início da campanha, o Datafolha realizou sete pesquisas sobre a disputa presidencial, e o conjunto de informações trazidas por elas são coerentes, sólidas e ajudaram a população a se informar sobre o processo eleitoral. As movimentações do eleitorado nos momentos finais da eleição são tomadas também por causa dessas informações, entre várias outras fontes que fortalecem e legitimam a escolha do eleitor no momento da votação.

Diante desses resultados, reafirmamos o caráter de diagnóstico das pesquisas, e não de prognóstico, e a total imparcialidade e transparência do Instituto Datafolha e sua equipe nas fases de captação e divulgação das opiniões e preferências dos eleitores brasileiros. Continuaremos nesse caminho, sempre buscando entregar a melhor informação aos brasileiros. Contamos para isso com o respeito ao trabalho de nossos pesquisadores que estão nas ruas brasileiras e com a liberdade de informar sem ameaças de violência ou censura.

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Repórter
Jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com extensão em jornalismo econômico pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Colaborou com Estadão, Band TV, Agência Mural, entre outros.
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Jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com extensão em jornalismo econômico pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Colaborou com Estadão, Band TV, Agência Mural, entre outros.
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