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Assembleia confirma mudança de comando na Americanas

13 dez 2021, 17:45 - atualizado em 13 dez 2021, 17:49
Lojas Americanas
A mudança, anunciada no início de novembro, foi oficializada na última sexta-feira em assembleia geral extraordinária de acionistas (Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil)

O trio de sócios Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles vai deixar o controle da varejista Americanas (AMER3), depois de 40 anos no comando da empresa.

A mudança, anunciada no início de novembro, foi oficializada na última sexta-feira em assembleia geral extraordinária de acionistas.

A transação simplifica a estrutura societária da companhia e responde a uma demanda de investidores. O próximo passo da empresa deverá ser a listagem de suas ações na Bolsa dos Estados Unidos.

Pela nova estrutura, a Americanas S.A. vai incorporar a Lojas Americanas – hoje, tanto holding quanto empresa têm ações listadas na Bolsa brasileira.

Com isso, cada acionista da Lojas Americanas (LAME4) receberá uma fração da ação da Americanas S.A., precisamente 0,188964 do papel.

Com a conclusão desse processo, em que apenas a Americanas S.A. será listada, o trio de investidores terá sua participação diluída e passará a deter 29,5% do capital, deixando, assim, o controle para ser o investidor de referência da empresa – que terá capital difuso no mercado.

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‘VALOR FUTURO’

Hoje, os controladores detêm 38,2% do capital total da Lojas Americanas e 60,8% das ações ordinárias, que são aquelas com direito a voto.

A companhia afirmou que a nova estrutura simplifica a compreensão do mercado sobre a empresa, aumenta a governança corporativa e também a liquidez das ações da Americanas.

“Paralelo à reorganização, os resultados já obtidos na etapa de combinação operacional – como o crescimento acima do mercado no terceiro trimestre deste ano, o ganho de market share no físico e no digital – evidenciam a bem-sucedida estratégia de geração de valor futuro da companhia”, afirmou, em nota.

A proposta inclui ainda um mecanismo para bloquear investidas de concorrentes, por exemplo. Por meio da chamada “poison pill” (“pílulas de veneno”, na tradução livre) a companhia quer incluir no seu estatuto regra determinando que, quando um investidor atingir uma participação de 15%, ele precisa, obrigatoriamente, fazer uma oferta pública para a aquisição da totalidade das ações em circulação.

Esse tipo de instrumento é comum em empresas sem um controlador.

DATAS

Os acionistas da Lojas Americanas que não concordarem em receber ações da Americanas S.A. terão um prazo, que começa amanhã e vai até o dia 13 de janeiro, para deixarem de ser acionistas.

Os dissidentes receberão, com isso, R$ 3,47 por ação, valor calculado com base no balanço patrimonial da Lojas Americanas em 30 de junho de 2021.

Depois disso, as bases acionárias começarão a ser consolidadas. O processo será concluído no dia 21 de janeiro, data que marcará a despedida dos papéis da Lojas Americanas na Bolsa brasileira.

Com a nova estrutura, a Americanas disse que também migrará suas ações para o Novo Mercado, o segmento de listagem da Bolsa brasileira com maiores exigências em termos de governança corporativa.

A nova estrutura societária também responde a uma queixa do mercado, que vinha pedindo mais governança à empresa.

Em abril deste ano, quando a companhia uniu as operações físicas e online (a Americanas e a B2W), a composição da holding não foi bem recebida por investidores, já que ela foi pensada exatamente para garantir que o controle fosse preservado.

A estrutura de holding permitia que o trio continuasse mandando na empresa, já que tinha mais do que a metade das ações com voto, mesmo que com menos de 50% de participação na empresa.

estadao.conteudo@moneytimes.com.br