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Azeite de oliva vira artigo de luxo e gera onda de roubos; especialistas veem “novo normal”

30 out 2023, 18:34 - atualizado em 30 out 2023, 18:36
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Azeite de oliva vira artigo de luxo em meio a seca sem precedentes no Mediterrâneo

Usado por diferentes culinárias ao redor do mundo, incluindo a brasileira, o azeite de oliva está se tornando aos poucos um artigo de luxo. 

Preços levantados pelo Fundo Monetário Internacional entre 2020 e setembro de 2023 indicam uma valorização de 256% da tonelada do azeite de oliva no mercado externo.

Atualmente, a tonelada do azeite está cotada acima dos US$ 9.600, muito além do recorde de US$ 6.242 por tonelada verificado em 1996.

A inflação do azeite piorou no último ciclo de colheita, delimitado entre dois verões consecutivos, quando o ingrediente disparou 140%, em meio a um tombo de 40% da produção de países líderes em exportação, como Espanha, Itália, Grécia e Turquia. Os dados são da Comissão Europeia.

A produção do azeite de oliva é quase uma exclusividade dos países do sul da Europa, dada a adaptação específica das oliveiras ao clima mediterrâneo.

Porém, o agravamento das mudanças climáticas tem aumentado a recorrência de secas mais intensas e prolongadas ao longo do Mar Mediterrâneo.

Em algumas regiões, especialistas identificam a formação de pequenos desertos, em um prenúncio assustador do que a região pode se tornar ao longo das próximas décadas.

Nesse sentido, produtores de azeite na Andaluzia, região do sul da Espanha que responde por 40% de toda a produção do país, foram entrevistados pela publicação científica Scientific American e falaram de uma catástrofe inédita para as olivícolas.

Segundo eles, o impacto também se dá através da qualidade da produção, com as oliveiras rendendo frutos menores.

Os sinais de dias melhores para o setor ainda estão por aparecer, e produtores regionais da Espanha já trataram de abaixar as expectativas para a safra 2023-24, que também deverá ser fraca, embora 7% maior do que a observada neste último ciclo.

Efeitos no Brasil: Produto tem alta de 50% em dois anos

Junto a Canadá e Estados Unidos, o Brasil é um dos principais importadores de azeite do mundo, e, por isso, não está imune à restrição de oferta no mercado internacional.

Segundo dados do IPCA, o azeite de oliva subiu cerca de 50% nos últimos dois anos, saltando de R$ 20 em julho de 2021 para cerca de R$ 30 este ano.

E a tendência, dizem especialistas do setor, é que o valor continue subindo — ao menos até que as regiões produtoras encontrem formas mais sustentáveis para uma produção que é altamente “hidrodependente”.

Diante da alta do azeite, consumidores brasileiros têm visto proliferar nas prateleiras as alternativas de baixo custo. São óleos compostos hidrogenados que possuem um gosto similar ao do azeite de oliva.

Ouro verde: Disparada do azeite faz casos de roubo de carga multiplicarem

Diante da disparada vertiginosa do preço do ingrediente no mercado externo, multiplicam-se casos de roubos de carga de azeite na Europa.

Como principal produtora do mundo, a maioria dos casos tem se concentrado na Espanha. Entre os ciclos de 2021/2022 e 2022/2023, houve um aumento de 28% no número de roubos em Jaén, considerada a capital mundial do azeite de oliva.

Na última ocorrência que se tem notícia, datada de outubro, a polícia espanhola apreendeu 74.000 quilos de azeitonas roubadas em uma província no sul de Sevilha. 12 pessoas foram presas por conta da ocorrência.

Mas o país ibérico não está sozinho nessa. Seu vizinho, Portugal, também está enfrentando uma onda de contrabando de azeitonas e falsificação do azeite nas gôndolas de supermercados.

Na Grécia, roubos de maior envergadura também têm ficado mais comuns, alarmando produtores. No início de outubro, uma cooperativa grega viu uma carga de azeite de oliva, avaliada em US$ 340 mil, ser extraviada.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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