Comprar ou vender?

Atrás de CMIN3, CSNA3, USIM5 e GGBR4: Por que VALE3 cai mais com o minério de ferro?

18 jun 2023, 17:51 - atualizado em 18 jun 2023, 17:51
Vale
Vale acumula queda de mais de 20% em 2023 com correção nos preços do minério de ferro (Imagem: Vale)

As ações da Vale (VALE3) já acumulam uma desvalorização de 21,6% no ano, superando até as perdas da CSN (CSNA3), de 7,76%, e abaixo do desempenho positivo de 9,55% da CSN Mineração (CMIN3).

O minério de ferro tem sido o principal vilão da história. Após o rali iniciado no fim do ano passado por especulações envolvendo a retomada da atividade econômica da China, os preços da commodity chegaram a superar os US$ 130/tonelada.

Porém, o mercado começou a corrigir para baixo nos últimos meses os preços negociados pela matéria-prima siderúrgica, após dados econômicos indicarem que a retomada da segunda maior potência do mundo se daria em ritmo mais lento do que o esperado.

O balde de água fria nas expectativas dos mercados teve impacto direto nas ações expostas à economia chinesa, com Vale saindo dos R$ 80 para ser atualmente negociada no patamar dos R$ 60.

Exposição à China

Mas por que a Vale, considerada uma tese consolidada do setor, cai mais do que outras ações que dependem do minério de ferro?

O que tem pressionado as ações da mineradora é a sua exposição ao “fator China”, explica André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital. Ele destaca que, como a Vale tem grande parte de sua receita proveniente da China, a companhia acaba sofrendo com a retomada mais lenta do país.

Isso explica também por que ações como CSN e CSN Mineração não caíram tanto quanto a Vale em 2023.

“Essas empresas não têm uma correlação tão alta com a China como a Vale, e isso justifica o porque de terem sofrido menos ao longo do tempo”, afirma Fernandes.

Heitor De Nicola, especialista em renda variável e sócio da Acqua Vero, ligado ao BTG Pactual, também destaca que a CSN tem outros mercados que a Vale não atinge, o que contribui para um desempenho “mais positivo” das ações.

No caso da Usiminas (USIM5), que acumula valorização de pouco mais de 3% em 2023, além da menor exposição ao mercado chinês, a companhia sinalizou melhorias operacionais em seus últimos resultados, referentes ao primeiro trimestre, o que ajudou a melhorar o sentimento do mercado em relação a ela.

O especialista da Acqua Vero lembra que a Usiminas já vinha de um cenário complicado, marcado por problemas operacionais e de alocação de capital. Além disso, o desempenho das ações ocorre mais pela melhora local do que pela recuperação do setor de mineração e siderurgia.

“Com a melhora local, as ações, que também estavam bastante descontadas, acompanharam o boom do mercado”, destaca.

Vale
Ação da Vale está descontada, avaliam especialistas (Imagem: REUTERS/Pilar Olivares)

Vale investir em VALE3?

Heitor De Nicola avalia que todo o cenário chinês atual (recuperação mais lenta, demanda fraca, menores investimentos em infraestrutura) está precificado nas ações da Vale.

“Fato é que as ações estão descontadas, porque todo esse cenário está precificado, dentro do preço de VALE3”, diz.

O sócio da Acqua Vero sinaliza melhora no quadro econômico da China, o que pode impulsionar tanto o segmento de mineração quanto o de siderurgia. Porém, vê potencial para novas quedas devido a eventuais ruídos econômicos chineses e domésticos.

O sócio da A7 Capital lembra que, para reduzir a dependência do minério de ferro, a Vale tem buscado diversificar sua linha de receitas desde 2021.

“A mineradora está alinhada com o caminho que o mundo está seguindo hoje, de transição energética e demanda por matérias primas mais sustentáveis. Nessa linha, a Vale é uma das grandes mineradoras de níquel e cobre, dois minérios essenciais para baterias de carros elétricos”, reforça Fernandes.

Para analistas, há motivos para seguir otimista com a Vale. O Bradesco BBI tem recomendação de compra para os papéis da mineradora, bem como o BTG e a Genial Investimentos.

Segundo a Genial, o momento atual se configura como uma “boa oportunidade a entrada no papel a um valuation barato”, mesmo com todas as dificuldades atuais.

Analistas da corretora destacaram a qualidade do ativo, conhecido pela boa geração de caixa, o que leva a bons pagamentos de dividendos.

Enquanto isso, o Goldman Sachs alerta que o mercado entrando em ponto de inflexão, para uma fase de sobreoferta no segundo semestre deste ano.

O banco avalia que o risco de downside (queda) prevalece. Em relatório publicado no início do mês, a instituição reforça que tanto a produção quanto a demanda por aço do país caíram. E, por mais que exista expectativa de novos estímulos para o setor imobiliário, a medida do governo chinês deve aliviar a queda, e não servir de gatilho para uma retomada significativa no curto prazo.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
Linkedin
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
Linkedin