Azul (AZUL4): Bradesco BBI rebaixa aérea com peso do risco de reestruturação

O Bradesco BBI rebaixou a recomendação para a Azul (AZUL4) de compra para neutra, tendo em vista o risco de uma reestruturação adicional em meio a um financiamento atrasado com apoio governamental. O preço-alvo é de R$ 1,30.
Os analistas André Ferreira, do BBI, e Wellington Lourenço, da Ágora Investimentos, destacam ainda notícias sobre negociações com credores para financiamento que apoie a aérea em um potencial processo de recuperação judicial nos Estados Unidos (Chapter 11).
“A oferta de ações para transformar US$ 275 milhões (R$ 1,6 bilhão) de notas com vencimento em 2029/30 em ações praticamente não teve subscrição ou participação externa, impedindo a Azul de transformar outros US$ 100 milhões em notas”, recordam os analistas.
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Agravando o cenário, os resultados reportados pela Azul no primeiro trimestre de 2025 foram mais fracos do que o esperado, com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) 2% abaixo do ano anterior, impactado pela desvalorização de 18% do real e por desafios operacionais.
Isso resultou em uma queima de caixa de R$ 313 milhões nas operações e levou a Azul a encerrar o período com uma posição de caixa de R$ 655 milhões, 49% menor em relação ao trimestre anterior.
“Em nossa visão, o fluxo de caixa até o final do ano é restrito — o que daria liquidez à Azul seria se o Governo disponibilizasse R$ 2 bilhões para serem usados como garantia para novas dívidas, o que poderia acontecer no primeiro semestre de 2025, mas isso tem sido repetidamente adiado nos últimos meses”, avaliam.
Neste cenário, o BBI e Ágora revisaram as estimativas para 2025, esperando um Ebitda de R$ 7,1 bilhões, em linha com o consenso.
Apesar do rebaixamento, AZUL4 encerrou a sessão com alta de 5,77%, a R$ 1,10 nesta segunda-feira (26).
O que está acontecendo com a Azul?
O fantasma de um Chapter 11 está assombrando a Azul.
A ação enfrentou forte queda após a agência classificadora de risco S&P cortar o rating de CCC+ para CCC-. Segundo a S&P, a aérea brasileira possui “risco elevado de inadimplência”. A perspectiva é negativa e a companhia está apenas dois degraus acima do D, que significa default (calote).
Segundo informações do Valor Econômico, a Azul negocia aproximadamente US$ 600 milhões em financiamento com credores para apoiar possível pedido de Chapter 11.
A operação pode ser anunciada nesta semana, segundo a Bloomberg, que ouviu fontes familiarizadas com a situação.
A Azul, no entanto, negou na sexta-feira (24) a formalização de instrumento sobre qualquer transação ou estratégia financeira.
“A Azul continua empenhada em fortalecer a sua estrutura de capital e que tem conduzido, no âmbito de sua agenda estratégica de criação de valor de longo prazo, de forma recorrente e diligente, em conjunto com os seus principais stakeholders”, disse o documento enviado ao mercado.
Apenas no acumulado do último mês, AZUL4 acumula queda superior a 46%.