Ministério da Defesa

Ataque do 8 de janeiro no Brasil “jamais acontecerá de novo”, diz ministro da Defesa

26 abr 2023, 18:36 - atualizado em 26 abr 2023, 18:36
8 de janeiro
“Eu acho que ali nós não acreditávamos que isso pudesse acontecer”, disse o ministro da Defesa, José Múcio, à Reuters (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O ministro da Defesa do Brasil prometeu nesta quarta-feira que o ataque de 8 de janeiro em Brasília, na qual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro depredaram as sedes dos Três Poderes, “jamais acontecerá de novo”.

“Eu acho que ali nós não acreditávamos que isso pudesse acontecer”, disse o ministro da Defesa, José Múcio, à Reuters em entrevista na capital portuguesa, Lisboa. “E nós todos fomos surpreendidos e pagamos um preço elevado por isso.”

Apoiadores de extrema-direita de Bolsonaro invadiram e vandalizaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e a sede do Supremo Tribunal Federal uma semana depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o cargo em 1º de janeiro, protestando contra sua vitória nas eleições de outubro e pedindo um golpe militar.

Bolsonaro negou responsabilidade pelos distúrbios, que geraram comparações com a invasão do Capitólio dos EUA em 2021 por apoiadores do ex-presidente norte-americano Donald Trump.

Há uma investigação policial em andamento para identificar as pessoas que participaram, financiaram ou fomentaram as invasões. O Congresso brasileiro também se prepara para abrir uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.

O general da reserva Marco Gonçalves Dias renunciou ao cargo de ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) na semana passada depois que uma reportagem da emissora CNN incluiu imagens dele andando pelo Planalto durante os ataques no dia 8 de janeiro.

“Falta de confiança”

Fontes próximas a Lula disseram que GDias, como é conhecido, não facilitou a invasão, mas imagens divulgadas pela CNN Brasil mostraram outros funcionários do GSI, como um capitão do exército, distribuindo água aos invasores.

“A discussão agora é se esse comando (do GSI) deve continuar com um militar ou se deve ser por um civil.” disse Múcio. “Nós temos tantos problemas e tantos embates pela frente, que nós já estamos administrando, que eu mexeria pouco, mas esta é uma opinião pessoal.”

“Eu acho que você pode até mexer (na liderança) aos poucos, em vez de mudar assim de forma abrupta”, acrescentou. “Eu acho que você pode até mexer nisso, com o tempo, mais pra frente… para não parecer que foi nenhuma represália ou nenhuma reprimenda, ou a materialização de uma falta de confiança”.

Múcio disse que cabe a Lula decidir.

O Congresso tem um número crescente de oficiais aposentados e até mesmo da ativa que alardeiam suas credenciais militares ou policiais como parte de seu apelo à lei e à ordem.

Com o objetivo de desencorajar a politização das forças de segurança, o ministério de Múcio apresentou recentemente uma proposta de lei que limitaria a candidatura de militares e policiais a cargos eletivos.

“Acho que (a legislação) vai ser aprovada (pelo Congresso), é uma coisa que vai ajudar a não misturar as coisas”, disse Múcio. “Política com os políticos. As forças (de segurança) com os militares.”

Múcio esteve em Portugal com outros ministros no âmbito da visita de Estado de Lula à Península Ibérica, a primeira à Europa desde que assumiu o cargo.

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