Azul (AZUL4): BTG e XP colocam ação sob revisão; queda supera 70% no ano

O pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos (Chapter 11) da Azul (AZUL4) levou analistas do BTG Pactual e XP Investimentos a colocarem a ação da companhia em revisão.
A equipe do BTG, liderada por Lucas Marquiori, pondera que, mesmo com intensos esforços em gestão de passivos e reestruturação da dívida, a alavancagem financeira se manteve elevada para a Azul, especialmente diante da recente volatilidade cambial e do aumento das taxas de juros no Brasil.
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Os analistas ainda destacam que, apesar de a aérea ter superado a crise sanitária que agravou a situação do setor aéreo, a empresa enfrentou problemas na cadeia de suprimentos da aviação e um cenário macroeconômico desafiador.
“Diante do processo de recuperação judicial em curso, revisaremos nosso modelo para refletir a nova estrutura de capital da empresa”, diz o BTG.
Tendo em vista que a companhia garantiu um financiamento DIP (Debtor in Possession) de US$ 1,6 bilhão e possui um plano definido para uma captação de capital via equity de US$ 650 milhões na saída — podendo chegar a US$ 950 milhões caso United e American Airlines participem —, a equipe de analistas da XP, liderada por Pedro Bruno, avalia que as negociações devem ser aceleradas.
A expectativa da casa é de conclusão do processo até o primeiro trimestre de 2026. “A empresa pretende usar esses recursos para reestruturar suas obrigações financeiras e fortalecer sua estrutura de capital para sustentabilidade de longo prazo. Estamos colocando a recomendação da Azul sob revisão”, dizem.
Ações caem mais de 70% no ano
Os papéis da Azul chegaram oscilaram entre alta e queda. Ontem (28), após o anúncio, a ação chegou a cair mais de 12%, mas encerrou o dia com queda de 3,74%, a R$ 1,03.
Nesta quinta-feira (29), AZUL4 caiu 6,80%, a R$ 0,96, na despedida do papel do Ibovespa. No acumulado do ano, as ações têm queda superior a 70%, sendo que 35% ocorreu apenas no último mês.
Vale lembrar que as ações da Azul deixarão todos os índices da B3 após o pregão desta quinta-feira (29), ou seja, a partir de 30 de abril, conforme regras da Bolsa brasileira.
A Azul terá seus títulos excluídos dos índices IGCX, IBXX, IGCT, IBRA, IVBX, ISEE, ITAG, SMLL, IBXL, IDVR, IBHB, IBBR, IBEP, IBEW, IBBE, IBBC e IBOV.
Apesar da saída nos índices, as ações AZUL4 seguem negociadas na B3.
Fusão Azul e Gol deve ficar para depois
Sobre a fusão com a Gol (GOLL4), a Azul afirmou que ela deixou de ser imprescindível neste momento, destaca o BTG.
“Foi mencionado que primeiro é necessário resolver as questões do balanço, concentrando-se em fortalecer a estrutura de capital, antes de avançar com o negócio”, dizem os analistas.
A XP acrescenta que o processo dependia parcialmente da conclusão das renegociações da estrutura de capital de ambas. Com a entrada da Azul no Chapter 11, as negociações podem sofrer atraso.