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Economia

Atividade perde fôlego e inflação segue comportada no Brasil; Fed cauteloso com avanço de preços nos EUA

14 jul 2025, 9:52 - atualizado em 14 jul 2025, 9:53
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Indicadores apontam desaceleração da economia brasileira em maio e continuidade do alívio inflacionário. Nos EUA, avanço da inflação pode adiar corte de juros pelo Fed. (Imagem: Getty Images/Canva)

A atividade econômica brasileira mostrou perda de tração em maio, com o IBC-Br, após recuos na indústria e no varejo. A sinalização reforça o cenário de desaceleração no segundo trimestre, ainda que sem indicar, por ora, uma tendência prolongada.

No campo inflacionário, a trajetória é de deflação, com o IGP-10 devendo registrar o recuo mais intenso em dois anos, diante da queda das commodities e valorização do real. Nos EUA, a inflação deve acelerar em junho, o que pode adiar cortes de juros pelo Fed, enquanto a China deve confirmar crescimento mais fraco, mas ainda alinhado à meta oficial.

Confira abaixo:

  • IGP-10: A combinação entre a valorização do real e a queda nos preços das commodities deve resultar no recuo mais intenso do IGP-10 em aproximadamente dois anos. Após o IGP-DI de junho ter registrado a segunda maior deflação mensal do século, a continuidade da correção nos preços dos alimentos tende a aprofundar o movimento deflacionário do IGP-10 em julho. As recentes leituras dos IGPs reforçam a perspectiva de um quadro inflacionário relativamente benigno ao longo do segundo semestre. Além disso, os dados do IPCA divulgados na última semana evidenciam não apenas a desaceleração dos preços na margem, mas também uma melhora na composição qualitativa do índice, com queda na difusão e arrefecimento dos núcleos de inflação.

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  • CPI: A inflação nos EUA deve acelerar em junho, com o CPI geral e o núcleo subindo, puxados principalmente pelos preços de bens básicos. Em termos anuais, a inflação cheia deve avançar, assim como o núcleo, e ambos ainda estão acima da meta de 2%. Essa retomada na inflação pode reduzir as chances de um corte de juros por parte do Fed em setembro, sobretudo diante de um mercado de trabalho ainda sólido. A persistência da pressão inflacionária deve manter o Fed em postura cautelosa, reforçando a perspectiva de que o ciclo de afrouxamento monetário deve ser lento e limitado. Embora a inflação mensal não deva sair de controle, os dados trimestrais anualizados indicam persistência da inflação, que permanecerá acima da meta neste recorte.
  • Produção industrial: A produção industrial dos EUA deve apresentar crescimento moderado em junho. O resultado deve refletir decisões estratégicas de empresas que anteciparam a aquisição de insumos diante da expectativa de aumento de custos com a implementação de tarifas. No varejo, após a contração de 0,9% registrada no mês anterior, em parte explicada pela antecipação do consumo pelas famílias, espera-se uma recuperação parcial. Esses dois resultados reforçam a leitura de que, apesar da desaceleração pontual do PIB no primeiro trimestre, a economia americana mantém núcleos de resiliência, o que tende a limitar o espaço para a flexibilização da política monetária pelo Fed.
  • PPI: O índice de preços ao produtor (PPI) dos EUA deve permanecer comportado em junho, uma vez que as tarifas anunciadas em abril foram, em grande parte, suspensas ou postergadas, limitando impactos imediatos sobre os custos de produção. À frente, contudo, espera-se que o PPI volte a ganhar tração com a efetiva implementação das novas tarifas, previstas para entrar em vigor integralmente a partir de agosto, sobretudo nos setores mais expostos às importações.
  • China: A economia chinesa deve crescer 5,0% no segundo trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior, desacelerando frente aos 5,4% registrados no primeiro trimestre, mas ainda em linha com a meta oficial de crescimento. Os dados de atividade de junho devem seguir refletindo uma atividade relativamente mais lenta que o desejado, com avanços marginais na produção industrial e nas vendas no varejo, em um ambiente de demanda interna contida e inflação persistentemente baixa.

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Consultor Econômico da plataforma Remessa Online
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica, mestre em Economia Política pela PUC-SP, professor e coordenador universitário do curso de Ciências Econômicas. É autor do livro O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico, que recebeu menção honrosa no Prêmio Brasil de Economia 2021 do Cofecon. Foi premiado pelo Banco Central nos anos de 2023 e 2024 por liderar o ranking anual Top 5 do Boletim Focus na categoria de projeções da taxa de desocupação da PNAD Contínua.
andre.galhardo@autor.www.moneytimes.com.br
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica, mestre em Economia Política pela PUC-SP, professor e coordenador universitário do curso de Ciências Econômicas. É autor do livro O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico, que recebeu menção honrosa no Prêmio Brasil de Economia 2021 do Cofecon. Foi premiado pelo Banco Central nos anos de 2023 e 2024 por liderar o ranking anual Top 5 do Boletim Focus na categoria de projeções da taxa de desocupação da PNAD Contínua.
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