Azul (AZUL54): O que está por trás da queda de mais de 40% nesta sexta-feira (26)?
As ações da Azul (AZUL54) operam com expressiva queda no pregão desta sexta-feira (26), em meio ao seu processo de reestruturação.
Na última terça-feira (23), a companhia aérea firmou acordo com a Embraer para repactuar a encomenda firme de aeronaves E195-E2, originalmente contratada entre 2014 e 2018. Pelo novo instrumento, a encomenda foi reduzida de 51 para 25 aeronaves.
A repactuação ocorre no contexto do plano de reestruturação da Azul, discutido no âmbito da recuperação judicial nos Estados Unidos (Chapter 11) que a aérea enfrenta.
Por volta de 12h40 (horário de Brasília), as ações agora negociadas como AZUL54 caíam 35,88%, a R$ 2.180,01. Mais cedo, as ações chegaram a recuar mais de 40%. Acompanhe o tempo real.
Em meio ao seu processo de reestruturação, a Azul converterá senior notes emitidas no exterior em participação acionária, conforme aprovado em seu plano de recuperação. Para viabilizar a troca da dívida, companhia emitirá um volume massivo de papéis:
- Ações ordinárias: 723.861.340.715 papéis ao preço de R$ 0,00013527 cada.
- Ações preferenciais: 723.861.340.715 papéis ao preço de R$ 0,01014509 cada.
O processo implicou na mudança das negociações das ações sob o ticker AZUL4. A companhia adotou desde terça-feira (23) o código AZUL54, que corresponde a um lote padrão de 10 mil ações.
Dessa maneira, ao dividir o preço atual de tela, de mais de R$ 2.000, pelo lote, o valor unitário da ação está na casa dos centavos, valendo cerca de R$ 0,2.
O Bradesco BBI aponta que, dado o preço definido para conversão, é esperada grande diluição de patrimônio para os acionistas já existentes.
Reestruturação da Azul
No início de dezembro, a aérea recebeu a aprovação da Justiça dos Estados Unidos para o plano de recuperação judicial, que prevê justamente a conversão de grande parte da dívida pré-existente em ações e permite que a captação de recursos com a venda de novos papéis.
Alguns dias depois, o conselho de administração da Azul convocou uma assembleia geral extraordinária e uma assembleia especial em 12 de janeiro de 2026 para deliberar sobre o fim de suas ações preferenciais e transformar todo o capital da companhia em ações ordinárias, movimento que também faz parte do plano de recuperação judicial.
A proposta da companhia prevê que cada ação preferencial (AZUL4) seja convertida em 75 ações ordinárias (AZUL3). Segundo o comunicado ao mercado, a proporção foi estabelecida pela administração com base na relação econômica existente entre as ações preferenciais e as ações ordinárias.
Vale lembrar que a principal diferença entre os dois tipos é que a preferencial concede direito de preferência no recebimento de dividendos, enquanto a ordinária dá direito a voto em assembleias. Com a proposta, a Azul visa ter seu capital completamente composto por ações ordinárias.
Para que se concretize, a proposta precisa da aprovação de dois grupos, que deverão se posicionar nas assembleias marcadas para o mesmo dia. Aqueles que detêm ações preferenciais devem aprovar a conversão, enquanto os acionistas ordinários precisam confirmar a decisão.